Por Lucas Kurz
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Uma iniciativa do Colégio Dom João Braga chama atenção para a solidariedade. No brechó da escola, o real não é uma moeda aceita: apenas alimentos. As roupas são trocadas por produtos não perecíveis, que formam kits, posteriormente repassados a estudantes ou famílias que estejam necessitando. A ideia iniciou com o retorno das aulas pós-pandemia, com a percepção de que a situação econômica de parte da comunidade escolar estava precária.

Inicialmente, os kits eram doados ainda durante o período de pandemia, sem aulas presenciais. A verba encaminhada para a merenda, após orientação da 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) foi destinada a formar cestas básicas para famílias registradas no Cadastro Único, ressalta a diretora Lúcia Helena Cardoso. Com o retorno às atividades, a orientadora educacional Jaqueline Leal Pinheiro notou que muitos alunos necessitavam de roupas e, por outro lado, algumas famílias precisavam de alimentos. Portanto, criou-se a ideia da troca a partir de doações de peças vindas de professores, funcionários, lojistas e até outros alunos, criando uma espécie de comércio interno.

Com turmas de anos finais dos Ensinos Fundamental, Médio e Educação de Jovens e Adultos, a sala do Serviço de Orientação Educacional (SOE) ganhou também ar de lojinha. A orientadora diz que as meninas são a maioria das frequentadoras e é bastante comum ver elas espiando pela ampla janela do espaço para checar as novidades nas prateleiras. A troca de informações entre elas acabou tornando-se parte da rotina da escola, destacam as amigas Kauane e Arysla Rafaela, do 9º ano. As duas dizem que as colegas costumam conversar sobre peças disponíveis, dar dicas umas às outras e garimpar peças: a primeira prefere os shorts e croppeds, enquanto a segunda mira as calças jeans e blusas.

Antes de tudo, a assistência
Embora a moda vire assunto, não se pode deixar de lado a ideia inicial do projeto, que é ajudar os alunos. Com uma quantidade significativa de famílias da comunidade escolar em situação financeira delicada, Jaqueline diz que acontece de peças serem entregues a alunos sem nada em troca, já que muitos não têm condições de dar o alimento. A entrega dos kits alimentação também passa por uma avaliação da direção, já que muitos acabam constrangendo-se de pedir, ou mesmo não expõem sua condição à escola. Por isso, por vezes os próprios alunos apontam quando algum colega está precisando e, após conversas, é feita a doação.

Comunidade pode contribuir
Embora o brechó seja interno, o público em geral pode contribuir, tanto com roupas quanto alimentos. Pedem-se itens em bom estado (exceto roupas íntimas) e alimentos não perecíveis. As doações podem ser feitas presencialmente na escola, que fica na rua Bento Martins, 1.656, ou combinadas pelo telefone 3225-4269 ou e-mail [email protected].