O gás liquefeito de petróleo (GLP), mais conhecido como gás de cozinha, é um dos itens básicos da vida dos brasileiros. O impacto deste produto no bolso está sempre no radar da comunidade e, no início deste ano, não é diferente. Em alguns Estados do País, já houve aumento na primeira semana de 2024, o que provoca o questionamento: vai subir o preço do gás por aqui também?

O doutor e professor do departamento de Economia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Daniel Uhr, responde que, para este ano, já existem, sim, alguns aumentos esperados. "Primeiramente, devido ao retorno da incidência do PIS/Cofins, o que pode resultar em aumento aproximado entre R$ 2 e R$ 3 no preço final. Além disso, a partir de 1º de fevereiro, os Estados começam a aplicar novas alíquotas de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o GLP. Assim, os preços no Rio Grande do Sul vão depender também desse aumento", explica. Fora disso, para o especialista, não há expectativa de outros choques significativos de preço.

Uhr resume que o custo do GLP é impactado por fatores como a oferta e demanda, as condições do mercado internacional de energia, as variações nos preços do petróleo, as políticas governamentais e outros. Em 2023, houve queda do preço de realização do produtor, no entanto, o bolso de quem consome não foi tão impactado devido ao aumento do ICMS e da Margem Bruta de Distribuição. "Para o Rio Grande do Sul, a lógica dos preços segue parecida com a média brasileira. Em termos gerais, os preços de 2023 mostram um comportamento de queda sistemática nos preços do produtor, e um repasse leve para o consumidor final. Logo, as variações de preço dentro de 2023 foram benéficas ao consumidor final", avalia Uhr.

Números em Pelotas

O Procon Pelotas é responsável por uma pesquisa mensal dos valores encontrados nas distribuidoras de gás pelotenses. O levantamento considera o valor do botijão de 13 quilos, mais utilizado em residências, quando há entrega na casa do consumidor e quando o consumidor busca o produto. No último mês do ano, a média de preços foi de R$ 115,44 (com entrega), R$ 102,73 (sem entrega) e R$ 109 entre as duas formas de compra. No Brasil, a média de preços é de R$ 100,98 e, no Estado, de R$ 105,22.

O coordenador executivo do órgão no Município, Enéias Clarindo, explica que a preocupação da fiscalização é com o cumprimento dos valores estabelecidos pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), e não necessariamente com a variação de preços. "É um produto tabelado pela ANP, a gente acompanha quando a agência anuncia aumentos ou retira taxações para saber se os fornecedores cumprem com esses valores", diz. Na avaliação dele, os valores são cumpridos em Pelotas. "A gente percebe essa fidelidade às orientações da Petrobras e da Agência. Não tem nenhuma discrepância. Até porque há concorrência. A pesquisa [do consumidor] também faz com que o preço seja justo", avalia Clarindo.

Como se comportou o preço do gás em 2023 em Pelotas?
- Média de março a dezembro dos botijões de 13 quilos: R$ 114,30 com entrega e R$ 102,61 sem entrega
- Entre março e dezembro, o menor valor encontrado no GLP com entrega foi em julho, com o botijão de 13 quilos a R$ 100. O maior valor foi em maio, quando houve venda do produto a R$ 128.
- Já os botijões de 13 quilos sem entrega, no mesmo período, tiveram o menor valor em outubro, saindo por R$94,90. O maior foi em abril, custando R$115.
Fonte: Procon Pelotas