Precariedade

Casa do Estudante terá novo endereço

Novo espaço a ser alugado, de acordo com a pró-reitoria de Assuntos Estudantis, que preferiu não divulgar o endereço, também ficará no Centro

Carlos Queiroz -

A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) negocia a locação de imóvel para melhor acomodar os alunos de fora. Ainda neste semestre pretende inaugurar a nova Casa do Estudante, que terá capacidade para receber 300 pessoas. A atual, embora ocupada há quase 50 anos (desde o início da década de 1970), não pertence à instituição, que por todos esses anos aluga o imóvel, situado na rua Andrade Neves esquina com General Telles. No momento residem lá 80 acadêmicos e a expectativa é de que mais cem ou 110 possam ocupar dormitórios no local em breve, visto que muitos estão em processo de formatura e devem deixar a moradia.

De acordo com o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Mário Renato de Azevedo Júnior, a ideia é discutir a necessária e urgente reforma do prédio com o proprietário e retornar para ele após, até pela simbologia que representa para a Universidade. A intenção é de um acordo para as obras, mas caso isso não ocorra, o novo prédio, que em princípio poderia ser ocupado apenas por um período, se tornará o local de referência de moradia. O projeto de construção de um condomínio permanece engavetado por falta de verba.

Azevedo enfatiza que ha três anos foi feita uma reestruturação da Casa do Estudante e o padrão passou a ser dois alunos por quarto. Antes eram quatro a ocupar o espaço. “O plano é desocupar a atual e passar para uma nova casa. O reitor se envolveu pessoalmente no processo”, comenta o pró-reitor de Assuntos Estudantis, ao adiantar apenas que o imóvel encontrado é na área central e que a negociação do aluguel está bem adiantada.

A UFPel, contudo, vai divulgar somente após a assinatura do contrato. A busca por outra casa tomou por base o fato de que a reforma na atual é bem considerável e corre o risco de não acontecer, pelo menos não a curto prazo.

O pró-reitor ressalta que a demanda por moradia de qualidade é muito antiga e, se não fosse a burocracia, talvez os alunos acolhidos pudessem iniciar o semestre já em novo endereço. Ressalta que a Universidade tem ciência do problema, que não é de hoje, e a Reitoria está empenhada em tentar resolver. “A alternativa da casa nova é prioridade. Reconhecemos as limitações da estrutura atual, que não sofreu as reformas necessárias e estamos discutindo com os alunos a forma de gestão”, fala. A instituição paga atualmente pelo aluguel do prédio de cinco andares da Casa do Estudante cerca de R$ 40 mil ao mês.

Um imóvel cheio de problemas
Além dos problemas estruturais, os moradores da Casa do Estudante têm uma reclamação em comum: a falta de um espaço de convivência. Não há uma sala para assistir televisão. Quem gosta e pode, tem a sua no quarto ou fica sem. Natural de Minas Gerais, João (nome fictício para preservar a identidade do estudante), 27, queixa-se da umidade do prédio, que tem como consequência o mofo nas paredes e no teto. Também aponta a necessidade de uma sala de estudos mais apropriada, pois a disponível tem na porta ao lado a secadora de roupas. Quando alguém usa o barulho atrapalha a concentração, diz ele.

O paulista Ricardo (nome fictício também), 20, fez questão de mostrar o banheiro do dormitório que ocupa sozinho atualmente: há buracos na laje e ferros aparecendo. Também tem mofo por todo lado. “Embolora as roupas”, diz. O estudante prefere dormir no colchão apenas, que colocou no chão. Diz que a cama quebrou no primeiro dia quando se virou. Isso há quase um ano e meio. O próximo colega de quarto também vai dormir no chão. A única diferença é que o ex-ocupante do espaço ao lado usava o estrado. No corredor estão as camas desarmadas e o estrado quebrado.

Os problemas decorrentes da umidade podem ser vistos também nas paredes dos corredores. Há pisos quebrados e até no segundo andar, onde houve reforma há três anos, existe dano: o forro caiu em alguns pontos. Segundo o pró-reitor de Assuntos Estudantis, todos os esforços são feitos e a UFPel está muito próxima de concretizar a locação.

Seleção
A seleção para moradia ocorre mediante edital. As vagas atuais são organizadas para que de 24 deste mês a 8 de maio sejam destinadas aos alunos de fora da cidade. O edital cobre todos os programas de assistência estudantil e tem foco para estudantes em vulnerabilidade social, com renda per capta familiar de até um salário mínimo e meio, que estejam na primeira graduação.

Os recursos são oriundos do Programa Nacional de Assistência Estudantil, que este ano deve destinar R$ 12,7 milhões para a UFPel. São recursos estimados, ainda sujeitos a contingenciamento. “Nos preocupa esse risco”, diz o pró-reitor, ao acrescentar que a Universidade também investe recursos próprios (R$ 6 milhões anuais) para garantir refeição de qualidade a baixo custo (R$ 2,00) no Restaurante Universitário (RU), onde são servidos almoço e janta.

Além da moradia, os estudantes que se encaixam nos critérios do edital podem se candidatar a auxílio-transporte (cartão com créditos para utilização de ônibus urbanos), auxílio-alimentação (acesso ao RU) e auxílio-deslocamento, repasse financeiro para os que moram em cidades próximas. São três faixas de valores, dependendo da distância.

Volta às aulas
Iniciam nesta segunda-feira (24) o primeiro semestre letivo do ano na UFPel 3,2 mil estudantes. A recepção, contudo, será na Calourada, marcada para 2 a 6 de maio. Segundo a assessoria da Universidade, dos ingressantes, pouco mais da metade é de Pelotas, mil são de outras cidades gaúchas e 500 de outros estados. Quanto ao gênero dos calouros, há uma leve vantagem feminina.

Os calouros formam grupo bem jovem. Cerca de 65% têm até 21 anos. Um terço tem 18 ou menos. Pouco mais de 31% têm entre 19 e 21 anos, e 35% dos novatos mais de 21 anos. A Calourada UFPel 2017/1 terá como tema Todxs UFPel respeitadxs e contará com atividades artísticas, de formação acadêmica e culturais.

O semestre letivo tem término previsto para 19 de agosto, com exames até o dia 26.

Números

-A Universidade conta com
18 mil alunos,
entre graduação e pós-graduação

-2,6 mil servidores,
entre técnicos e docentes

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