Enquanto a comunidade carnavalesca aguarda o concurso que vai escolher a corte do Carnaval de Pelotas 2024, evento que vai ocorrer no dia 17 deste mês, a pelotense Evelyn Pereira, 19, equilibra duas coroas, a da edição 2023 e a de Rainha do Carnaval de Porto Alegre. O reinado na capital, que começou em novembro, é traduzido pela jovem como uma conquista inesperada e “mágica”.

Evelyn Pereira representou a escola Estado Maior da Restinga. O concurso ainda elegeu a primeira princesa, a também pelotense, Janaína Pereira, da Academia de Samba Praiana, e a segunda princesa, Nicoly Gonçalves, da Acadêmicos de Gravataí.

Apesar da pouca idade, a festa mais popular do país está na vida de Evelyn desde antes dela nascer. O bisavô da jovem foi um dos fundadores da General Telles e o avô, Osmar Lopes Pereira, foi um dos presidentes da entidade, além do pai da rainha, o técnico de som Léo Pereira, que atua no Carnaval. “O Carnaval sempre esteve presente na minha vida”, fala ao lembrar que ela estreou na passarela aos três anos de idade, na Escola de Samba Mirim Águia de Ouro.

No currículo ainda está o título de Madrinha de Bateria da Kibandaço, entre 2012 a 2019. “A Bandalha ensaiava na garagem da minha casa e o meu avô por parte da minha mãe era mestre de bateria da Bandalha, o João de Deus, mais conhecido como João Zica”, relembra.

A conquista do título porto-alegrense ocorreu há dois meses, quando a pelotense concorreu com outras 17 candidatas, representando uma das mais tradicionais escolas de samba da capital. A jovem conta que surgiu a oportunidade de concorrer a esta faixa, porém ela não acreditava que teria chance. Incentivada por familiares e amigos, ela encarou o desafio e se deu muito bem. O que ela não esperava era ter que concorrer a um posto ainda mais elevado.

Para passar por esse desafio ela contou com o apoio da Escola e dos familiares também. “Aí eu entrei de cabeça. Porto Alegre tem um nível muito elevado, eu aprendi que aqui a gente tem que vender a imagem do teu Carnaval e está certo. Aqui o que conta mais não é o samba é a entrevista, foi bem tenso. Está sendo uma experiência ótima e eu estou adquirindo muito conhecimento”, comenta.

Preparo da terra natal

Evelyn atribui a conquista atual também às vivências proporcionadas pelo título em Pelotas. “É um concurso com uma responsabilidade muito grande e que não exige só samba no pé, exige desenvoltura, boa fala e dicção. Nesse tempo todo eu aprendi que Carnaval não é só samba, existe um motivo maior para tu estar ali”, diz. Este motivo a que se refere a rainha é a valorização desta festa popular e da ancestralidade.

A titulada elogia a festa na cidade e, diz que cada vez mais percebe que Pelotas tem uma folia diferenciada, mas que precisa ser mais valorizada. “É preciso elevar o Carnaval pelotense através do conhecimento. É muito importante saber essa origem e o concurso me ensinou muito isso, ali foi, até então, a maior e melhor experiência da minha vida”, fala.

Convivendo com carnavais de outras cidades, Evelyn vê que a maioria dos municípios não têm uma folia tão diversificada quanto a de Pelotas. “A gente tem da festa de clube ao Carnaval de rua, tem Carnaval tanto pro LGBTQIA+ quanto pras crianças. Blocos burlescos não existem em muitas cidades. A festa de Pelotas é a da inclusão. Ele abraça todas as classes”, diz.

Com uma agenda cheia de atividades até a folia da capital, que ocorrerá entre os dias 23 e 24 deste mês, a pelotense diz que agora nem tem tido tempo para manter a preparação física, mas até então vinha bem regrada. “A nossa rotina é bem puxada, temos ensaios de segunda a segunda e temos que visitar todas as escolas de samba cidade. Mas é muito gostoso, eu nunca imaginei que iria viver com referências. Adquirir conhecimentos. É magnífico.”