Pelotas registrou de janeiro a abril deste ano, 573 ocorrências policiais de estelionato. Porém, este número tende a ser maior, em razão de muitas vítimas não registrarem boletim na Delegacia de Polícia, segundo avaliação das autoridades. Em 2022, foram 2.692 denúncias durante o ano, sendo 975 de janeiro a abril. Ou seja, em um recorte do primeiro quadrimestre dos anos, houve uma queda de 41%.
Já em 2021, foram 2.965 durante o ano, sendo 916 vítimas nos quatro primeiros meses. No ano de 2020, foram 2.024 registros, 477 no primeiro quadrimestre. Em 2019, os estelionatos somaram, de janeiro a dezembro 935, sendo 261 no período de recorte. Quando comparamos 2023 e 2019, temos um acréscimo de 119% nos golpes.
No Estado, em todo o ano passado, a Polícia Civil registrou 93.639 casos de estelionato. Isso representa mais de 250 golpes por dia. Os quatro primeiros meses de 2023 somaram 27.330, ou seja, 227 golpes por dia.
O golpe ta aí
Diferente da frase popular “o golpe tá aí, cai quem quer”, ninguém está imune às fraudes e às armadilhas que são oferecidas principalmente na internet oferece. Conforme o pesquisador e coordenador do Observatório da Segurança de Pelotas, Samuel Rivero, as técnicas têm se aperfeiçoado cada vez mais e os estelionatários estão sempre procurando as vítimas mais vulneráveis para aplicar os golpes, como pessoas idosas. E, por razões que ainda precisam ser melhor apuradas, esses casos dispararam durante a pandemia.
Rivero aponta que a internet é um campo vasto de descobertas e interações. Ao mesmo tempo que cria novas oportunidades de conhecimento e contatos, também esconde inúmeros riscos, tudo para conseguir dados pessoais e senhas. Durante a pandemia, a abordagem mais comum era uma mensagem informando que a pessoa preenchia os requisitos para receber o auxílio emergencial. Assim que clicava no link enviado na mesma mensagem, o criminoso acessava os dados bancários, inclusive senhas.
O golpe pode vir também por meio de um perfil pessoal amigável ou íntimo em uma rede social.Fotos íntimas acabam sendo trocadas e, a partir disso, os golpistas passam a fazer ameaças e a exigir elevadas quantias de dinheiro da vítima para não exporem as suas fotos e mensagens.
Segmentação forte
Rivero destaca que o estelionato foi uma segmentação de crime que cresceu muito com a ampliação do acesso e uso da internet. Facilidades como o Pix, por exemplo, ajudaram nessa alta, segundo mostram alguns estudos, como o relatório elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública no ano passado. “É uma modalidade de crime que tem um potencial lucrativo muito alto, relativamente de fácil aplicação e replicação. As técnicas de golpes têm se diversificado e disseminado numa velocidade muito grande”.
Ele afirma ainda que na maioria das vezes, o golpe é aplicado e o resultado para o autor do fato é imediato. Uma vez dominada a técnica, é possível, por exemplo, disparar mensagens para inúmeras potenciais vítimas, sem necessariamente expor quem está cometendo o crime. “Por outro lado, as investigações demandam muita técnica e recursos, o que dificulta a identificação de alguns autores, por exemplo”, observa o pesquisador.
Para ele, a melhor estratégia nesse caso é a prevenção. Estar atento ao uso de aplicativos de mensagens e sites na internet. Saber sobre os principais tipos de golpe para desenvolver estratégias efetivas de prevenção. Nesse caso, a informação e a cautela no uso da internet são os principais elementos de proteção.
“Com certeza o golpe está aí e para não cair é preciso ter muita cautela. No mundo digital, talvez por estarmos em lugares que nos sentimos seguros, como em casa, não adotamos o mesmo cuidado que em outras situações”, reforça. Por isso, é muito importante, por exemplo, desconfiar de links enviados por WhatsApp, redobrar a atenção na hora de oferecer dados pessoais, pesquisar a autenticidade dos sites que se está acessando e, principalmente, não acreditar em promessas e oportunidades de ganhos fáceis. Esses são comportamentos essenciais para quem não quer cair em golpe.
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