Ação
Operação no PRP teve como alvo a corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico
A ação do Gaeco teve 26 alvos específicos, entre apenados e agentes penitenciários
Foto: Divulgação - Gaeco - Participam da revista geral 22 integrantes do MP e 126 policiais penais
O Presídio Regional de Pelotas (PRP), que tem atualmente 789 apenados, foi alvo, na sexta-feira (1º), de uma operação coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MPRS). O objetivo da Operação Caixa Forte, conforme o promotor Rogério Meirelles Caldas, do 10º Núcleo Regional do Gaeco, foi o de desmantelar o tráfico de drogas, a lavagem de dinheiro e a corrupção ativa e passiva dentro do presídio. "Esta é uma intervenção que teve como meta inicial, 26 alvos específicos entre apenados", disse ele.
Apreensões
O resultado da operação foi a apreensão de 53 aparelhos celulares, R$ 68,9 mil em dinheiro, 10 estoques (arma artesanal), 106 buchas de cocaína, 50 de crack, 25 de maconha, 300 unidades de droga sintética, além de documentos da contabilidade do tráfico.
A investigação, segundo o promotor Caldas, levou cerca de três meses e através desta, foi comprovado que houve o ingresso de telefones, a prática de tráfico de drogas e, ainda, corrupção de agentes públicos na casa prisional. O esquema seria controlado por uma organização criminosa que tem base no município. "O livro caixa da organização, denota indícios fortes de que apenados de dentro do sistema penitenciário, movimentam valores na casa de milhões", ressaltou o promotor Caldas.
Apuração de condutas
Ele destacou ainda que todas as provas possíveis apreendidas na ação servirão para compor a investigação. "A apuração - que está sob sigilo - irá continuar após a revista geral como meta de confirmar como os materiais ilícitos ingressavam no presídio de Pelotas. Agentes públicos têm condutas suspeitas apuradas, mas, por enquanto, ainda não podemos falar de nomes ou números", apontou.
O subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Luciano Vaccaro, salientou que "é muito preocupante a união entre uma organização criminosa (que tem vários de seus integrantes presos), com agentes públicos que deveriam zelar pela correta execução da pena a eles aplicada. No entanto, agem em sentido contrário, corrompendo-se e facilitando o ingresso de celulares e drogas na casa prisional. O MPRS está atento a esta situação e, com o apoio da Susepe, deflagrou a operação para coibir tais condutas e responsabilizar os envolvidos".
Outras ações
O promotor Rogério Caldas disse ainda que a revista geral ocorrida nesta sexta-feira é a terceira ação na casa prisional nos últimos meses. Em maio deste ano, em outra operação do MPRS no local, foram apreendidos 73 celulares, 6,7 quilos de maconha e 2,1 quilos de cocaína, entre outros materiais. Já em setembro, em uma revista geral no presídio, foram localizados 20 telefones, cinco carregadores e também 2,9 quilos de cocaína e quase meio quilo de maconha.
Apreensões no PRP e em Pelotas
Em 2022, foram apreendidos 69,3 quilos de maconha dentro do presídio e, até agora neste ano, 11,1 quilos. Em relação à cocaína, foram 12,6 quilos em 2022 e outros 7,3 quilos em 2023, até os dias atuais. Esses números são relativos a ações da Susepe dentro da casa prisional. Em comparação aos dados em todo o município, conforme ações da Brigada Militar (BM), há mais apreensões de cocaína dentro do presídio do que na cidade. A BM localizou 3,1 quilos da droga em 2022 e outros 7,1 em 2023, até o momento.
Sobre maconha, também houve mais apreensão na casa prisional em 2022 do que em toda a cidade, quando a BM recolheu 9,3 quilos. Em 2023, até sexta, as apreensões na cidade - um total de 37, 4 quilos - ultrapassaram o total dentro do presídio. Para o promotor Rogério Meirelles Caldas, a operação tem o intuito de buscar mais provas para comprovar a forma como esses produtos ingressaram no Presídio Regional de Pelotas: "esse objetivo é importante porque, por exemplo, diminuiu o lançamento de drones com materiais ilícitos para a casa prisional, além dos arremessos ou tentativas de arremessos. Neste último caso, caiu de 244 em 2022 para apenas quatro neste ano".
Na avaliação do promotor Rogério Caldas, "a operação Caixa-Forte foi exitosa e a investigação irá continuar, com desdobramentos para desmantelar totalmente estas células de organizações criminosas, que tanto tem feito do presídio, um local de traficantes".
O coordenador da Gaeco, promotor Andre Dal Molin, enfatizou que o Gaeco tem como uma de suas metas o combate à corrupção e também a lavagem de dinheiro. "E, com certeza temos os olhos voltados para o sistema prisional para combater a entrada ilegal e criminosa de dinheiro, aparelhos celulares e drogas. Nós estamos atentos não só para a região Sul, mas para todo o Estado", disse ele. Dal Molin garantiu ainda que outras operações desta natureza serão realizadas.
"É muito preocupante a união entre uma organização criminosa (entre eles apenados) e agentes públicos que deveriam zelar pela correta execução da pena a eles aplicada" - subprocurador-geral de Justiça Luciano Vaccaro
A investigação irá continuar, para desmantelar células de organizações criminosas, que tanto tem feito do presídio um local de traficantes" - promotor Rogério Caldas
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