Campo santo
Cemitério da Boa Vista continua irregular
Local realiza apenas sepultamentos verticais há quase quatro anos e deixou de fazer enterros sob o solo
A tradição da enterrar os caixões no Cemitério São Lucas (Boa Vista) deu lugar aos sepultamentos verticais.
Porém, a procura por garantir um espaço sob o solo ainda persiste - principalmente entre os mais velhos, que, na maioria dos casos, desejam que sejam depositados os seus restos mortais como aprenderam na juventude.
Há três anos e sete meses, porém, o cemitério não realiza enterros, respeitando diversos estudos que já comprovaram a contaminação causada por este tipo de sepultamento. E, apesar disso, contudo, desde a sua fundação, em meados de 1860, o local não possui licenciamento ambiental - conforme exige o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Portanto, funciona irregularmente.
O coordenador do cemitério, Ariano Siqueira, alega não acumular demandas referentes a pedidos dos chamados sepultamentos horizontais. "A gente só diz que não pode, quando pedem. Que não é possível", relata. Em junho o Ministério Público solicitou ao Executivo a apresentação de documento para regularizar a situação do local. O enredo em torno do licenciamento ainda pode se estender por mais 180 dias, explica o promotor da 2ª Promotoria de Justiça Especializada de Pelotas, André Barbosa de Borba. Segundo ele, as tratativas e negociações com o município para regularizar o cemitério atravessam meses.
Questão de saúde pública
Quando os corpos entram em processo de decomposição passa a ser liberado o chamado necrochorume. O líquido biodegradável, próprio do estágio avançado de putrefação dos restos mortais, é rico em bactérias e vírus e pode levar à proliferação e à disseminação de doenças, tanto pela contaminação do lençol freático quanto pela presença de vetores como ratos, moscas e baratas. O necrochorume possui caráter ácido e alta quantidade de matéria orgânica, de nitrogênio e de fósforo.
O que diz o município
O secretário de Serviços Urbanos, Luiz Fernando van der Laan, alega que o município ainda estaria no início do processo de regularização da questão ambiental - em fase de estudo da situação do local para mais adiante, então, lançar edital de licitação, contratar a empresa que irá elaborar o projeto e enviar a documentação à Secretaria de Qualidade Ambiental. O atual titular da pasta, Felipe Fernandes, afirma que um passo já foi dado rumo à regularização - o estudo sobre as águas que passam pelo cemitério está sendo realizado pelo Sanep.
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