Cidade
Coletoras mudam mas o vandalismo não
Até a tarde desta quinta, duas haviam sido perdidas por acidentes de trânsito, uma furtada e pelo menos nove depredadas
Carlos Queiroz -
"A cidade é uma construção permanente e coletiva.”
A frase atribuída à prefeita Paula Mascarenhas é lembrada pelo diretor-presidente do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep), Alexandre Garcia, ao comentar a destruição dos novos contêineres causada por ação humana. Menos de 20 dias após a substituição das lixeiras, já foi contabilizada a danificação de 1,5% destes materiais.
Até a tarde desta quinta-feira (16), duas coletoras haviam sido perdidas por acidentes de trânsito, uma furtada e pelo menos nove haviam sofrido ação de vândalos - totalizando 12 coletoras a menos para a população. A Litucera Limpeza e Engenharia Ltda, empresa responsável pelo trabalho de conteinerização, finalizou a recolocação das 850 novas estruturas desde o dia 4 deste mês. A partir desta data, é possível considerar a média de uma lixeira perdida por dia.
Diferentemente das coletoras anteriores, as novas são feitas de um material mais leve e possuem rodinhas maiores e aparentes. Por conta disso, diversos casos são recebidos diariamente através do telefone da Guarda Municipal. No último domingo, o vídeo de uma pessoa utilizando a nova coletora para transportar uma cama box foi divulgado nas redes sociais. O flagrante na região do Porto gerou indignação na população; mas os danos não pararam ali. Somente na última quarta-feira coletoras da General Neto, entre as ruas 15 de Novembro e Andrade Neves, e da Floriano, quase com esquina Marechal Deodoro, foram destruídas por colocação de fogo.
Todo o material danificado já foi substituído. Moradora de um condomínio em frente a uma das coletoras atingidas pelo vandalismo, Daniela Flores lamenta o acontecido, já que todo o lixo produzido pelas famílias vizinhas a sua é depositado em duas lixeiras na área. Por outro lado, a agilidade na troca do material danificado a admirou. “Eles colocaram o número para denúncias bem grande nos lixos, o pessoal ligou e em seguida já trocaram, foram bem eficientes”, elogia.
De acordo com Garcia, todas as ocorrências de vandalismo ocorreram no centro da cidade, onde todos os materiais já foram repostos. Os demais bairros que recebem a coleta conteinerizada - Guabiroba, Cohab Lindóia e Pestano - possuem um histórico considerado desejável com as coletoras, mas ainda precisam de atenção na colocação indevida de lixo reciclável no material que é projetado para receber apenas lixo orgânico domiciliar.
O contrato assinado pelo Sanep com a empresa responsável já previa a atual situação, pois pelo menos 15 coletores foram reservados para eventualidades. Menos de um mês em serviço, apenas três continuam disponíveis para troca, o que fez com que a gestão já procurasse aditivar o contrato para aumentar a disponibilidade de ter um material reserva. O valor unitário médio de cada contêiner é de R$ 1 mil.
Novo sistema
Desenvolvidas para receber apenas lixo orgânico - resíduos de origem vegetal ou animal, não recicláveis - as novas coletoras podem concentrar até mil litros de resíduos. Esta capacidade, mais baixa que a antiga, foi pensada para atender à nova demanda do processo de coleta, após as diversas denúncias de mau cheiro e proliferação de moscas com o processo antigo. Agora, regiões onde o serviço era realizado três vezes por semana, agora contam com recolhimento diário, enquanto outros locais são visitados pelos caminhões até duas vezes no mesmo dia.
Utilização inadequada
Esta semana a equipe que realiza o recolhimento dos resíduos precisou intensificar a limpeza de uma coletora localizada na Cassiano quase esquina com 15 de Novembro. Um grande volume de óleo de cozinha foi despejado diretamente no material por um restaurante, causando espanto nos profissionais. Eles consideram o local um dos mais precários na cidade, pois o resíduo orgânico disposto no entorno da lixeira obstrui a passagem de pedestres e causa poluição no local - enquanto materiais recicláveis tomam conta de todo o espaço disponível dentro da lixeira.
Na Guabiroba, a previsão de término para a substituição dos contêineres estava prevista para três horas após seu início, mas a quantidade de sujeira no local acabou dobrando o trabalho. Ao todo, foram retirados seis caminhões de entulho da localidade, apenas com objetos que não deveriam ser deixados ali, como móveis, estofados e eletrônicos.
O caso de uma caixa de papelão que envolvia um televisor de 55 polegadas dentro do contêiner é usado como exemplo de descarte indevido por Alexandre. Para ele, esta pessoa poderia dobrar a caixa e guardá-la até o dia em que a coleta seletiva passasse em frente a sua residência. “Intensificamos a coleta do lixo orgânico porque ele não pode ficar dentro das residências por muito tempo, mas o reciclável tem essa vantagem, por isso ele deve ceder espaço dentro das coletoras”, explica.
O reciclável é considerado volumoso, mas seu peso é baixo. Diariamente são recolhidas seis toneladas deste tipo, enquanto o orgânico registra de 180 a 200. O Sanep explica que atualmente é inviável conteinerizar o lixo reciclável - já que, ao colocá-lo no caminhão e realizar o esmagamento do conteúdo, este não pesaria quase nada. Se este tipo de coleta fosse implantado, seriam necessários três caminhões exclusivos para a atividade e estes circulariam com menos de um terço da sua capacidade - já que os dois tipos de resíduos não se misturam.
A coleta seletiva funciona em locais onde existe o recolhimento conteinerizado. “Precisamos que a população nos ajude, não colocando material indevido nas lixeiras novas”, diz Alexandre, acrescentando a importância das denúncias de vandalismo que podem ser feitas através do 153. Ao ouvir a música da coleta seletiva, o cidadão tem a possibilidade de levar o material que quiser colocar fora até ela, o que é considerado o ideal pelo Sanep. A coleta manual deste lixo seco ocorre de duas a três vezes por semana nos bairros. Porém, restos de móveis e objetos pesados têm o descarte recomendado no Ecoponto, localizado na avenida Juscelino K. de Oliveira, 3.195.
Frágil?
A fragilidade da nova coletora é frequentemente questionada pela população. Para o gerente da Litucera, Luis Henrique Mota, “a durabilidade das lixeiras depende de quanto tempo a população vai cuidar delas”. As lixeiras antigas tinham custo alto de manutenção e já causavam problemas nos caminhões, por isso seu material é mais leve. Atualmente são 17 veículos que revezam a circulação de oito veículos nas ruas.
Para Garcia, os eventuais acidentes de trânsito que envolvem as coletoras passam a ter um maior dano ao departamento, mas um menor à população, já que o antigo material possuía uma estrutura pesada, de ferro, e causava grandes problemas nesses imprevistos.
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