Intercâmbio
Conhecendo uma nova cultura e uma nova língua
Cerca de 200 estudantes estrangeiros fazem parte da comunidade acadêmica da Universidade Federal de Pelotas
Foto: Carlos Queiroz - DP - Chineses vieram da província de Sichuan e irão praticar português e realizar imersão na cultura local
Uma experiência de aprendizado em um novo País, com uma língua e uma cultura totalmente diferentes. Se aventurar para um lugar desconhecido a milhares de quilômetros de casa exige coragem. Em Pelotas, pelos espaços da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), é possível identificar os olhares curiosos de quem está explorando terras que até então eram completamente desconhecidas. No mês passado, por exemplo, um grupo de 12 alunos chineses chegou à universidade para um período de mobilidade acadêmica.
De fevereiro a setembro, o grupo de estudantes da Sichuan University of Science and Engineering (Suse), situada em Zigong, na província chinesa de Sichuan, irão praticar português e estar imersos na cultura brasileira - e gaúcha. Na instituição de origem todos cursam licenciatura em língua portuguesa e, chegando ao último ano de estudos, viu-se a necessidade de uma imersão linguística. A oportunidade surgiu através de um acordo de cooperação entre as universidades assinado no final de 2022.
Segundo a coordenadora do Centro de Relações Internacionais (CRinter) da UFPel, Renata Bielemann, o convênio inicial de cinco anos prevê a vinda de até 12 estudantes anualmente, assim como em breve será aberto um edital para que alunos daqui tenham a oportunidade de ir para a China. “No Campus Anglo os alunos já identificam o grupo. Tem sido uma experiência marcante para a nossa comunidade acadêmica e acredito que para o grupo também”, relata.
A fala da coordenadora se confirma através do relato dos estudantes chineses. Calçando chinelos - o que no exterior é considerado uma marca da cultura brasileira -, eles parecem bastante à vontade com a nova vida. A maior dificuldade, segundo eles, tem sido a culinária, sentem falta de comida da terra natal. Entretanto, já adicionaram novos gostos ao cardápio, como açaí e churrasco.
A saudade da família está bastante presente, mas o que não falta é companhia para aproveitar os dias. Dez deles estão compartilhando moradia na Casa do Estudante, os outros dois foram para outra casa e recebem auxílio financeiro da UFPel para custear a estada. Por isso, com o tempo, eles têm construído novos laços. Com os amigos brasileiros, o grupo já conheceu a praia do Laranjal, visitaram bares e casas noturnas do Município e aproveitaram as festas de Carnaval.
Rui, nome ocidental adotado por um dos intercambistas, explica que durante as aulas de português na China os professores tratam o Brasil como um “paraíso” e que isso despertou a curiosidade e vontade de conhecer o País. “Todos nós nos adaptamos rápido aqui”, relata.
Quanto à universidade, os estudantes têm tido aulas diversas dos cursos de português, inglês e turismo. Além disso, estão participando do programa Idioma Sem Fronteiras, como parte da preparação para realização do teste de proficiência em língua portuguesa, o Celpe-Bras, muito importante para a formação.
Portas abertas para vários programas
A Universidade Federal de Pelotas recebe estrangeiros para mobilidade acadêmica nos cursos de graduação, mestrado e doutorado, e para pós-graduação co-tutela (que emite certificado de formação pela universidade de origem e a pela estrangeira). Também há possibilidade de realizar um curso completo. Atualmente a instituição tem cerca de 200 alunos de países como Colômbia, Holanda, China e Venezuela estudando em alguma modalidade.
É o caso de Javier Rodriguez, colombiano que vive no México e atualmente faz doutorado em Ciências da Enfermagem pela Universidad de Guanajuato. Há pouco mais de uma semana ele veio para Pelotas para realizar o programa de doutorado co-tutela na UFPel, sendo o primeiro estrangeiro a fazer esse tipo de atividade dentro do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da instituição.

A sua tese de doutorado tem como tema a introdução da sustentabilidade nos hospitais. Javier escolheu o Brasil para essa experiência pela influência do País dentro da América Latina, que considera ter grande diversidade ambiental e possui o maior número de hospitais “verdes”. Já a escolha da universidade para o desenvolvimento do projeto ocorreu através do conhecimento de que na UFPel há lideranças da Rede Latino-Americana de Enfermagem Familiar, da qual o mesmo já participava no México.
Para além do ambiente universitário, o seu desejo é aprender o português e ter novas vivências culturais. Apesar de estar há pouco tempo aqui, algumas coisas já chamaram atenção. “O sistema de educação totalmente gratuito não existe em outros países da América Latina. E aqui, além disso, há todo um atendimento de alimentação, transporte… não há igual em outros países”, explica Javier.
Segundo ele, a adaptação em Pelotas está sendo tranquila uma vez que, apesar de falar espanhol, sente que em todos os lugares as pessoas são receptivas e se esforçam para compreendê-lo. Além disso, tem percebido que a culinária daqui possui semelhanças com a colombiana. “Gostei do sistema de ciclovias, tenho andado muito de bicicleta. Já conheci a praia do Laranjal e achei muito bonita. Também gostei do Mercado Central e de todo o centro”, relata ele sobre a sua breve experiência no Município.
Suas expectativas para os próximos meses são aprender português e adquirir o máximo de conhecimentos acadêmicos e culturais. A longo prazo, seu desejo é retribuir à UFPel por ter aberto as portas para recebê-lo, com formação de parcerias para pesquisas e projetos educacionais que liguem México e Brasil.
Como estudar em outro país
A mobilidade acadêmica é a possibilidade de realizar um período de estudos em uma instituição estrangeira a partir de acordos de cooperação. A UFPel possui parcerias com a concessão, ou não, de auxílios, em universidades de 26 países. Para isso, além de ser estudante da instituição, é necessário ter atingido a maioridade de acordo com as regras do país de destino, não estar cursando nem o primeiro, nem o último semestre do curso de graduação e ter no mínimo um conhecimento intermediário do idioma em que as aulas serão ministradas.
No site da CRinter há sempre informações atualizadas dos editais que estão abertos, bem como outras oportunidades de bolsas de estudo no exterior e vagas em cursos de línguas estrangeiras.
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