Interdição

Clínica de reabilitação é interditada pela Vigilância Sanitária

Com quatro meses de funcionamento, local teve interdição cautelar por 90 dias, prazo para regularizar a atividade

Foto: Divulgação - A clínica apresentava más condições de higiene e sanitária, além de falta de documentação


Uma clínica de reabilitação, localizada na rua Paulo Ary Maciel Drews, localizada próximo ao Laranjal, foi interditada nesta terça-feira (25) pela manhã em uma ação conjunta da Vigilância Sanitária, Secretaria de Assistência Social (SAS) e Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). O motivo é as más condições de higiene e sanitária identificadas pela fiscalização, além de falta de documentação em geral.

Os internos foram levados para uma casa de passagem da SAS, onde guardaram pelos familiares para voltarem para suas casas. A interdição cautelar é de 90 dias e, para voltar ao funcionamento, a clínica precisará regularizar a situação junto à RDC-29, legislação que regulariza o funcionamento das atividades terapêuticas.

Segundo o técnico Juliano da Silva, do setor de Alta Complexidade da SAS, foram identificadas várias irregularidades, como medicamentos sem receita, receitas vencidas, aplicação de medicamentos feita pelos próprios internos, além de maus-tratos e cárcere privado. “Não existe técnico de enfermagem ou mesmo um enfermeiro para dar a medicação e cuidar dos internos. A denúncia também é de que a profissional médica que atende a clínica vem somente no acolhimento, no momento em que chega o interno, não pedindo nenhum exame para o controle da dosagem dos medicamentos.”

Silva disse ainda que foi constatado que não havia acondicionamento de alimentos e que havia relatos dos internos de cárcere privado, sem acesso aos seus familiares. “Pedimos então um efetivo da Guarda Municipal e da Brigada Militar para coibir essas práticas.” Silva observa ainda que a clínica funciona há quatro meses, porém sem nenhum registro. “Nossa obrigação é averiguar as denúncias e constatamos também, através de relatos de internos, que não há um trabalho terapêutico. Há relatos até de que se pedem para falar com a família são espancados”, relatou o técnico da SAS.

Clínica nega irregularidades
O coordenador da clínica, Marlos Bandeira, negou que houvesse maus-tratos no estabelecimento. “Não existe nada disso. A única situação envolvendo algum tipo de desentendimento aconteceu entre um interno e um monitor, e este já foi afastado há mais de sete dias”, relatou. Quanto às demais denúncias, afirmou que o local tem boa estrutura. “Tiramos o usuário das ruas, oferecemos comida, banho quente, damos um bom tratamento, oferecemos tratamento psicológico e médico”, sustentou.

Sobre a medicação, argumentou que um dos monitores da casa tem curso em fármaco dependência e que este funcionário seria o responsável por medicar os internos. Disse ainda que tem licença da Prefeitura e dos Bombeiros para trabalhar com a clínica, faltando apenas o alvará sanitário. “Eu não sabia que dava para tirar todas as licenças juntas”, justificou. Bandeira frisou que foi usuário de crack e está há quatro anos sem usar nada. “Eu abri esse local com o intuito de ajudar outras pessoas. Agora, com o fechamento, 20 pessoas que estão se recuperando do uso de crack e outras substâncias vão voltar para as ruas.”

Nesta terça, um dos internos estava completando dois meses sem o uso da substância. “Fiquei cinco anos e três meses limpo. Recaí e agora estou há dois meses sem usar.” Outro, lamentou o fechamento por ser “a primeira vez que entro em uma clínica e quero ficar, pois é a primeira que está me ajudando de verdade”.

O interno que teria sido alvo dos maus-tratos denunciados é de Arroio Grande e estaria pagando R$ 1.750 por mês para ficar no local. “Eu estava no uso de cocaína, nasceu meu filho e pedi para me internar. A clínica em si é boa, mas o monitor era violento. Eu estava pagando para apanhar”, contou.

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