Saúde
Após ato de violência, UBS Laranjal reabre com atendimento parcial
Na sexta, o acompanhante de uma paciente não concordou com o atendimento prestado, fez ameaças à equipe e quebrou um vidro
Foto: Jô Folha/DP - Profissionais da UBS temem por sua integridade física
Por Cíntia Piegas
[email protected]
Um morador da praia do Laranjal foi pego de surpresa na manhã desta segunda-feira (5) ao se deparar com a Unidade Básica de Saúde (UBS) fechada. Um cartaz em frente ao posto do balneário Santo Antônio anunciava que a medida era por falta de segurança no local. Na sexta-feira, o acompanhante de uma paciente, descontente com o atendimento, passou a ameaçar a equipe médica e funcionários, além de ter quebrado o vidro do posto. A unidade voltou a abrir às 10h de forma parcial, após protocolar - junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) - um pedido por mais segurança.
"A moça estava vomitando e o médico iria medicá-la, mas orientou o acompanhante a levá-la para a UPA ou PS para realizar exames. Ele perdeu o controle, não nos deixou falar, começou a sacudir as grades e quebrou o vidro. O doutor chegou a oferecer dinheiro para o transporte coletivo, pois entendeu que eles não tinham como se deslocar", relatou uma das funcionárias, sem querer se identificar. Ela conversou com a reportagem todo o tempo atrás de uma porta, separada pela grade de entrada. "Depois que a Guarda Municipal levou o agressor, a jovem foi medicada e o médico levou-a em seu carro até a UPA." A situação deixou todos temerosos e, por isso, quem chegou antes da 10h, desta segunda, deparou-se com a UBS fechada.
Foi o caso de um aposentado, morador da praia. "Cheguei aqui às 5h45min. Li o cartaz, percebi o vidro quebrado e achei que pudesse ser algo grave. Mas como hoje é segunda-feira, e agora são 7h20min, vou esperar mais dez minutos para o horário de abertura do posto. Mas pelo jeito, não deve aparecer ninguém", disse Fabio Sacco, 69. Ele conta que procurou o posto depois de ir duas vezes à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Areal com a pressão alta. "Hoje minha busca é conferir a pressão, pois agora não é mais uma questão da UPA, e sim descobrir se sou hipertenso e começar um tratamento." A alternativa seria esperar até as 8h e ir na UBS do balneário dos Prazeres. Um vizinho, que ficou sabendo da situação e tem o aparelho de verificar a pressão arterial, se prontificou a medir. Realmente estava alta. "Mas agora sei o que devo fazer", disse conformado o morador.
Mesmo se ele retornasse às 10h, só conseguiria conferir a pressão, pois ainda conforme a equipe, o médico não teve condições de trabalhar, pelo estado emocional. "Hoje (segunda) só terá atendimento de enfermaria e de dentista", disseram as enfermeiras. Por medida de segurança, durante todo o dia, somente a porta de entrada, protegida por uma grade, ficou aberta. O administrador Leonardo Miranda, 44, também procurou o posto, mas o atendimento seria pediátrico. "Aqui nunca tem médico. Vou tentar o Cruzeiro (UBS), mas lá também às vezes falta profissional. É tudo uma roleta russa", lamentou.
O que diz a Prefeitura
A situação de violência contra os profissionais, com apedrejamento da unidade na última semana, foi relatada à Secretaria de Saúde. A equipe da unidade acionou a Guarda Municipal que fez a detenção do autor e o encaminhou para a Polícia Civil e, por isso, na sexta-feira, os atendimentos foram suspensos. Os profissionais se fragilizaram muito e temem por sua integridade.
Entre as medidas, a GM aumentará a presença das rondas com equipes volantes em viaturas tanto na UBS Laranjal como Barro Duro e Z-3 para garantir mais segurança aos usuários e profissionais. Na quarta, o secretário de Segurança, José Apodi Dourado, a comandante da Guarda, Cíntia Aires, e a coordenação da UBS Laranjal se reúnem para tratar do episódio e de alternativas de reforço da segurança no local.
Campanha
Em nota, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) repudiou o episódio e reforçou a campanha contra ataques aos médios. "O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) repudia o acontecimento com o médico da UBS Laranjal e a equipe de profissionais que lá trabalham. O Simers se solidariza com a profissional e se disponibiliza totalmente para apoiá-lo juridicamente e com esclarecimentos gerais sobre o tema. Desde 2020, o Simers vem reforçando, por meio da campanha publicitária Violência NÃO!, a conscientização e a defesa dos médicos, que constantemente são atacados física ou verbalmente por alguns membros mal intencionados da sociedade civil e até políticos. Vale ressaltar que agredir funcionário público no exercício de sua função é crime, e prevê punição constante em lei. O Simers reforça seu papel em defender, sempre, o médico, e cobra da Prefeitura de Pelotas que verifique todos os fatos, e que seja aplicada punição aos responsáveis."
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário