Transtorno

Aglomerações na Gonçalves Chaves seguem tirando o sono de moradores

Mesmo após vários relatos, denúncias e reportagens, barulho e transtornos continuam sem que haja solução do poder público

Por Anete Poll
[email protected]

"Não dormimos mais. Meu marido, que tem depressão, foi obrigado a dormir em um quartinho que arranjamos nos fundos da casa, onde o barulho causado por som alto, gritos, buzinas e algazarra se atenua um pouco. Nossa vida mudou totalmente em razão destas festas na rua." Este é o desabafo de uma moradora das proximidades da rua Gonçalves Chaves, esquina com a Dom Pedro II, em Pelotas, que diz não suportar mais a situação do local. Pedindo para não ser identificada por se sentir intimidada, ela relata já ter trocado o motor do portão eletrônico duas vezes porque pessoas que se concentram na rua urinam no equipamento, que queima.

A festa, inicialmente, se concentrava apenas na esquina citada. Mas com o decorrer do tempo e com o aumento de pessoas no local, foi se estendendo e hoje toma uma quadra da Dom Pedro II e mais de uma quadra da Gonçalves Chaves. "É gente no meio da rua, impedindo o fluxo de carros, gerando engarrafamento de mais de duas quadras. É gente acumulada nas calçadas, impedindo que outros consigam se locomover. As pessoas não conseguem passar nem com o semáforo aberto para os carros. Tudo regado a muita bebida, gritos e som alto. Ninguém que mora nos arredores da Universidade Católica consegue dormir", relata uma estudante que mora em um dos prédios daquela região.

A estudante confirma o que é de conhecimento público: ainda que as maiores aglomerações ocorram às quartas-feiras, também se formam grupo nos demais dias da semana. "No sábado, elas migram para outros pontos da cidade", diz a jovem. Nos dias de menor tumulto, são comuns outros transtornos. "Eles aceleram de forma absurda os carros e as motos, queimando os pneus e fazendo um barulho ensurdecedor."

Poder público diz estar agindo

Procurada pela reportagem do DP, a Brigada Militar afirmou já ter comparecido ao local após recebimento de denúncias de perturbação do sossego. As ações preventivas, segundo nota da BM, ocorrem de forma integrada com os órgãos de segurança pública municipal, Guarda Municipal e agentes de trânsito. Durante as investidas, os veículos em locais irregulares foram notificados e recolhidos, além de serem realizadas abordagens em pessoas que costumam estar no local.

O secretário da Segurança Pública de Pelotas, José Apodi Dourado, ressalta que o entorno da UCPel é mais um ponto de festas que surge na cidade. "Apertamos em um local e eles migram para outro. Temos trabalhado incansavelmente todos os finais de semana, em locais e horários diferentes da cidade", sustenta. O secretário enfatiza que na última quarta-feira, dia 1º, quando a situação extrapolou, todo o efetivo estava envolvido ações como a partida entre Brasil e Caxias, o evento dedicado a Iemanjá e outras ocorrências. "Não conseguimos atender a todos as situações de forma imediata, mas conseguimos deslocar um grupo próximo às 4h, que dispersou o pessoal, que, com certeza, iria permanecer no local até o amanhecer."

O promotor José Alexandre Zachia Alan, do Ministério Público, destaca que a poluição sonora é uma questão grave. "Parece que estas festas se transformaram em epidemia em Pelotas, pois acontecem em diversos pontos da cidade. Considero a situação grave. Devemos analisar quais são as responsabilidades que devem ser cumpridas e por quem devem ser cumpridas", observa.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Mortes violentas caíram 26% em 2022 em relação ao ano de 2021 Anterior

Mortes violentas caíram 26% em 2022 em relação ao ano de 2021

Próximo

Ilha do Leonídio é atingida com incêndio em vegetação

Deixe seu comentário