Ciências Naturais
Com 46 anos de história, museu Carlos Ritter continua atraindo bom público
Órgão da UFPel, visitado principalmente por escolas, Museu necessita de investimentos e de mais funcionários
Jerônimo Gonzalez -
Atualmente com exposição sobre fósseis, o Museu de Ciências Naturais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), localizado na Santa Tecla, teve no primeiro semestre de 2016 mais visitantes do que o mesmo período do ano passado. Faltam, porém, maiores investimentos para que o local, um dos únicos do gênero no país, receba interessados da melhor forma possível.
Órgão do Instituto de Biologia da universidade, o museu surgiu em 1970 a partir da coleção pessoal do empresário Carlos Ritter (1851 - 1946), fundador da cervejaria Ritter e autodidata naturalista. Além de diversos animais taxidermizados, fósseis e explicações sobre a fauna, ele reuniu também seus famosos mosaicos em que retratava os pontos turísticos de Pelotas a partir da utilização de insetos. São atualmente seis mil itens, sendo, destes, 4,5 mil insetos, fazendo o acervo da espécime no local um dos maiores do país - entomologista da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem), o professor Ceslau Maria Biezanko, o enriqueceu. Há ainda grande quantidade de aves, mamíferos, répteis e peixes.
Em 2009, porém, a situação do Museu Carlos Ritter se complicou. O antigo prédio, na Marechal Deodoro, começou a apresentar deterioração, principalmente no telhado e na rede elétrica, fazendo com que a visitação fosse suspensa. O imbróglio forçou a mudança para a Barão de Santa Tecla em maio de 2010 e a nova casa, embora mais espaçosa - dispõe inclusive de mezanino que atualmente abriga a parte administrativa -, carecia de material para expor as peças, um problema vigente até os dias de hoje, seis anos depois. Além disso, os atuais funcionários acreditam que na nova sede o museu está "escondido" da população, o que ocasionou brusca diminuição no número de visitantes.
A principal deficiência apontada pelos funcionários, porém, é a falta de pessoal, até hoje um problema. Até a metade do ano passado, o Carlos Ritter era carente de taxidermista, museólogo e restaurador. A contratação de Carolina Silveira, para o cargo de técnico-administrativo da instituição, diminuiu o fardo, mas ela mesma sublinha o problema, acrescentando outra necessidade: um coordenador pedagógico para que as visitas das escolas tenham melhor desempenho. Atualmente, incluindo a vigilância, o museu conta com cinco funcionários.
"A gente batalha muito", diz José Adair da Fonseca. E os 40 anos de casa já o permitem ter decorado a história de alguns dos animais, sobretudo as aves. "Pra pintar o prédio tivemos que usar tinta da minha casa. Sempre foi tratado com pouco interesse", lamenta.
Bons números
Apesar dos problemas estruturais, o Carlos Ritter vive boa fase no que diz respeito às visitações. O primeiro semestre de 2016, com 2.234 pessoas, superou - e muito - o mesmo período do ano passado: 865. Carolina credita os números às atividades promovidas junto à sociedade, como a Semana dos Museus, realizada entre 16 e 20 de maio. Só neste evento a instituição recebeu 760 visitantes.
Exposição atual
Em homenagem ao Dia do Paleontólogo, comemorado em 15 de junho, até esta sexta-feira (15) o Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter recebe a exposição Os fósseis, com itens em sua maioria pertencentes ao período Triássico e explicações sobre paleontologia, tipos e etapas de fossilização de cada época.
Os itens que compõem a mostra se destacam por ser peças oriundas de formações geológicas do estado do Rio Grande do Sul, como o esqueleto parcial de um dicinodonte do Triássico da Formação Santa Maria, o mesosaurus, da Formação Irati, e fragmentos de troncos mineralizados.
Durante a exposição, os alunos das escolas que visitam o museu, além de aprenderem com o acervo, recebem palestra ministrada por estudantes da UFPel envolvidos na recente descoberta da Paleotoca, no distrito de Monte Bonito. Trata-se de um túnel de oito metros de comprimento apresentando no seu interior marcas de garras e pegadas e um abrigo para filhotes de Propraopus sp, espécie de tatu gigante. A descoberta se deu durante as obras de duplicação da BR-116/392, executadas pelo Dnit, e confirmada pelo Núcleo de Estudos em Paleontologia e Estratigrafia (Nepale) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Com vídeos e explicações sobre paleontologia, dia 5 de julho foi a vez da acadêmica do curso de Biologia da UFPel, Thamires Barbosa, conversar com os estudantes do quarto ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Zilda Morrone. Para ela, esses encontros são importantes se vistos como uma oportunidade para os dois lados. "Normalmente a gente passa o conhecimento adquirido para a sociedade através de artigos acadêmicos. No Museu a maneira é mais acessível", comenta.
Visitações ao Museu Carlos Ritter
Primeiro semestre de 2015: 865
Primeiro semestre de 2016: 2.234
Algumas preciosidades
- A coleção de aves é a segunda maior do Brasil, com cerca de 650 espécies
- Os insetos são 4,5 mil
- Logo na entrada estão os mosaicos feitos com insetos por Carlos Ritter, formando monumentos históricos de Pelotas
O Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter se encontra na rua Barão de Santa Tecla, 576. O horário de funcionamento é das 9h às 16h. Agendamento de escolas pode ser feito pelo telefone (53) 3222-0880.
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