Julho Amarelo

Mês de luta contra as hepatites virais

Campanha tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle da doença

Foto: Arquivo/Agência Brasil - Julho é o mês de conscientização sobre as hepatites virais

Por Joana Bendjouya

Uma doença que nem sempre apresenta sintomas, a hepatite pode ser classificada como do time das “doenças silenciosas”, mas que, quando apresenta sinais, estes costumam se manifestar na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Causada por uma inflamação do fígado que pode ser decorrência de um vírus ou pelo uso de determinados medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. Quando manifestada, a hepatite atinge o fígado em um processo infeccioso e muitas vezes evolui para doenças mais graves, como câncer hepático ou cirrose, sem que, na grande maioria dos casos, o paciente tenha um diagnóstico, conforme explica gastroenterologista Daniela Nogueira Zambrano. “São doenças que demoram muito para os pacientes terem sintomas relacionados a ela, os sintomas quando aparecem o paciente já está em doença crônica bastante avançada. Aqueles quadros clássicos de febre, dor no corpo e icterícia são um número bem pequeno, que apresentam quadro clinico característico. A maioria pode ter sinais iniciais da doença sem sintomas. Um dia apresenta indisposição, no outro sente melhora e, com o passar do tempo, sem o tratamento adequado a doença vai ficando crônica, atacando o órgão e podendo levar a consequências bastante sérias”, explica.

No Brasil, as hepatites mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda os vírus D e E, que são menos frequentes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas Américas cerca de 5,4 milhões de pessoas vivem com infecções por hepatite B, enquanto 4,8 milhões estão infectadas com hepatite C. Apenas 18% dos que vivem com hepatite B sabem que estão infectados e, de todos os acometidos pela doença, apenas 3% recebem tratamento.


Tipos de hepatites

Hepatite A
Tipo com o maior número de casos diagnosticados, está diretamente relacionada às condições de saneamento básico e de higiene e sua apresentação é em forma de uma infecção leve.

Prevenção
A vacina contra a hepatite A é altamente eficaz e segura. É a principal medida de prevenção.

Higiene
- Lavar as mãos com frequência, especialmente após o uso do sanitário, trocas de fraldas e antes do preparo de alimentos.
- Utilizar água tratada ou fervida para lavar os alimentos que são consumidos crus, além de deixar de molho por 30 minutos em agua limpa.
- Cozinhar bem os alimentos antes do consumo, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes.
- Lavar adequadamente, com água e sabão, pratos, copos, talheres, mamadeiras e demais itens de uso pessoal para refeições.
- No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão, utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
- Não tomar banho próximo de bueiros, chafarizes, locais que tenham água acumulada de enchentes ou próximo de onde haja esgoto.
- Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios.
- Usar preservativos e higienizar as mãos e genitálias antes e após as relações sexuais.

Hepatite B
Sendo o segundo tipo com maior incidência, atinge maior proporção de transmissão por via sexual e através do contato sanguíneo.

Prevenção
A vacina é a principal medida de prevenção contra a hepatite B, sendo extremamente eficaz e segura, conforme afirma Daniela. “Temos um cenário totalmente possível de prevenir através da vacinação. Todas as doenças que são possíveis de prevenir por vacina, devemos buscar a imunização dos pacientes a fim de evitar a contaminação e todas as consequências das doenças hepáticas crônicas.”

Também são medidas de cuidados o uso de preservativo em todas as relações sexuais, não compartilhar objetos de uso pessoal, tais como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure, equipamentos para confecção de tatuagem e colocação de piercings.

No caso das gestantes ou das mulheres que têm a intenção de engravidar, também é fundamental realizar exames para certificar que não está contaminada e no caso de apresentar o vírus, são realizados procedimentos para prevenir a transmissão vertical, quando acontece da mãe para o bebê. O procedimento após o nascimento reduz este risco.

Hepatite C
A hepatite C têm como principal forma de transmissão o contato sanguíneo e é a principal causa de transplantes de fígado. A doença pode causar cirrose, câncer de fígado e levar o paciente ao óbito.

Prevenção
Não existe vacina contra a hepatite C. Desta forma, para evitar a infecção é importante não compartilhar com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue, como seringas, agulhas, alicates de manicure e escova de dente. O recomendado é usar preservativo nas relações sexuais. Toda mulher grávida precisa fazer no pré-natal os exames para detectar as hepatites B e C, HIV e sífilis. Em caso de resultado positivo, é necessário seguir todas as recomendações médicas. Para este tipo, não tem vacina, porém é uma das poucas enfermidade crônicas que têm cura.

“Atualmente, o tratamento cura quase 100% dos pacientes, então é extremamente eficaz e seguro. Esse tratamento é feito com somente um comprimido diário, em que o uso é feito em média por três meses. Dado este cenário, é fundamental e de extrema importância o rastreio desses pacientes infectados, através dos exames de sangue, para evitar as consequências mais graves”, alerta a gastroenterologista.

Hepatite D
Causada pelo vírus da hepatite D (VHD), ocorre apenas em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B. Para este tipo existe proteção por meio de imunizante. A vacinação contra a hepatite B também protege de uma infecção com a hepatite D.

Prevenção
A imunização para hepatite B é a principal forma de prevenção da doença, outras medidas também orientadas para os demais tipos de hepatite, como compartilhamento de objetos e contato sanguíneo de diversas formas.

Hepatite E
Causada pelo vírus da hepatite E (VHE) e transmitida por via digestiva, transmissão fecal-oral. A hepatite E não se torna crônica, porém nos casos de mulheres grávidas que forem infectadas pode apresentar formas mais graves da doença.

Prevenção
A melhor forma de evitar a doença é melhorando as condições de saneamento básico e de higiene, tais como as medidas para prevenir a hepatite do tipo A.

Formas de contágio
As hepatites virais podem ser transmitidas pelo contágio fecal-oral, especialmente em locais com condições precárias de saneamento básico e água, de higiene pessoal e dos alimentos, pela relação sexual desprotegida, pelo contato com sangue contaminado, através do compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfuro-cortantes, da mãe para o filho durante a gravidez (transmissão vertical), e por meio de transfusão de sangue ou hemoderivados.

Segundo dados divulgados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D, sendo estes mais comum na região Norte do País, e o vírus da hepatite E, que é menos frequente no Brasil. O SUS oferece tratamento para todos os tipos de hepatite, independentemente do grau de lesão do fígado.

A falta do conhecimento da existência da doença é o grande desafio, por isso, a recomendação é que todas as pessoas com mais de 45 anos de idade façam o teste, que é oferecido gratuitamente, em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e, em caso de resultado positivo, deve ser realizado o tratamento que está disponível na rede pública de saúde.

Imunização

Vacinas contra hepatite A
A vacina da hepatite A já está disponível no calendário básico de vacinação para crianças de 15 meses até cinco anos incompletos, como dose única.

Indicações:
- Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive portadores do vírus da hepatite C.
- Portadores crônicos do vírus da hepatite B.
- Coagulopatias, também chamadas de distúrbios hemorrágicos.
- Crianças menores de 13 anos portadoras de HIV/Aids.
- Adultos com HIV/Aids que sejam portadores do vírus da hepatite B ou do vírus da hepatite C.
- Doenças de depósito.
- Fibrose cística.
- Trissomias.
- Imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora.
- Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes.
- Transplantados de órgão sólido ou de medula óssea.
- Doadores de órgão sólido ou de medula óssea, cadastrados em programas de transplantes.
- Hemoglobinopatias.

Vacina contra hepatite B
A vacinação contra a hepatite B é universal, ou seja, está disponível gratuitamente em todas as UBSs, sem restrição de idade. É realizada em três doses, com intervalo recomendado de um mês entre a primeira e a segunda, e de seis meses entre a primeira e a terceira dose.

Campanha
Julho é o mês de conscientização sobre as hepatites virais, o Julho Amarelo. A ideia é chamar atenção para a importância de manter a população informada sobre a prevenção, diagnóstico e os possíveis tratamentos das hepatites A, B e C, que são as classificadas como virais.

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