Tradicionalismo
Após dois anos sem Enart, pelotenses em maioria na final
Município teve a principal representação do Estado no último dia do evento, com invernadas adultas de três CTGs
Divulgação - União Gaúcha levou ao evento coreografia baseada nas charqueadas
Se o final de semana no esporte foi marcado pela abertura da maior competição de futebol do planeta, o Rio Grande do Sul também viveu a sua Copa do Mundo do tradicionalismo. Após interrupção de dois anos por conta da pandemia, o Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart) voltou a ser realizado entre sexta-feira e domingo, em Santa Cruz do Sul. E com presença marcante de Pelotas. Três grupos da cidade disputaram a final, ontem: as invernadas adultas dos CTGs Carreteiros do Sul, Thomaz Luiz Osório e União Gaúcha Simões Lopes Neto. Desempenho que fez do município o que teve maior presença entre os 20 melhores do Estado.
Sediado nos pavilhões da Oktoberfest, o evento considerado o maior de arte amadora na América Latina reuniu cerca de 3,5 mil participantes nas 20 diferentes categorias individuais e coletivas, entre elas danças tradicionais (onde os grupos pelotenses foram finalistas), dança de salão, declamação, canto, trova e chula. Além das já conhecidas de quem acompanha o Enart, este ano uma nova modalidade esteve presente para valorizar a inclusão, a dança gaúcha de salão para pessoas com deficiência intelectual ou múltipla. Ao todo, foram dez palcos para as apresentações simultâneas ocorridas ao longo do final de semana.
Quinta invernada a se apresentar na finalíssima de ontem, o Carreteiros do Sul homenageou a cantora argentina Mercedes Sosa, morta em 2009, contando sua história e legado em defesa da união, da liberdade e igualdade dos povos latino-americanos. A coreografia se baseou em canções como “Gracias a la vida”, “La cigarra”, “Solo le piso a Dios” e “Siembra”.
Já o CTG Cel. Thomaz Luiz Osório foi o décimo a danças na final. O grupo contou a história das “mães pretas”, escravas que ao longo do século 19 serviram como amas de leite aos filhos dos seus patrões, enquanto os próprios filhos permaneciam nas senzalas e elas eram proibidas de vê-los para evitar que faltasse alimento às crianças dos donos de fazendas.
Último pelotense a se apresentar, o 13º do dia, o CTG União Gaúcha Simões Lopes Neto levou ao palco do Enart os dois lados da charqueada: o do charqueador campesino que trabalhava durante o dia com as pessoas escravizadas e à noite conviva com o luxo e requinte dos bailes. O grupo, no entanto, ressaltou, no Dia da Consciência Negra, que não havia motivo para orgulho na exploração dos negros.
“Me sinto realizado depois de dois anos de incertezas em razão da pandemia. Trouxemos a União Gaúcha com todo requinte, sendo o primeiro grupo na história do Enart que teve as prendas usando chapéu e luvas nas danças tradicionais, remetendo ao nosso passado”, disse o patrão do CTG e coordenador e dançarino do grupo, Romualdo Cunha Júnior.
Resultado só saiu à noite
Embora tenham iniciado ainda pela manhã, as danças dos finalistas do 37º Enart se estenderam até o final da tarde do domingo. Com isso, a previsão era de que o anúncio dos vencedores ocorresse somente à noite, após o horário de fechamento desta edição. O resultado final pode ser conferido no site do Diário Popular, assim como os vídeos com as apresentações dos pelotenses.
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