Protesto

Família de jovem preso faz manifestação em frente ao Fórum

Matheus Araújo Chagas está detido desde o dia 24 de agosto por tráfico; familiares alegam falta de provas e racismo

Foto: Ítalo Santos - Especial - DP - Familiares e amigos de Matheus levaram faixas para o Foro de Pelotas

“Se meu irmão fosse branco seria playboy. Como ele é preto, então é traficante”. Com esta frase, Maira Araújo Chagas define a prisão do irmão Matheus Araújo Chagas, ocorrida no dia 24 de agosto, por tráfico de drogas. Ele foi preso após uma investigação da 2ª Delegacia de Polícia de Pelotas.

A família organizou uma manifestação, que aconteceu por volta das 12h de quarta-feira, em frente ao Foro, e contou com presença dos amigos de Chagas. “Fizemos essa manifestação para que a Justiça veja que meu irmão não é mais um. Ele tem família, tem amigos e vamos lutar pela inocência dele. Se os processos são feitos como foi feito o do meu irmão, então há muita gente inocente presa”, apontou Maira.

Na segunda-feira (4), os advogados conseguiram despachar habeas corpus com o juizado responsável pelo caso, mas o pedido foi negado. Com a decisão do Ministério Público (MP) em manter a prisão de Matheus Chegas desde a audiência de custódia, que aconteceu na sexta-feira (1º), ele se encontra no Presídio Regional de Pelotas (PRP). Junto com o pedido de habeas corpus, os advogados entregaram um documento com mais de 500 assinaturas pedindo pela libertação dele.

Maira frisa que não há provas contra o seu irmão. Ela alega que a polícia tem três vídeos onde Matheus aparece. Um deles andando de carro com um amigo, que está preso em Santa Catarina em razão da investigação que resultou também na prisão de Matheus; outro onde ele aparece indo e voltando da casa deste mesmo amigo, e um terceiro com ele saindo do local comendo um salgadinho. “A polícia alega que meu irmão estava dentro do carro, dizem que filmaram, que fizeram diligências, mas não há nada que ligue meu irmão a movimentação de tráfico”, salientou.

“Ele (o preso em Santa Catarina) é amigo de infância de Matheus e é ele que é o traficante, e assumiu, já preso, que meu irmão nunca se envolveu com tráfico e não sabia que ele era traficante. Todas as principais filmagens de movimentação de droga são à noite e em nenhuma delas aparece o Matheus, a quem nunca investigaram. Estamos falando aqui sobre racismo. Ele foi preso porque automaticamente caiu no perfil: é preto, tem um Iphone, se veste bem e anda em um bom carro. Ele não mereceu uma investigação como pessoa, como indivíduo. Para a polícia, nem era necessário uma investigação. Foi condenado no momento em que foi filmado, mesmo sem contexto nenhum, e não teve mais chance. Isso é racismo estrutural.”

A investigação
A investigação iniciou em junho, após a polícia ter recebido uma informação de que um veículo estava sendo utilizado na entrega de entorpecentes na região do bairro Três Vendas. Veículo este que pertenceria a um homem conhecido como Sanga Funda, com extensa ficha criminal, e que estaria foragido. Este carro, segundo a investigação, era usado pelo amigo de Matheus que está preso em SC. Ainda conforme a investigação, “todos os indivíduos realizaram movimentações constantes, idas e vindas e também diálogos em telefone celular, que denotaram como sendo artifícios destinados ao tráfico de drogas.”

Chorando durante a manifestação, o pai de Matheus, Mário Albano Flores Chagas, ressaltou que a movimentação telefônica do filho era intensa porque ele estava comprando camisas de futebol e revendendo. “O celular dele tem as notas destas compras. Meu filho nunca precisou traficar para ter o que tem. Graças a Deus sempre trabalhamos para ele poder fazer faculdade, se vestir bem e ter o que tem hoje.”

O delegado responsável pelas investigações, e titular da 2ª DP, César Nogueira, ressaltou não querer se manifestar oficialmente, e disse apenas que “a participação de cada um já está demonstrada nos relatórios de investigação e nas representações pelas prisões e mandados de busca e apreensão. E ainda será exaustivamente explicada no relatório final.” Este relatório, no entanto, ainda não foi finalizado.

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