Conhecimento

Aproximadamente duas em cada cem pessoas têm transtorno bipolar

Entre episódios de mania e depressão que afetam a qualidade de vida, pacientes também têm que lidar com o preconceito sobre a condição

Divulgação - DP - Diagnóstico é reconhecido geralmente na faixa etária entre 18 e 25 anos

Um transtorno mental com prevalência global de 1% a 3%, atingindo 140 milhões de pessoas, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), e que é cercado por estigmas. Relacionada com fatores genéticos e marcada pelas alterações de humor, a bipolaridade é uma condição em que o diagnóstico, reconhecido geralmente na faixa etária entre 18 e 25 anos, e o tratamento adequado são indispensáveis para a garantia de qualidade de vida do paciente.

Possuindo todas as características de incidência do distúrbio bipolar, Isadora Ribeiro, 25, constata que após receber o diagnóstico, há cerca de três anos, somente com o acompanhamento médico e tratamento farmacológico os episódios de alternância entre euforia e depressão foram estabilizados. Para ela, não foi nenhuma surpresa que três especialistas certificaram a doença, isso porque durante toda sua adolescência a agente de crédito apresentou comportamentos semelhantes ao de sua mãe, também diagnosticada com o transtorno. “Para mim foi muito tranquilo porque eu sei que buscar ajuda para doenças mentais não é nenhum tipo de vergonha ou demérito”, diz.

Episódio “para cima” como fator de diagnóstico
Conforme explica o professor da Faculdade de Psicologia da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Luciano Souza, a hereditariedade é um dos principais fatores de desenvolvimento da bipolaridade. Geralmente, o paciente tem familiares próximos com o transtorno ou ainda outras condições como depressão e esquizofrenia. “Esses três transtornos comumente estão associados com a incidência dos pais.” O professor diz ainda que além das oscilações de humor, para o diagnóstico da condição ser confirmado a pessoa precisa ter apresentado pelo menos uma vez um episódio de mania ou hipomania. “É caracterizado por uma euforia muito intensa ao ponto de prejudicar a pessoa. Ela até pode se sentir muito feliz, mas geralmente acarreta em vários outros sintomas que são prejudiciais.”

Dentre as ações causadas pelos comportamentos impulsivos estão, principalmente, gastos excessivos e envolvimento em situações de risco, bem como sensação de irritabilidade. “E uma série de condições que tornam a vida da pessoa de pior qualidade”, completa. Além disso, a sensação de hipomania perdura por pelo menos quatro dias e o de mania por uma semana ou mais. “Esse critério de tempo é importante para fazer esse tipo de diagnóstico, dos episódios que chamamos de ‘para cima’. Já os quadros depressivos, ou episódios chamados de ‘para baixo’, os sintomas são semelhantes ao transtorno de depressão, como tristeza e apatia.”

Tratamento e preconceito
Souza explica também que é indispensável que o paciente realize adequadamente o tratamento farmacológico e tenha acompanhamento de psicoterapias para o melhor controle da condição e dos sintomas. “É necessário tratamento com estabilizadores de humor podendo ser associado com antidepressivo ou antipsicótico dependendo da condição clínica da pessoa.”

Além das adversidades que os pacientes com bipolaridade têm que lidar de forma permanente, outra questão que pode dificultar a vida dessas pessoas é o preconceito com a condição. Como aponta Souza, existe um forte estigma em relação ao transtorno, o que acarreta frequentemente em uma anulação das emoções e comportamentos da pessoa. Questão que já foi enfrentada algumas vezes por Isadora. “A sociedade acaba estranhando e repulsando, taxando como louca, socialmente é complicado”, diz.

A paciente conta ainda que em episódio de mania, era comum ocorrer situações em que ela acabava sendo “estúpida” com as pessoas e não ter a razão da sua atitude compreendida.


Controle

Realizando o tratamento adequado, Isadora diz que está com seu quadro controlado e que leva uma vida normal em todos os aspectos. Mas nem sempre foi assim. Em razão da falta de acompanhamento, já passou por alguns momentos difíceis em que se colocou em perigo e que chegou a ter um acesso de raiva em público devido ao relacionamento amoroso problemático. “Fui em um lugar onde estavam os amigos dele e fiz um escândalo na frente de todo mundo. Ele me chamou de louca e todo mundo acha que eu estava louca”, relata.

Para a agente de crédito, é possível constatar ainda a importância do tratamento médico ao perceber que os episódios de mania de sua mãe são muito mais recorrentes e fortes que os dela devido à falta do uso farmacológico necessário.

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