Crime
Carro de advogada da Mulher é incendiado em Pelotas
Motociclistas quebraram vidro, jogaram gasolina e atearam fogo; vítima trata o caso como atentado
Foto: Divulgação - Interior do carro teve perda total
Por Redação
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Em estado de vulnerabilidade emocional pela expectativa da chegada do segundo filho, a advogada de causas da Mulher, Laura Cardoso, que está com 39 semanas de gestação, foi vítima de um atentado na noite de domingo (19), em Pelotas. Criminosos atearam fogo em seu carro, estacionado em frente ao condomínio onde mora, na avenida Ferreira Viana. Se foi um recado ao trabalho incansável de defesa das mulheres vítimas da violência doméstica, Laura já responde que não vai parar. O caso agora passa a ser investigado pela 1ª Delegacia de Polícia nas redes uma corrente de solidariedade à advogada e notas de repúdio ao ato.
A vítima contou à reportagem que o veículo ainda estava estacionado na rua, na avenida Ferreira Viana, próximo à Barroso e ao Quartel da Brigada Militar (BM), quando às 20h20min, um vizinho, cujo apartamento tem vista para a calçada, percebeu a movimentação dos criminosos. Logo desceu com o extintor e controlou as chamas antes que o carro explodisse. “O engraçado é que havia uns 12 carros na rua, que é bastante movimentada. Foi algo muito premeditado”, comentou Laura. Pelo que foi apurado, dois homens em uma moto chegaram no local sendo que um deles, com um martelo - utilizando a parte de borracha para não fazer barulho - quebrou o vidro do carro, jogando no interior um galão de gasolina, logo ateando fogo. Como o vizinho percebeu a movimentação, a dupla fugiu do local deixando a ferramenta e o galão dentro do carro.
“Não sei como não explodiu, pois tinha muita gasolina”, comentou a vítima. Foi tanto fogo que o recipiente ficou grudado no banco, e o interior do carro teve perda total. Laura e seu companheiro foram até o local, ainda como uma mangueira para se certificar que não havia mais focos de incêndio. A cena chamou a atenção dos vizinhos da quadra e uma guarnição da BM foi chamada, mas segundo a advogada, não pôde fazer nada, pois não havia feridos. Ela foi orientada apenas a fazer um boletim de ocorrência online. “Sem conseguir processar direito o que estava acontecendo, eu só chorei, pois estou prestes a ter um filho e estou muito sensível”, relatou.
Ainda muito chocada com o fato, Laura contou com a ajuda de um colega para registrar o fato na polícia e entregar o material apreendido, ou seja, o martelo, já que o galão ficou preso ao banco, derretido. O próximo passo da advogada é conseguir as imagens de câmeras de estabelecimentos próximos, na tentativa de ajudar na investigação. De acordo com a titular da 1ª DP, Angélica Marques, o caso ficou tipificado como incêndio doloso, e a polícia já trabalha para descobrir a autoria do crime. “Eu atuo com violência contra a mulher e com direito de família para mulheres, como advogada feminista. Então tenho várias clientes em vulnerabilidade, sendo que as outras partes podem ficar bastante incomodadas com a minha atuação, uma vez que é bem combativa”, relatou a vítima ao lembrar até do caso Salete - mulher que foi morta pelo genro, condenado no final do ano passado a cumprir mais de 35 anos de prisão.
“Estou muito abalada com a situação, mas vou não deixar as coisas ficarem assim. Não pretendo me amedrontar diante disso tudo”, respondeu aqueles que quiseram mandar recado com o crime. Entretanto, algumas medidas de segurança serão adotadas, como a mudança de endereço. “O meu objetivo agora é dar visibilidade a esse tipo de intimidação, pois é muito grave fazer isso com uma mulher advogada, que defende outras mulheres e está vivenciando um momento de total vulnerabilidade por estar em reta final de gestação.”
Solidariedade
Laura ganhou apoio de muitas colegas de profissão e de coletivos de mulheres, entidades, associações e partidos, com manifestações de repúdio feitas pelas redes sociais, entre elas, o Nascer Direito, que luta pelo fim da violência obstétrica e a vítima é vice-presidente. Às 9h de hoje haverá uma reunião com o Conselho da Advogada Mulher da Subseção Pelotas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Pelotas e do Estado com a presença do presidente Leonardo Lamachia, que tratará do assunto e dará encaminhamentos.
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