Por Douglas Dutra
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Uma comitiva de ministros desembarca nesta quinta-feira (23) na região sul do Rio Grande do Sul para ver de perto os efeitos da estiagem que atinge o Estado. Os ministros vão até Hulha Negra, na Campanha, a 160 quilômetros de Pelotas, numa das áreas mais afetadas pela seca. Durante a visita, os representantes do governo federal devem anunciar medidas de socorro aos agricultores atingidos pela estiagem, entre elas uma linha de crédito para pequenos e médios produtores.

Devem compor a comitiva os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate a Fome, Wellington Dias, da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e da secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta. Também há possibilidade de a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, integrar a comitiva. Também estará presente o ex-deputado estadual Edegar Pretto, indicado para presidir a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A delegação sairá de Brasília no começo da manhã com destino a Canoas, na região Metropolitana. De Canoas, o avião irá até Bagé, de onde a comitiva deverá ir por terra para Hulha Negra. Na cidade, os ministros vão até a comunidade Nossa Senhora de Fátima, no Assentamento Copaul, no começo da tarde.

O grupo vai conversar com famílias atingidas pela estiagem e em seguida, às 14h, são aguardados anúncios de medidas do governo federal para o enfrentamento da estiagem. Após a confirmação das ações, será concedida uma coletiva de imprensa. Por volta das 17h, a comitiva devem fazer o trajeto de volta a Brasília.

Após reunião com ministros nesta quarta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou o repasse de R$ 430 milhões para medidas emergenciais contra os efeitos da estiagem no Rio Grande do Sul. Segundo o governo, os recursos serão destinados às áreas de agricultura, defesa civil e desenvolvimento social.

Situação é dramática

Dos 497 municípios gaúchos, 329 noticiaram situação de emergência. Destes, 220 foram reconhecidos pela Defesa Civil do Estado e 191 foram reconhecidos pela União. Hulha Negra é uma das cidades gaúchas que mais tem sofrido com a estiagem deste verão. Segundo a secretária de Agropecuária do Município, Janice Silveira, cerca de 500 famílias já estão sendo socorridas com água de caminhão-pipa. A secretária afirma que as perdas já ultrapassam os R$ 70 milhões em áreas de culturas como soja, milho, apicultura e produção leiteira.

A secretária espera que a vinda dos ministros possa trazer algum socorro para as famílias afetadas. "A expectativa é de que os ministros venham, vejam a nossa realidade e possam nos dar um suporte, para que a gente possa ter recursos pra ajudar essas famílias", diz.

O agricultor Ildo Pereira, dirigente do MST no Município, diz que a estimativa é de que a produção leiteira, um dos carros-chefe da região, tenha sofrido uma queda de 85% a 90% devido à estiagem. "Viver o dia a dia como nós vivemos aqui é uma coisa bem terrível", lamenta.

Para Pereira, é necessário que, além do socorro, se apresentem soluções estruturantes para evitar que novas estiagens sejam tão agressivas. "Não adiantaria eles virem para o Rio Grande do Sul só pra anunciar questões emergenciais, nós queremos a questão estruturante para a juventude continuar vivendo no campo e para as famílias continuarem vivendo aqui", diz.