Decisão
Ajuda financeira à barragem São Gonçalo
Responsabilidade financeira pelas despesas de manutenção e operação da estrutura agora é do Ministério da Integração Nacional; eclusa está interditada há um mês
Jô Folha -
Sem reformas desde sua construção em 1977, a barragem eclusa erguida no São Gonçalo sofre com a estrutura debilitada. A obra - que possibilita a entrada e a saída de embarcações da Lagoa dos Patos para a Lagoa Mirim - está há um mês sem abrir suas comportas. A Universidade Federal de Pelotas (UFPel), responsável pela administração do local, teme que elas se desloquem. Com o objetivo de resolver este e outros entraves ligados à barragem, a instituição deu início a tratativas com o governo federal e, no dia 10 deste mês, recebeu sinal positivo do Ministério da Integração Nacional. Conforme o diretor da Agência Lagoa Mirim (ALM), Bruno Vieira, foram disponibilizados R$ 150 mil para reparo das comportas.
Também ficou definido que o órgão arcará com as dependências financeiras para manutenção da barragem - R$ 2 milhões por ano para manter a estrutura em boas condições -, valor desembolsado com recursos próprios da UFPel desde 2014, quando o governo federal deixou de fazer os repasses. A conquista representa um alívio ao orçamento da UFPel, que continuará com a responsabilidade técnica e administrativa do serviço através da ALM.
Com estrutura datada de 40 anos atrás, a preocupação dos funcionários que trabalham no local com as condições da barragem é grande. Há pouco mais de um mês, um destes funcionários passou a notar um som diferente vindo das comportas da eclusa quando movimentadas. O estrago já era esperado devido à estrutura antiga e precária, mas o ranger fora do normal acendeu a luz de alerta em Milton Montelli, funcionário da represa há 38 anos. Foi quando notificou a UFPel, que decidiu interromper as atividades da eclusa. “Quatro embarcações passavam aqui todo dia, então ela tem que voltar a funcionar”, pede.
As comportas funcionam tal qual uma porta: as dobradiças que permitem o abre e fecha possuem parafusos de ferro, corroídos pelo tempo e pela água. A eclusa foi interditada por medo de, devido à corrosão, as comportas se deslocarem, criando um empecilho de custo muito superior ao de um simples reparo. O canal realizava quatro eclusagens diariamente, permitindo a navegação até a Lagoa Mirim. As obras de reparo devem começar após processo de licitação, realizado ainda este mês. A expectativa do diretor é de que a reforma esteja pronta em novembro. Até lá, apenas eclusagens de caráter emergencial serão feitas.
A construção funciona no canal São Gonçalo, ligando a Lagoa dos Patos e a Lagoa Mirim. Uma de suas principais funções é impedir a entrada das águas oceânicas para a Lagoa Mirim, equilibrando a salinidade. Este fator é essencial ao abastecimento nos lares em Rio Grande e região, que contam com a água captada do canal São Gonçalo. A barragem também permite a irrigação diversas plantações de arroz da Zona Sul.
Já a revitalização completa da estrutura está orçada em R$ 10 milhões. Para alavancar o recurso, Bruno Vieira pede o apoio político de órgãos locais. “A prefeitura de Pelotas e Rio Grande, a Azonasul, o Corede, a Corsan... Essas lideranças têm que se unir para conseguirmos a revitalização total”, diz. O diretor também afirma que a reforma possibilitaria o pleno funcionamento da barragem e da eclusa por, pelo menos, mais 20 anos, sem custos adicionais.
Reforma
É preciso fazer a substituição de 144 parafusos dos mancais (dobradiças) das duas comportas da eclusa, com auxílio de serviços subaquáticos, com parafusos de inox. Cada mancal possui quatro parafusos - 72 deles estão corroídos e outros 72 estão desgastados.
Números
►O canal da eclusa possui 17 metros de largura e 120 de comprimento
►700 metros cúbicos de água por segundo passam pela barragem
►Mais de 600 mil pessoas são beneficiadas com o abastecimento de água
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