Sustentabilidade
Apesar de desaceleração, expectativas se mantêm positivas para energia solar
Com início da taxação em 2023, consumidores estão mais cautelosos; quem atua no mercado garante que tecnologia ainda está em alta
Foto: Divulgação - DP - Placas de geração fotovoltaica tiveram alta procura recentemente
Após um ano de intensa procura por energia solar, motivada pelo marco legal da micro e minigeração distribuída (MMGD), que passou a valer este ano, o mercado busca encontrar o equilíbrio novamente. Em Pelotas, foram 3,3 mil pedidos de instalação de MMGD no ano passado. Este ano, até maio, foram 717 solicitações. Para quem atua no setor, o cenário de desaceleração, já esperado após a vigência das novas leis, não impacta a relevância da tecnologia, que continua em crescimento no Brasil.
O diretor de uma rede de empresas de energia solar na região, Igor Cunha, garante que a busca pela tecnologia em 2022 foi pontual e não deve voltar a se repetir. “A demanda do ano passado foi algo jamais visto. Agora, a procura está voltando ao normal. Como existia um gatilho de escassez, quem compraria esse ano, comprou no ano passado”, exemplifica. A pressa pela instalação veio com a implementação da Lei 14.300/2022, que passou a taxar a geração de energia solar fotovoltaica.
Para Cunha, houve uma dificuldade da população em entender a nova lei. O especialista resume que a medida impõe o pagamento à concessionária pelo fornecimento da rede elétrica. “É como pagar um pedágio. O que, de certa forma, não está errado. Se todo mundo bota energia solar e não tem cobrança da manutenção da concessionária, é o sucateamento da rede.” O diretor avalia que, na prática, o impacto financeiro não é tão grande. “Hoje se paga mais barato no equipamento do que em 2022. A diferença que o consumidor vai ter que pagar à concessionária se paga pela diferença de custo de aquisição do equipamento”, comenta.
Dúvidas e receios
Para os irmãos e sócios de uma empresa pelotense do ramo elétrico, Gabriel e Matheus Bilhalba, a impressão é parecida. “Depois da lei ser aprovada e antes dela entrar em vigor, muitas informações erradas foram passadas ao consumidor final. O que devia trazer segurança jurídica, também trouxe insegurança na aquisição”, comenta a dupla. Os sócios avaliam que a principal redução de demanda veio dos pequenos consumidores.
Além do receio depois das mudanças na lei, os empresários também vêem, ainda, muitas dúvidas quando o assunto é energia solar. “Os clientes têm dúvidas por ser uma tecnologia ‘nova’ no Brasil. As principais são de como funciona o sistema de geração e compensação de energia, se depois de instalado pode ser desconectado da concessionária, manutenção”, observam.
Daqui para frente
Quem atua no setor avalia que agora é o momento de reconquistar a confiança dos consumidores e se manter atualizado. “O mercado fotovoltaico no mundo inteiro cresce absurdamente. Não vai se vender como no ano passado, mas vai se tornar um movimento natural. Tem toda uma parte boa de baixa de preços e novidades no setor elétrico”, observa Cunha.
Para Gabriel e Matheus, o novo cenário demanda atenção para qualificar o serviço e informar corretamente a população. “O desafio é estar atualizado para mostrar que ainda é um bom investimento e esclarecer que as mudanças vieram para equilibrar o sistema como um todo.” Para os irmãos, os benefícios da tecnologia sobrepõem as dificuldades. “A energia fotovoltaica é tendência de mercado. É um ótimo investimento financeiro e é uma oportunidade de gerar a própria energia de forma limpa e renovável, ajudando o meio ambiente”, comentam.
Para o consumidor
Para quem resolveu investir na tecnologia, não há arrependimentos. O proprietário de um complexo esportivo em Pelotas, Luis Portantiolo, conta que a vontade de investir em energia solar foi incentivada pela mudança na taxação e, também, pelos benefícios da tecnologia. “Temos uma demanda muito alta de energia e, se colocar no papel, a própria parcela já se paga. A longo prazo, a tendência é economia. [Além de ser] uma energia limpa.”
O projeto começou e foi aprovado ainda em 2022 e, há cerca de dois meses, já está abastecendo o local. “Já vimos resultados. Nesses dois meses já veio menos da metade do valor da conta. Temos a expectativa de que, no verão que vem, já consigamos gerar ainda mais energia. A tendência é melhorar mais”, finaliza.
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