Manifestação
Comunidade cobra soluções após interdição de escola estadual em Jaguarão
Alunos, professores e familiares organizaram manifestação na quarta-feira para denunciar descaso do Estado com a escola
Foto: Divulgação - Pais, alunos e professores carregavam cartazes chamando atenção para a situação da escola
Nesta quarta-feira (6), a tarde foi marcada por manifestações em Jaguarão. Em frente ao Colégio Estadual Carlos Alberto Ribas (Cecar), professores, alunos e pais cobraram providências para os problemas estruturais que, pela segunda vez nos últimos anos, suspenderam as atividades da escola. Os alunos estão sem aulas desde o dia 1º de setembro e não há, ainda, previsão de retorno presencial das atividades.
"O principal objetivo foi mobilizar a comunidade. O que se percebe é que, enquanto está funcionando, ninguém presta atenção. Na prática é isso. A ideia toda é ser ouvido", comenta um dos professores da escola, Jáqueson Urtassum. Segundo ele, o colégio enfrenta problemas estruturais desde meados de 2014. Instalado em um prédio histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a estrutura principal foi interditada ainda em 2016 devido ao risco de desabamento. À época, uma casa ao lado foi alugada pelo Estado para abrigar salas de aula.
Desde então, parte dos cerca de mil alunos foram remanejados para outras duas escolas estaduais na cidade. Atualmente, em torno de 530 alunos ainda estudam no Cecar. Dessa vez, a vistoria do Corpo de Bombeiros interditou também a área anexa ao prédio antigo pelo risco de ser atingida em caso de desabamento. A reportagem buscou contato com a direção do Cecar mas, até o fechamento desta edição, não houve retorno.
Mobilização do Município
Diante dos problemas enfrentados no Cecar, a prefeitura de Jaguarão também se mobilizou. Após a interdição da última sexta-feira, o prefeito Rogério Cruz (MDB), esteve em Porto Alegre para discutir soluções junto ao Governo do Estado. "Desde 2017 temos discutido fortemente essas questões com o Estado e não houve avanço. Agora, me demonstraram a possibilidade de um contrato emergencial para contenção da escola e nós estamos aguardando", comenta o prefeito. Segundo Cruz, a bronca também vale para um outro prédio histórico de Jaguarão. "Tem outro prédio estadual, que era a antiga inspetoria veterinária, em estado precário. A inércia do Estado tem nos preocupado muito nesse sentido", avalia.
A procuradora geral do Município, Silvia Gonzalez, também explica que o Município ingressou, ainda em 2022, com uma ação civil pública de obrigação de fazer contra o Estado, pedindo a contenção do prédio. Segundo ela, uma liminar, de maio do ano passado, chegou a dar prazo de dez dias, mediante multa, para o Estado apresentar o projeto e iniciar as obras, mas nada foi feito. "Também entramos com um pedido de dano moral coletivo contra a população, que corre sério risco de vida, porque se o prédio desaba e tem alguém passando, pode realmente levar a óbito", acrescenta. Silvia, que tem quatro filhas estudando no Cecar, diz que a indignação da comunidade escolar é com o descaso recorrente com a escola. "São anos de descaso, tanto com a educação, quanto com o patrimônio público", lamenta.
O que diz o Estado
Em nota, as secretarias da Educação e de Obras Públicas informam que o projeto de estabilização da fachada do prédio do Colégio Estadual Carlos Alberto Ribas já foi concluído e está em fase de orçamentação. O texto afirma que a obra será realizada em caráter emergencial e que também serão feitos projetos para a estrutura da cobertura e os assoalhos. A interdição, feita pelo Corpo de Bombeiros após vistoria solicitada pelo Ministério Público, afetou a área anexa ao prédio, onde ocorriam as aulas, por conta da possibilidade de ser atingida em um possível desabamento. A secretaria disse, ainda, que os alunos terão atividades remotas até a realocação em outro espaço e que, posteriormente, serão desenvolvidos projetos e executados serviços para a recuperação do prédio, que é tombado pelo Iphan.
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