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Braille recebe verba de R$ 1,3 milhão

Dinheiro será aplicado em projeto de prevenção ao desenvolvimento de problemas visuais

Jô Folha -

O Centro de Reabilitação Visual da Associação Escola Louis Braille de Pelotas recebeu, na última semana, a notícia de que a verba de R$ 1,3 milhão - necessária para implementar o projeto que atenderá crianças com problemas visuais causados por patologias que não significam cegueira ou baixa visão - já está disponível para ser aplicada. O dinheiro é decorrente da doação de diversas instituições, como o Instituto Algar, que, por meio do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronas), arrecadou R$ 219,6 mil do imposto de renda de pessoas que direcionam a receita a ações como essa.

A associação é dividida em três núcleos: a escola, que atende deficientes visuais com múltiplas deficiências; o Centro de Atendimento Educacional Especializado, que atua na formação de crianças e jovens com deficiência, da rede pública; e o Centro de Reabilitação Visual, que é conveniado à Secretaria de Saúde e atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Neste projeto, os pacientes de todas as idades que procurarem por atendimento nos hospitais devem passar por uma triagem e ser encaminhados à instituição. Ao chegar, receberão os recursos necessários para tratar a patologia e aprender a lidar com as atividades do cotidiano.

De acordo com o presidente da Escola, Gilmar Rodrigues, o projeto foi enviado ao Ministério da Educação em 2015 e somente neste ano foi aprovado. O objetivo era arrecadar R$ 1,3 milhão, mas a mobilização das entidades doadoras foi tão grande que superou as expectativas - o valor chegou a ultrapassar R$ 3,4 milhões. “Diferentemente de outros projetos, que tratam uma patologia já existente, o nosso atua na prevenção e por isso é tão valorizado”, diz. Entusiasmada, a diretora da escola, Ana Berenice Reis, revela que a próxima etapa é utilizar o recurso para comprar os equipamentos dos consultórios de oftalmologia, fisioterapia e informática. “Se tudo der certo, a partir de julho deste ano o projeto deve ser implementado”.

Desde setembro Patrícia Gomes realiza visitas periódicas ao centro. Moradora de Cachoeira do Sul, viaja cinco horas para vir e outras cinco para voltar. Porém, o atendimento não é para ela, mas sim para a pequena Manuella Baumhardt, a filha de um ano e sete meses. Ao nascer, Manu - como é chamada pelos funcionários da instituição - foi diagnosticada com descolamento de retina, o que acarretou sua baixa visão e a necessidade de cuidados especiais. Contudo, a mãe não se cansa de ir e vir, pois sabe que o tratamento da filha é importante. “Ela é muito bem tratada e eu sei que é aqui que vai ser o futuro dela”, diz, emocionada. “Vejo as fotos dos quadros de formatura na parede e o meu sonho é ver o dela lá também”, completa.

Liege Mata, fisioterapeuta do centro, conta como ocorre o processo de reabilitação de Manu. No início do tratamento a pequena enxergava apenas reflexos e, por essa razão, era estimulada ao reconhecimento de luzes. O quarto escurecia-se e Liege acendia uma lanterna. Em todas as tentativas de chamar a atenção, Manuella sempre direcionava os olhos para a luz, o que gerou grande expectativa, já que os médicos também destacaram chances de melhora. “A nossa grande alegria é quando eles começam a focar na realidade do mundo e a Manu tá conseguindo”, comemora a fisioterapeuta.

Enquanto Liege trabalha os estímulos com crianças de zero a três anos, a pedagoga Kenia Triantafilu atua na reabilitação visual de crianças com até sete anos (período em que encerra o desenvolvimento da visão). Em função desse trabalho, muitos que chegam ao centro sem enxergar saem de lá com parte da visão restabelecida.

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