Daqui a dez anos
Cápsula do Tempo é enterrada em cerimônia no Parque da Baronesa
Cartas, documentos e outros materiais devem ficar guardados até 2032
Jô Folha - Cápsula do Tempo 2032 foi enterrada por alunos do Município, pela prefeita Paula Mascarenhas e pelo presidente da Ambar, Henrique Fetter
Por Victoria Fonseca
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)
Reunir memórias marcantes do presente e perspectivas sobre o futuro de Pelotas, do país e da cultura em uma cápsula do tempo. Essa foi a atividade que marcou o encerramento da programação comemorativa dos 40 anos do Museu da Baronesa. O enterramento de dezenas de cartas foi realizado em cerimônia que reuniu, na tarde desta segunda-feira (19), autoridades e representantes de diversos segmentos da sociedade.
Somente daqui a dez anos serão desenterrados os três pequenos canos de PVC que estão recheados de cartas, alguns documentos, materiais, assim como a edição desta segunda-feira do Diário Popular. Denominada Cápsula do Tempo 2032, a iniciativa, além de ser a ação marcante que fecha a comemoração de quatro décadas de existência do Museu, também será uma atividade que fará parte dos 50 anos da instituição, quando os escritos de hoje serão lidos no futuro.
Desenvolvida pelo projeto Ler o Passado e Escrever o Futuro, a iniciativa que preserva um retrato do nosso presente também foi pensada em alusão ao documentário Entre Amélias, que integra parte das comemorações dos 40 anos do Museu. A obra faz um resgate histórico, através do conteúdo das cartas enviadas da mãe Améilia, a Baronesa de Três Serros, à sua filha.
Grande parte do conteúdo da cápsula foi escrita por estudantes do Ensino Fundamental de Pelotas. São em torno de 50 cartas elaboradas por crianças de diversas escolas. Uma das alunas que fez parte da ação e também ajudou no momento do enterramento foi a aluna do Colégio Municipal Pelotense, Raissa Gonçalves, de 12 anos. Para ela parte importante da atividade é tentar manter a prática da escritura de cartas. "De alguma maneira a gente vai tentar deixar viva essa essência de continuar mandando cartas".
A estudante conta ainda que para a cápsula ela focou mais em retratar acontecimentos deste ano, que são marcantes para a história e cultura, do que escrever sobre o futuro. "Na minha turma cada um falou de uma coisa. Eu citei marcos históricos sobre a morte da rainha Elizabeth, a Covid, essas coisas", enfatiza a adolescente.
"O futuro vem das crianças". Essa é a declaração da diretora do Museu da Baronesa, Fabiane Moraes, ao explicar que o foco da cápsula é o retrato feito pelos estudantes. Ela ressalta ainda que nenhuma correspondência depositada foi lida. "Lá, daqui a dez anos, nós vamos saber o que elas têm para nos contar".
O período pandêmico e seus reflexos são elementos importantes que Fabiane acredita que foram abordados pelos escritores. A diretora enfatiza que as perdas devido ao vírus são diversas, além de vidas, também em educação e outros segmentos. "Isso precisa ser dito e mostrado daqui a dez anos, não perdemos só vidas, perdemos educação, cultura e outras muitas coisas. E através das cartas nós vemos que a baronesa também passou por isso, por perdas", conclui.
Além dos alunos, a Cápsula do Tempo 2032 foi enterrada pela prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), pelo secretário de Cultura, Paulo Pedrozo, e pelo presidente da Associação dos Amigos da Baronesa (Ambar), Henrique Fetter. A cápsula fica localizada em frente a um dos pilares do Parque em frente ao Museu e é identificada por uma placa de acrilico.
Requalificação do Parque da Baronesa
O Museu da Baronesa está fechado devido a restauros, que devem ser finalizados em julho do ano que vem. O que motivou que o encerramento das comemorações de aniversário fosse pensado em outro formato e não em uma exposição de alunos de Pelotas, idealizada inicialmente.
Além disso, o Parque da Baronesa passará em breve por requalificação. O projeto que inclui melhorias na iluminação, muros e nos caminhos de calçamento, assim como a implantação de quadras poliesportivas e um anfiteatro aberto na área que fica distante do prédio do museu, foi aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), nesta segunda-feira.
"O Iphan autorizou a realização. Foram várias etapas, no primeiro momento teve um parecer desfavorável, tivemos que refazer o projeto e agora foi aprovado", explica o titular da Secult, Paulo Pedrozo. A obra, que deve ser iniciada em janeiro, tem recurso de R$ 7,126 milhões do Programa Avançar RS do governo do Estado e R$ 1,389 milhão de contrapartida da Prefeitura.
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