Preocupação

Chuva traz esperança, mas ainda não resolve problemas da estiagem

Precipitação dos últimos dias em Pelotas não teve impacto no nível da barragem Santa Bárbara

Foto: Carlos Queiroz - DP - Por enquanto, chuva não foi tão expressiva ao ponto de mudar a situação dos municípios da Zona Sul

Por Vitória de Góes
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A chuva que cai desde segunda-feira (1º) em Pelotas e em municípios vizinhos trouxe queda de temperaturas na região e uma esperança de alento para a situação da seca. Mas, apesar de chover a semana toda, o nível da precipitação não tem sido expressivo ao ponto de impactar no nível da barragem Santa Bárbara, por exemplo. De acordo com o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet), até a quarta o acumulado havia sido de cerca de 40mm.

Com uma rara sequência de dias com chuva, o Município deve seguir com tempo instável até domingo. Ainda de acordo com o CPPMet, até lá é possível que chova mais em torno de 30mm a 40mm, o que totalizaria 90mm logo no começo de maio. Historicamente, o mês concentra 113mm.

Para quem anda pelas ruas, até parece ser um bom número, mas na prática não trouxe muitos impactos em relação ao volume da Santa Bárbara. Segundo o Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep), a chuva, embora bem-vinda, segue inexpressiva para a recuperação do manancial. Os registros da autarquia apontaram 20mm na terça-feira e, ontem, até o início da tarde, somente nove. Atualmente a barragem está 3,64 metros abaixo do vertedouro.

Ainda de acordo com o Sanep, segue necessária a incidência de chuvas mais expressivas para que o nível chegue ao normal. Principalmente precipitações em locais que contribuam para elevar o nível do reservatório.

Para os produtores, poucos benefícios

Os produtores rurais seguem sofrendo com a estiagem que começou em dezembro de 2022 e deixou famílias e lavouras sem acesso à água. No Rio Grande do Sul, 390 cidades decretaram situação de emergência por conta da seca.

Apesar da chuva estar atingindo a maioria dos municípios da região, a quantidade também é pouco expressiva, sem grande impacto para produtores que, a essa altura, já estão no ciclo final das culturas de verão. O gerente regional da Emater, Ronaldo Maciel, explica que não é mais possível recuperar o que foi afetado pela seca. “O que pode mudar realmente agora é na questão das pastagens cultivadas, essas vão ter um reflexo bem positivo.”

Mesmo assim, a precipitação tende a melhorar o armazenamento de água nas propriedades rurais, recuperando pequenos açudes e reservatórios. “O impacto ainda é pequeno, mas esperamos que em junho as chuvas sejam mais frequentes e intensas e possibilitem o armazenamento de poços de água para consumo das famílias”, projeta Ronaldo.

Em Canguçu a situação segue preocupante

No município de Canguçu, a chuva que começou na terça-feira também ainda não causou mudanças na situação da seca. No fim de fevereiro, o DP mostrou que a cidade estava com os três reservatórios em estado crítico. O principal, a barragem do Moinho, se encontra hoje com 2,70m abaixo de seu nível normal.

Porém, a previsão de mais precipitações nos próximos dias traz esperança. De acordo com a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), persistindo as chuvas e com a contribuição das bacias adjacentes à barragem do Moinho, a tendência é de melhora do nível. Ainda assim, a orientação permanece para consumo consciente da água à população, incluindo banhos curtos, não lavar calçadas, carros, e molhar plantas com regador.

A gestão do município também comemora os dias chuvosos. O secretário de Desenvolvimento Econômico e Urbanismo, Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, Nilson Nörnberg, conta que cerca de 500 famílias chegaram a ser atendidas por caminhões-pipa. Segundo levantamento da Emater, as perdas na agricultura chegaram a 124 milhões.

“Com essas chuvas a gente tem entrado em contato com algumas famílias e elas tem dado um retorno bem positivo. Com certeza já está dando uma boa amenizada na situação”, relata o secretário.

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