Xavante
"Estamos trazendo jogadores escolhidos a dedo", diz Ricardo Fonseca
Em visita ao DP, vice de futebol do Brasil fala do retorno ao clube e das dificuldades para formar o elenco
Foto: Jô Folha - DP - Dirigente bateu em uma tecla que vem se tornando rotineira no Bento Freitas: a recuperação da credibilidade
Por Gustavo Pereira
Ricardo Fonseca visitou o Diário Popular na manhã desta sexta-feira (18). Agora ocupando o cargo de vice de futebol do Brasil, o presidente dos históricos acessos do clube retornou para ajudar em um momento de reconstrução. Sem se envolver em temas como a negociação pelo gramado sintético, o foco do dirigente é a montagem de um elenco do zero, ao lado do técnico Rogério Zimmermann, do executivo Luis Fernando Hannecker e do coordenador técnico Leandro Leite.
Até o momento da publicação desta matéria, sete jogadores haviam sido confirmados pelo Xavante: os goleiros Marcelo Pitol e Marcelo Dal Soler (este retornando de empréstimo), os laterais Luís Gustavo e Rennan Siqueira, os zagueiros Rafael Dumas e João Marcus e o volante Amaral. Além deles, três jovens da base integram a etapa inicial de treinamentos: o zagueiro Tony Lucas, o volante Thiago Henrique e o atacante Victor Jesus.
Ricardinho disse ainda que o goleiro Davi, emprestado ao Ceará, e o meia Rafael Carvalheira, cedido ao Passo Fundo, devem se apresentar em breve. Mais contratações também serão anunciadas. A seguir, veja os principais trechos da conversa do vice de futebol com a reportagem.
O que mudou desde 2011
“Mudou a competição, basicamente. Na verdade não mudou nada, porque eu peguei na Série D e numa Segunda Gaúcha. Agora é numa Série D e num Campeonato Gaúcho, até uma divisão acima. E a condição do clube continua a mesma coisa. Correr atrás do dinheiro, da arrecadação. As dificuldades são as mesmas, mas a cada ano e a cada situação, a dificuldade aumenta”.
Influência nas contratações
“Eu já era um presidente do futebol. Estava inserido dentro do futebol, isso ajuda bastante. Geralmente a comissão técnica tem esse peso na hora da contratação. Lógico que o vice de futebol e o próprio presidente participam das avaliações, mas já vem mais ou menos mastigado da comissão técnica. Eles filtram para nós e nós só fazemos as negociações”.
Dificuldade para contratar
“Está difícil. Uma é a questão da credibilidade, e a outra é a da Série D. Tu tem o calendário cheio, mas não tem a visibilidade da Série B. Antes tínhamos dificuldade de pagamento, mas tínhamos a Série B. Agora é Gauchão, Copa do Brasil e Série D, é diferente. Qual o plus? O Gauchão, que dá uma visibilidade, é o segundo ou terceiro Estadual mais importante, e a Copa do Brasil. A Série D não tem tanta. O Brasil tem uma marca muito forte, é um atrativo para o atleta”.
Credibilidade
“Tentamos convencer o atleta em cima daquilo que temos de credibilidade. Os anos do Rogério dentro do clube, o fato de eu ter ficado nove anos, pegado lá embaixo e colocado lá em cima. Nem todos os atletas querem jogar a Série D. Quem está vindo conhece o clube, ou está acreditando no projeto, como o Luís Gustavo. Mas o importante é os atletas que estão vindo, tipo Pitol, Amaral, Rafael Dumas, dão a credibilidade para outros. É a situação que tínhamos no momento, para resgatar aquele Brasil que tínhamos lá atrás. Não vai ser igual porque estamos contratando 25 atletas diferentes. Naquele momento dos acessos, tinha uma base desde 2013, agora não tem base nenhuma”.
Possível receita extra da Copa do Brasil
“Muda [se avançar de fase]. Muda para fazer a Série D, o segundo semestre. A gente não trabalha assim, [cogitando] passar de segunda fase. Se puder, lógico. Mas precisamos trabalhar mais com o pé no chão, para não ferir o torcedor. Tu não pode ferir o torcedor, tem que falar a verdade. Nem estamos comentando Série D, e sim os dois primeiros campeonatos, Copa do Brasil e Gauchão”.
Metas no Gauchão
“O objetivo no Estadual é permanecer para o próximo ano, pelas dificuldades que estamos pegando Se conseguirmos atingir a pontuação para a permanência, vamos para o segundo objetivo: conseguir a vaga na Série D do próximo ano [caso o Brasil não suba para a C, precisa garantir nova vaga para 2024]. Não significa que não possa ser campeão do interior, ou campeão gaúcho. Só temos que trabalhar dentro das condições do clube”.
Estrutura
“Em termos de condições de trabalho, as condições que o Brasil dá hoje são as mesmas do Caxias, do São Luiz, por exemplo. O Brasil não vai ficar atrás de nenhum clube do interior em termos de condições de trabalho”.
Trabalho com o presidente Evânio Tavares
“Está sendo tranquilo. Todas as condições que oferecemos aos atletas na chegada foram dadas, em termos de apartamento, de logística. Tudo está sendo cumprido. Na hora que outro atleta ligar, vai perguntar: ‘como está aí? Como foi a chegada? Como foi o aluguel do apartamento?’. Todos receberam o valor do aporte do apartamento. Tudo está dentro dos conformes, e isso é importante porque tu começa a resgatar de novo a credibilidade”.
Opinião sobre a possibilidade de gramado sintético
“Se vai ter gramado sintético, maravilha. Se ficar o campo [natural], também. Vamos precisar treinar em grama natural. Quem teria grama sintética seriam Brasil e São José. Os outros todos, grama natural. Então teríamos que seguir treinando no [Arena] Marini [na BR-392]. Então tanto faz. A única diferença é o custo do gramado sintético, que em termos de custo mensal de manutenção, é mais barato. Para colocar o investimento é alto, mas depois é mais barato. Não adianta ter o sintético e, vamos supor, abandonar o Marini”.
Como trazer o torcedor de volta
“Tem que encaixar o campo. É muito bonita uma campanha de sócios, mas tudo gira em torno do futebol. Se o futebol não andar bem, não adianta. Por isso estamos trazendo jogadores escolhidos a dedo. Está dentro do prazo, não temos ansiedade de que em uma data específica tem que ter 25 atletas. Vamos trabalhar com 25, mas sem pressa na hora da divulgação. Temos que errar o mínimo possível para poder dar certo”.
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