Pelotas

Cidade se expande e com ela as necessidades dos moradores

Oferta de transporte é um dos maiores desafios relatados por quem vive em áreas em crescimento em Pelotas

Foto: QZ7 Filmes - DP - Expansão para regiões outrora menos populosas acarreta em problemas estruturais nestes locais


Com mais de 343 mil habitantes, segundo projeção do IBGE, Pelotas cresce a olhos vistos. Em qualquer bairro em que se ande, percebe-se a construção de novos empreendimentos imobiliários – desde moradias populares até condomínios de alto padrão. Regiões em que antes havia poucos moradores, hoje são populosas e possuem movimentação considerável.

Essa expansão da cidade e esse espalhamento populacional, no entanto, nem sempre são acompanhados por uma infraestrutura que garanta qualidade de vida, em especial para a população mais pobre. As principais reclamações de moradores ouvidos pelo Diário Popular são sobre a falta de transporte coletivo, dificuldade de matricular nas escolas e de acessar unidades de saúde.

Um exemplo são os condomínios do entorno da rua Carlos Gotuzzo Giacoboni, no Fragata. Construídos nos últimos anos, hoje abrigam centenas de moradores que enfrentam algumas dificuldades diariamente. A principal reclamação é sobre a falta de horários de transporte coletivo.

Com dois condomínios inaugurados recentemente, a situação pode ficar ainda pior quando dois outros empreendimentos começarem a receber moradores. “Os horários não batem com os que hoje nós temos no comércio, na área da saúde. Temos muitos trabalhadores dessas áreas que precisam de transporte”, diz o síndico do residencial Lucca I, Dominic Duarte.

Cristina Dias também é moradora da região e explica que os poucos horários de ônibus complicam a vida de estudantes e trabalhadores, em especial durante a noite e aos finais de semana. “Se tu perder lá no centro às 20h30min, depois só o corujão às 22h, 23h…”

Trânsito complicado
O síndico explica que a rua estreita é outro problema, em especial em períodos movimentados, como durante a Fenadoce, em que a via é um dos meios de acesso. “Além de ser uma via pequena, alguns moradores estacionam carretas, então fica horrível”, relata, citando ainda o risco para crianças que precisam atravessar a rua para chegar à escola. “A gente já tem mais de duas mil pessoas morando aqui, é uma pequena cidade”, exemplifica. Outro fator que aumenta o risco é a velocidade elevada com que motoristas trafegam na rua. “A gente tem um medo terrível que aconteça alguma coisa. Não é questão de se vai acontecer, é quando vai acontecer. É uma tragédia anunciada”, preocupa-se Duarte.

No acesso à educação, também há problemas. “Ou não tem vaga nas escolas ou tem uma fila de espera enorme, aí as mães estão se revezando. Uma trabalha uma semana, outra não trabalha, e assim vão indo”, relata Cristina.

Maira Dutra já estava lá quando os condomínios chegaram. Ela mora naquela rua há 35 anos e explica que, antes, havia mais horários de ônibus, mesmo contando com menos moradores. “Não tinha essa quantia de casa, não tinha asfalto. É bom a cidade expandir, mas a rua é pequena pra tanto fluxo de carros e tem o problema dos ônibus”, explica. Os novos vizinhos, afirma, não são um problema. “São gente tudo boa, nunca deu nenhum problema”.

CTCP acompanha a demanda
O secretário-executivo do Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP), Enoc Guimarães, avalia que não houve aumento da população, e sim uma realocação em novos pontos da cidade, e que o sistema de transporte público enfrenta o desafio da modernização e da redução da demanda. “Deve transportar 40% do que se transportava dez anos atrás. Mesmo assim, há algumas regiões com crescimento de demanda. Enquanto em algumas diminuiu muito, outras aumentaram bastante. Mas, no contexto geral, houve essa redução”, explica.

Sobre a reclamação sobre o transporte de algumas regiões, Guimarães sustenta que a determinação dos horários e linhas parte da Prefeitura. Ele projeta que atender em mais horários à noite e aos finais de semana seria insustentável e encareceria o serviço. “O transporte fica mais caro justamente para atender as demandas em que há menor procura. No entre picos, a oferta tem que ser menor porque a demanda é infinitamente menor”, argumenta.

Prefeitura diz buscar soluções
Sobre o transporte coletivo, o secretário de Transporte e Trânsito Flávio Al Alam diz que a demanda é de cerca de 80 mil viagens por dia. Quantidade equivalente a 80% do volume de antes da pandemia. Ele afirma que analisa as demandas constantemente para determinar novas linhas e horários.

Já a secretária de Educação e Desporto Adriane Silveira ressalta que a falta de vagas em escolas próximas às moradias é um problema comum na maioria das cidades e que a Prefeitura busca sanar esse déficit com a contratação de vagas em escolas particulares.

Na mesma linha, a secretária da Saúde Roberta Paganini atribui a dificuldade de acesso a Unidades Básicas de Saúde à expansão urbana da cidade, com limitação de cobertura das equipes. Para diminuir o problema, a secretária afirma estar sendo finalizado o projeto de uma nova territorialização das UBSs, reorganizando a cobertura de cada unidade.

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