Levantamento

Pelotas registrou mais de 300 desaparecimentos nos últimos três anos

De todos os casos investigados no Municípios, desde 2021, 54 continuam sem solução

Foto: Reprodução DP - Os desaparecimentos são registrados no site pc.rs.gov.br/desaparecidos

Sair de casa sem olhar para trás, com a roupa do corpo, sem documentos e sem dinheiro, muitas vezes sem nada que os identifique. Para muitos essa atitude pode parecer impensável, mas para milhares de pessoas pode ser uma fuga, a solução para um problema que parece ser insolúvel, ou até mesmo a liberdade para vivenciarem suas experiências, sejam elas positivas ou negativas. Há ainda os casos ligados a doenças mentais, assim como as vítimas de mortes violentas.

Em Pelotas
Em 2019, 2020 e 2021, o RS ficou em terceiro lugar no Brasil em desaparecimentos, com 8.773, 6.413 e 6.413 registros respectivamente. Em Pelotas, os casos de desaparecimentos são registrados na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, mas a responsabilidade das investigações é da Delegacia de Homicídios. No ano passado, 2023, foram registrados 108 desaparecimentos no Município, sendo que 105 foram localizados. Em 2022, os registros são de 119 desaparecimentos e 90 localizados. Em 2021, 95 registros e 83 de localizados. Isso significa que em três anos, 332 desapareceram, 278 foram localizadas e 54 famílias ainda aguardam notícias.

Entre as localizadas estão pessoas encontradas mortas, pessoas que retornaram às suas casas voluntariamente e pessoas que preferiram permanecer onde estavam. A maior parte das pessoas desaparecem entre sexta-feira e sábado.

Conforme o delegado Félix Rafanhim, titular da Delegacia de Homicídios de Pelotas, a polícia acredita que, descartada a morte violenta, há alguns motivos que levam a pessoa a desaparecer. Entre eles, doenças mentais (ligadas à idade - Alzheimer - demência e outras), uso de entorpecentes, dívidas, desalento, desagregação familiar e fuga de locais de internação hospitalar.

Quanto ao registro, à espera de 24 horas, conforme o delegado Rafanhim, é um mito. "As famílias costumam ficar apreensivas e orientamos a procurar amigos, hospitais ou outros lugares onde ela possa estar e, em caso de localização, efetuar o registro para baixa. Se não for localizado o familiar pode fornecer amostra de DNA para eventual comparação no futuro", instruiu o policial.

Quando é efetuado o registro de desaparecimento - fica marcada em uma aba do sistema esta situação. Se o indivíduo cair em uma blitz, for registrar uma ocorrência, quem pesquisar terá conhecimento que está na situação de desaparecido.

No País
Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no Brasil foram 200 mil e 577 registros de desaparecimentos entre 2019 e 2021, uma média de 183 desaparecimentos por dia, com 112.246 mil registros de pessoas localizadas. Em 2022, o País registrou 74.061 pessoas desaparecidas, média de 203 casos diários e um aumento de 12,9% em relação ao ano anterior. A faixa etária que mais concentra pessoas desaparecidas é a de adolescentes de 12 a 17 anos, que concentra 29,3% de todos os desaparecimentos do período. A segunda faixa etária que mais concentra desaparecidos é a de 30 a 39 anos e, na sequência, de 18 a 24 anos

Investigação

Conforme o relatório dos desaparecimentos no Brasil do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a polícia prioriza casos de crianças e de pessoas com questões de saúde mental. Quanto aos adolescentes, a atividade toma um ritmo mais lento, já que é uma situação comum aqueles que somem por alguns dias.

Aos adultos, a prioridade é menor, especialmente se há indicativo de que o desaparecimento é voluntário e não há histórico de questões de saúde mental: isso gera a sensação de que não há pressa ou necessidade de preocupação.

Mesmo que o fato não tipifique crime, e independente das causas associadas ao desaparecimento de uma pessoa, o Estado tem o dever de procurá-la e os familiares têm direito à verdade, inclusive nas ocorrências de desaparecimentos voluntários.

Um caso de 18 anos
Um caso de desaparecimento que ganhou a mídia foi o de Daniel Barbosa Simões que foi visto pela última vez no domingo de Páscoa de 2006, em Pelotas, quando tinha 18 anos. Desde então, a mãe de Daniel, Marlene Simões, mobiliza buscas e investigações particulares para tentar encontrá-lo. Em entrevista ao DP, ela disse que ainda espera pela volta do filho. "Penso nele todos os dias e tenho esperança de um dia ele atravessar a porta de entrada aqui de casa", disse ela.

O caso de Daniel foi parar no IGP, que através de uma técnica chamada "aproximação facial forense", realizada pelos Departamentos Médico-Legal e de Criminalística, usando uma foto antiga do rapaz e uma feita para a carteira de identidade, criou uma nova imagem, projetando como ele estaria aos 34 anos (a técnica foi em 2023). Dona Marlene se emocionou olhando a projeção do rosto que o filho teria.

Liderança
O IGP do Estado continua na liderança no número de identificação de vínculos genéticos (ranks) entre familiares e pessoas desaparecidas. Segundo o XV Relatório da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG), desde o início desse trabalho de processamento, foram 60 ranks só da perícia gaúcha, de um total de 156 no País inteiro. O Relatório é organizado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), com base nos dados fornecidos pelos laboratórios de genética forense de 22 Estados. No último relatório, divulgado em maio, o IGP manteve a liderança com 35 ranks. A identificação se dá por meio do processamento das amostras de DNA não identificadas e da comparação com o material biológico de familiares que buscam seus desaparecidos.

Gráfico: Diário Popular

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