Caderno Saúde
A saúde para além do tratamento
Às vésperas do Dia Mundial da Saúde, o DP traz orientações sobre o acompanhamento médico e psicológico voltado para a prevenção
Foto: Jô Folha - DP - Psicólogo Vinícius Collares garante que a saúde física e mental andam sempre juntas
A saúde, e também a medicina, para além do tratamento. É com essa ideia que, em alusão ao Dia Mundial da Saúde, celebrado no próximo domingo (7), o DP conversou com profissionais da medicina e da psicologia para saber o que compõe a saúde integral do ser humano - e o que precisa ser feito para prevenir doenças e manter uma boa qualidade de vida.
Para a médica Renata Giusti, manter a saúde em dia vai além dos exames periódicos e do famoso check-up. “Não gosto muito do termo check-up, porque parece que vamos ao médico para ele solicitar exames e deu. E não é assim sempre, porque é preciso individualizar o paciente. É importante fazer exames quando há indicação e, de fato, um bom embasamento científico. Melhor do que falar em check-up é falarmos em medicina preventiva”, observa a médica.
Renata defende que essa prevenção passa, primeiramente, pelos bons hábitos de vida. “O que precisamos fazer em termos de saúde é se alimentar bem, evitar ultraprocessados e uma alimentação hipercalórica, fazer atividade física. O recomendado é cerca de 150 minutos por semana, em intensidade moderada a alta. Evitar bebida alcoólica e parar de fumar, inclusive os cigarros eletrônicos”, observa. Essas medidas, segundo a médica, podem prevenir doenças cardiovasculares e crônicas, como diabetes, obesidade e hipertensão.
Saúde mental anda junto
Falando em saúde, também não se pode deixar de lado outro eixo importante: o mental. O psicólogo Vinícius Collares garante que a saúde física e mental andam sempre juntas. “Uma das coisas que a gente começa estudando na psicologia é justamente a importância de se entender no biopsicossocial. Todos nós, seres humanos, não somos uma coisa ou outra. Não é possível falar que a saúde física é mais importante que a mental ou vice versa. Tudo isso está junto”, observa.
Para Collares, algumas das ferramentas disponíveis para cuidar da saúde mental também coincidem com as medidas preventivas de doenças físicas. “Tem uma coisa que é muito importante para a psicologia no geral, que é a tal da subjetividade. Cada pessoa funciona de um jeito, então não tem uma fórmula que se aplique para todo mundo, mas tem algumas coisas que ajudam a prevenir. Olhar para si mesmo e cuidar dos relacionamentos anda junto com coisas que não estão desligadas da saúde física, como praticar esportes, tentar se alimentar bem e dormir bem”, diz Collares.
E o acompanhamento médico?
E aí fica a pergunta: quando devo buscar atendimento profissional? Quando se trata da saúde física, Renata garante que o acompanhamento médico, independentemente da presença de doenças, deve começar cedo. “Acho que todo indivíduo acima dos 18 anos tem que ter essa primeira consulta para que o médico clínico possa orientar. É importante, porque têm muitas questões que são relevadas, como a obesidade. O paciente faz exame de laboratório, está tudo bem, e não é feita nenhuma medida preventiva, mas a obesidade está muito associada com doenças crônicas como hipertensão e diabetes”, observa.
Neste contexto, ela também destaca a importância do médico clínico geral. “Esse papel centraliza o cuidado. Eu olho o paciente dos pés à cabeça e, caso houver necessidade, a gente referencia para o médico especialista. Ele vai dar as condutas dele e nós vamos discutir aquele paciente”, explica. A periodicidade pode mudar de pessoa para pessoa, por isso, é importante buscar o profissional para organizar essa rotina individualizada. “É importante ter educação em saúde. O paciente precisa se conhecer. A gente pergunta tudo: histórico familiar, vacinação, como ele está evacuando e urinando, como está o sono, medicação contínua. É uma entrevista completa”, observa Renata.
E a terapia?
Quando o tema é saúde mental, sempre há uma discussão de que todo mundo precisa de terapia. Mas será que é bem assim mesmo? Para Collares, essa máxima não é necessariamente verdadeira. “O que é interessante para todo mundo é se abrir de alguma forma. Estar disposto a se olhar de algum jeito, e isso nem sempre acontece só nesse espaço [da terapia]. Às vezes acontece com um familiar ou amigo. Mais importante do que pensar que todo mundo precisa de terapia, acho que todo mundo precisa se olhar e olhar para o que está acontecendo”, observa ele.
O psicólogo indica alguns sinais, como a piora da alimentação, insônia e o desinteresse em atividades que antes eram feitas que podem significar a necessidade de acompanhamento. “É sentir que não estou presente, que não sei mais o que eu gosto. Bom, aí é o momento de olhar para isso. Tem coisas que nos indicam que pode ter algo. É voltar a ouvir o próprio corpo. A gente perdeu um pouco isso”, comenta.
Algumas indicações
Com base nas orientações da Força-Tarefa de Saúde Preventiva dos Estados Unidos (traduzido de United States Preventive Services Task Force), a médica Renata traz algumas indicações quando o assunto são exames periódicos e rastreamento precoce de doenças:
- Todo paciente, a partir dos 45 anos, precisa fazer pelo menos uma colonoscopia para rastrear câncer de intestino e cólon. Se o paciente tiver histórico familiar, é necessário fazer o exame dez anos antes da idade que o familiar tinha na época do diagnóstico
- Todo paciente com doença crônica precisa manter rotina (ex: um paciente hipertenso controlado precisa fazer controle anual)
- Rastreamento para hipertensão (aferir a pressão) já começa aos 18 anos em todas as consultas médicas a que ele tenha acesso. A partir dos 40 anos, aferir pressão pelo menos uma vez ao ano
- Rastreamento de diabetes, para pacientes com obesidade ou sobrepeso, a partir dos 25 anos. Se não, para todo mundo a partir dos 35/40 anos
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