O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na última sexta-feira a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense) 2015. A nova edição do estudo trouxe dados ainda mais preocupantes do comportamento e da rotina dos jovens do que nas edições anteriores - 2012 e 2009. De acordo com a Pense, 55,5% dos 2,6 milhões de estudantes que cursavam o 9º ano do Ensino Fundamental em 2015 já consumiram bebida alcoólica alguma vez. Taxa 5,2 % superior à de 2012. Além disso, o número de estudantes que experimentaram drogas ilícitas também subiu de 7,3% para 9,0%, passando de 230,2 mil a 236,8 mil. O consumo de maconha foi declarado por 4,1% dos alunos.

As estimativas são alarmantes, já que estes produtos podem causar dependência. Entretanto, uma das boas notícias reveladas pela pesquisa foi a queda da experimentação do cigarro. Em 2012, 19,6% alunos já tinham feito uso do tabaco. Na última avaliação este número caiu para 18,4%.

Segundo a psicóloga clínica, que realiza estudos na área de Terapia Cognitivo-Comportamental na Infância e Adolescência, Lídia La Rocca, não se pode atribuir algum motivo específico para este aumento na experimentação e no consumo de álcool entre os adolescentes pesquisados. Para ela, existem causas multifatoriais para este aumento, já que a adolescência, por si, é uma fase de experimentações. A psicóloga Marlise Flório Real, mestre em Educação, também possui a mesma opinião de Lídia quanto à esta fase. Entretanto, ela é categórica ao falar sobre a falta de aconselhamento por parte dos pais. "Nesta etapa da vida os jovens são extremamente vulneráveis, vivemos em uma época permissiva onde os adolescentes estão saindo para festas cada mais cedo. É preciso orientá-los."

A pesquisa. Além de entrevistar alunos do 9° ano de escolas públicas e privadas, como em outras edições, a análise trouxe informações de estudantes entre 13 e 17 anos, com entrevistas de alunos do 6º ao 9º ano do Fundamental e da 1ª à 3ª série do Ensino Médio. De acordo com o supervisor de informações do IBGE/RS, Ademir Koucher, a pesquisa não possui um entrevistador, o aluno responde às questões em um equipamento levado até a escola. O que faz com que os jovens sintam-se mais à vontade para responderem com maior sinceridade.

Questões abordadas na pesquisa
- Socioeconômicos
- Violência, segurança e acidentes
- Experimentação e consumo de cigarro, álcool e outras drogas
- Prática de atividade física
- Saúde sexual e reprodutiva
- Contexto familiar
- Hábitos alimentares

Alguns resultado da Pense
- Quase 195 mil alunos do 9° ano afirmaram já ter sofrido bullying por parte dos colegas
- Destes 30,4 mil que se sentiram humilhados tiveram a aparência do corpo como principal motivo
- 520,9 mil alunos disseram já ter praticado bullying. O maior percentual de zombarias foram feitas por meninos
- Estudantes entre 13 e 15 anos sofrem mais bullying que os da faixa de 16 e 17 anos

Relação sexual
- Cerca de 723,5 mil alunos do 9º ano já iniciaram a vida sexual
- Destes 280,7 mil não usaram preservativo na primeira vez
- 105,2 mil estudantes do 9º ano relataram já ter sido forçados a ter alguma relação sexual
- Em 33,3 mil casos o ato foi cometido por membros da família
- Mais da metade entre dos entrevistados entre 16 e 17 anos já teve iniciação sexual
- Os mais jovens foram os que menos se protegeram durante as relações

Aparência física
- O percentual de meninas insatisfeitas com o corpo entre alunos do 9° ano é o dobro do que em relação aos meninos
- Os meninos têm maiores percentuais quanto à busca por ganhar peso ou massa corporal
- Mais de 70,0% dos adolescentes de 13 a 17 anos estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o próprio corpo
** A pesquisa completa está disponível em www.ibge.gov.br

Entrevistas no Rio Grande do Sul
Na mostra foram visitadas 108 instituições gaúchas totalizando 120 turmas
- 46 instituições e 52 turmas em Porto Alegre
- 62 instituições e 68 turmas no interior

Número de alunos entrevistados
- 1.015 estudantes de Porto Alegre
- 1.373 estudantes do interior
Total 2. 388 alunos