Visibilidade

Museu da capital recebe acervo da Griô Sirley Amaro

Doação de uma peça de vestuário da pelotense foi feita pela família; este é o primeiro de outros itens que ficarão sob a guarda do MJC

Foto: Divulgação - DP - Blusa era uma das preferidas de Sirley

visibilidade. O Museu Julio de Castilhos (MJC), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), recebeu uma importante doação para o seu acervo. Trata-se de uma peça de vestuário da Mestra Griô Sirley Amaro, reconhecida liderança do Movimento Negro do Estado.
Por dois anos, o MJC, entendendo a importância da Mestra na visibilidade da luta do povo negro, tentava esta doação. Foi por intermédio de Álvaro Amaro, filho de Sirley Amaro, residente em Salvador (BA), que Rosane Garcia do Amaral, amiga e assessora da Mestra em Porto Alegre, indicada como interlocutora da doação, conseguiu a peça. Rosane é guardiã de algumas peças, inclusive de manuscritos, que também serão doadas ao Museu num segundo momento.

Doris Couto, museóloga e diretora do Museu Julio, recorda que deu início no ano de 2020 à campanha de Formação do Acervo Afro-gaúcho na instituição, por não existirem no Museu peças que contemplem a história de homens e mulheres negras do RS. “Nesse contexto, iniciamos algumas tratativas com o Clube União de Santa Cruz, que doou documentos e a primeira bandeira e, em seguida, com a família de Sirley Amaro. Somente em novembro deste ano pudemos, finalmente, incorporar ao nosso acervo uma peça dessa mulher, que dedicou sua vida à preservação da cultura inscrita na sua pele. Comemoramos muito essa primeira aquisição que irá compor a exposição Narrativas do Feminino, alusiva aos 120 anos do Museu”, destaca Doris.

Presença negra
Apesar de o Museu Julio de Castilhos ter um acervo de cerca de dez mil peças, faltam elementos sobre o povo negro. O MJC conta com o tambor de sopapo, as atas e a bandeira do Clube União, bem como os leques de Isaura Bittencourt (mulher negra que pertenceu à sociedade sul-riograndense no início do século 20) e algumas poucas fotos.

Com a expectativa de ampliar ainda mais o acervo, o Museu continua a receber doações e há interesse por peças e artefatos de religião de matriz africana, bem como vestuários, fotografias antigas, documentos e objetos pessoais.

Há, ainda, a intenção, por parte do MJC, de receber o acervo de Giba Giba (Pelotas, 1940 - Porto Alegre, 2014) e do ator Sirmar Antunes (Medianeira, 1955 - Porto Alegre, 2022), que em diversas ocasiões representou a figura do Lanceiro Negro no cinema e no teatro.

conhecimento ancestral
Sirley Amaro era pelotense, nascida em 1935 e falecida em 2020. Contribuiu, significativamente, com os saberes tradicionais, com a cultura popular e com o programa Cultura Viva, do extinto Ministério da Cultura.

Sirley disseminou e protegeu os conhecimentos ancestrais do povo negro do RS durante anos e ficou conhecida em outros estados do País por sua atuação na conservação e perpetuação do conhecimento da cultura negra.

Interessados em fazer doações para o acervo do MJC podem entrar em contato pelo telefone (51) 3221-3959 ou pelo e-mail [email protected].

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