Atração

Nei Lisboa reúne celebrações em show de Pelotas

Cantor e compositor traz setlist composto por canções de quatro álbuns lançados com dez anos de diferença cada um e do novo EP, Pandora

Depois de quatro anos sem se apresentar em Pelotas, o cantor e compositor Nei Lisboa volta ao município com um show em que celebra quatro lançamentos que ocorreram com diferença de dez anos cada um deles: Pra viajar no cosmos não precisa gasolina (1983), Amém (1993), Relógios de sol (2003) e A vida inteira (2013). "Esse ano deu a coincidência de quatro discos aniversariarem, exatamente numa sequência de lançamento, de 10, 20, 30 e 40 anos", comenta o artista. No município a apresentação única será no sábado (16), às 20h, no Auditório Sicredi. Os ingressos estão esgotados.

Sob a cartolinha do número "três" o músico tem dedicado este ano para relembrar em shows diferentes cada um destes álbuns. As celebrações acontecem do mais recente para o mais antigo. "Comecei com o A vida inteira, aproveitei e juntei com outro disco que está saindo o relançamento em vinil, Telas, tramas & trapaças do Novo Mundo (2015). Depois fiz um segundo show com Relógios de Sol e Amém".

Em outubro Lisboa celebrará o cult Pra viajar no cosmos não precisa de gasolina, o primeiro disco da carreira. "Eu era bem novinho, começando, o disco ficou bem representativo para uma geração", relembra. Em Pelotas o artista vai fazer um mix desses roteiros interpretando 22 composições e outras tantas no "bis". A proposta é de um show com quase duas horas de duração. No palco o artista (violões e voz) estará acompanhado pelos músicos Paulinho Supekovia (guitarra), Luiz Mauro Filho (teclado) e Giovanni Berti (percuteria).

EP mais político

Neste setlist entram composições do mais recente EP Pandora, lançado no final de 2021. O disco virtual leva ao público cinco músicas que refletem o período político brasileiro recente. "Pandora é aquele disco que eu não gostaria de ter feito, tomara que perca o sentido, porque todas as músicas ali foram feitas sobre esse período trágico do bolsonarismo, ainda por cima teve a covid, mas sobretudo do Bolsonaro. As músicas foram compostas desde 2018, no período da eleição", fala Lisboa.

Como Pandora não chegou a ser apresentado oficialmente aos fãs da Zona Sul do Estado, Lisboa incluiu algumas das canções neste show. "Aqui (em Porto Alegre) eu já nem tô pondo no repertório, músicas como Capitão do mato, feita especialmente pro 'inominável'. Fico contente que não rodem, contanto que a gente tenha um futuro mais luminoso para esse país", comenta.

Desenvolver um repertório com uma temática "datada" foi uma escolha consciente e necessária, esclarece Lisboa. Para o artista abordar as sensações e percepções a respeito daquele período era a forma de tirar um incômodo do peito. "Algumas coisas dali sobrevivem e mesmo as que ficam datadas são coisas que tinham de ser ditas. Naquele momento não tinha como se poupar disso. Uma forma de resistir dramaticamente."

Natural de Caxias, mas porto-alegrense por adoção, Lisboa tem na sua história familiar o drama de ter perdido um irmão mais velho Luiz Eurico Tejera Lisboa, em 1972. "Tenho um irmão que foi assassinado pela ditadura militar e outros familiares presos e torturados. No meu caso foi uma questão muito forte, uma vivência direta da ditadura militar e tudo o que ela representa. Esse período do (Jair) Bolsonaro (ex-presidente) trouxe isso na memória. A gente tem muita estrada pela frente para desfazer o desastre que foi feito em todas as áreas, nada fica de fora."

A vitória do baladeiro

Apesar de Pandora ser focado na questão política, Lisboa lembra que isso não é novidade e o repertório dele é pontuado por questões sociais. No álbum Telas, Tramas & Trapaças do Novo Mundo, ele abre com A lei, em Cena Beatnik também traz composições que performam uma crônica política, como E a revolução, feita para o Luiz Eurico.

Mas o Nei Lisboa lírico e romântico está presente no show em composições conhecidas pelo público, a exemplo de Telhados de Paris, Pra te lembrar, Baladas e Por aí. "Eu me encontro melhor como compositor nas baladas, acho que é o que eu faço de melhor e com mais autenticidade, tem mais eu ali. Embora eu componha lançando mão de muitas outras coisas, rock'n'roll, blues, MPB, acho que me dou bem nas baladas melodiosas", reflete.

É a maturidade falando

Sobre novos projetos, o compositor diz que por enquanto está focado nos shows e no trabalho de empresário da própria carreira, o que tem consumido bastante tempo do artista. O que resulta em poucas novas composições, somada as multitarefas do cotidiano está a calma trazida pela maturidade. "Estou com 64 anos. Já não tenho aquele furor de mostrar tanto serviço e aquele ímpeto criativo da juventude."

Mas a vontade de tirar uns meses sabáticos e se dedicar a um projeto novo está sempre ali. "Quem sabe eu consiga em 2024."

Serviço
O quê: show Nei Lisboa & banda
Onde: auditório Sicredi, avenida. Dom Joaquim, 1.087
Quando: sábado (16), às 20h

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