Impacto
Comércio tem o dia perdido no Centro de Pelotas
Demora para o restabelecimento de energia e a falta de informações da Equatorial são as principais queixas dos lojistas
Foto: Volmer Perez - DP - Lojas ficaram fechadas em razão da falta de energia elétrica
Heitor Araujo
O dia inteiro perdido e sem faturamento. Este é o sentimento da grande maioria dos lojistas da região central de Pelotas, que passou a quinta-feira toda praticamente às escuras. Após o temporal que causou o desabastecimento de energia em grande parte da cidade, no coração do comércio pelotense a reclamação é em relação à demora para o restabelecimento da luz e à falta de informações da CEEE Equatorial.
No Centro da cidade, os barulhos dos carros nas ruas deu lugar ao dos geradores. Nas ruas em que há maior concentração de lojas, a falta de luz se prolongou por toda a manhã e grande parte da tarde. A luz começou a voltar por volta das 16h30min, mas de forma irregular: aconteceu de uma loja estar com energia, mas a vizinha não.
Alguns lojistas aventuraram-se a abrir as portas mesmo no escuro ou em meia-fase. Outros optaram por iniciar as atividades apenas após o restabelecimento da energia. Grande parte, no entanto, manteve os portões fechados durante todo o dia - a estimativa do Sindilojas é de que 70% não abriram ontem.
Mesmo entre os que abriram, o sentimento é de que a quinta-feira foi um dia sem faturamento. Uma grande loja de eletrodomésticos do calçadão abriu apenas às 16h30min. Neste tipo de estabelecimento, as vendas atingem em média a cifra de R$ 60 mil por dia - o que se deixou de faturar, uma vez que, após a abertura das portas, o movimento na região continuava bastante abaixo do normal.
“Chegamos de manhã e não tinha energia. Foi uma demora muito grande para o restabelecimento. Tem-se essa falha grande no calçadão, de que qualquer chuva ou vento, cai a energia. Causa um prejuízo à empresa e aos nossos clientes, que muitas vezes só tem um dia que conseguem vir para a retirada de produtos”, relata o gerente Fábio Stoffel.
Em uma loja pequena de confecções na rua 15 de Novembro, aberta recentemente, o prejuízo avaliado é de até R$ 5 mil, o volume que se vende em um dia comum. Os funcionários sequer conseguiram ingressar no estabelecimento pela manhã e começo da tarde, pois, sem luz, não havia como abrir o portão eletrônico.
“Abrimos agora que voltou a luz [às 16h30min] apenas em respeito aos clientes, pois trabalhamos também pelas redes sociais. A gente vê o comércio em volta, alguns até agora de portas fechadas, e com o movimento muito abaixo, então a gente considera já o dia perdido”, disse o gerente Almir Souza.
Preocupação
O presidente do Sindilojas, Renzo Antonioli, demonstrou preocupação com o dia perdido ao comércio, especialmente por ser no mês de março, considerado crucial para a retomada das vendas, após janeiro e fevereiro que são períodos de baixa no comércio pelotense.
“Cada dia perdido de venda é um prejuízo muito grande, o comércio atualmente funciona sete dias por semana para poder sobreviver e cumprir com suas obrigações, o dia às vezes nem é para se ter lucro”, pontua. “Hoje, o dia inteiro os comerciantes passaram se questionando quando voltaria a luz, porque o pior de tudo é não ter a informação, as empresas não podem nem se organizar neste sentido, se liberam as equipes ou não”, completa.
Ramo alimentício
A falta de luz atingiu, também, os estabelecimentos do ramo alimentício. Proprietária de uma tradicional padaria na 15 de Novembro, Aline Veiga calcula o dia inteiro como de prejuízo. “O dia inteiro sem vender nada, porque é tudo feito na hora. Os clientes entravam e iam embora, porque a gente não tinha o que oferecer. A luz voltou só no fim da tarde, agora o pessoal já nem vem mais”, lamenta.
Em um restaurante muito movimentado do Centro, no entanto, as vendas do meio-dia, quando o estabelecimento estava com a energia em meia fase, serviram para “salvar o dia”. A perda de clientes aconteceu apenas a partir das 14h, quando a rua teve desabastecimento total.
“O movimento de meio-dia foi bom, acabou salvando o dia no sentido de manter as contas. Nessa hora o movimento foi até melhor do que o normal [alguns restaurantes da região não conseguiram abrir]. Às 15h acabou a luz, posso dizer que perco metade do dia, prejudica bastante”, disse a proprietária, Cláudia Hoch.
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