Leitura
Contação de histórias para crianças da Casa Santo Antônio do Menor
Livro As aventuras de Lu, que destaca a trajetória da ativista social Luciana de Araújo, foi lido e distribuído para a gurizada
Foto: Carlos Queiroz - DP - Os pequenos conheceram a história através de contato direto com o autor da obra e com a madrinha da instituição
Uma iniciativa de incentivo à aproximação das crianças com a literatura e com a história de uma importante personalidade negra do ativismo social pelotense. Essa foi a atividade promovida para dezenas de alunos da Casa Santo Antônio do Menor, na tarde de ontem. A obra infantil As aventuras de Lu foi contada pelo autor e patrono da Feira do Livro, Jorge Braga, e pela madrinha da instituição, Júlia Gomes.
Por incrível que pareça, prender a atenção de um grande grupo de crianças entre três e cinco anos de idade não foi tarefa difícil. Durante vários minutos, elas escutaram atentas a história contada pela madrinha da Casa Santo Antônio do Menor, Júlia Gomes, de 13 anos de idade. Antes de iniciar a leitura, os pequenos tiveram ainda uma introdução sobre o livro - que trata da história da ativista social Luciana de Araújo - feita pelo próprio autor da obra, Jorge Braga.
A leitura foi permeada pela apresentação e explicação sobre as ilustrações de As aventuras de Lu para o público que observava cada detalhe. Após a história, o autor distribuiu um exemplar para cada uma das crianças, que usaram o livro como inspiração para a próxima atividade: colocar a imaginação no papel com muitos lápis coloridos.
Madrinha há um ano, Júlia diz que não tinha o hábito de ler, no entanto atividades como essa estão a incentivando a se dedicar a leitura cada vez mais. “Estou vendo a importância da leitura. Estou lendo dois livros atualmente e esse projeto além de incentivar a elas [crianças] está me incentivando a ler mais para melhorar a escrita e a fala”.
Já os amigos Guilherme Machado e Laís Custódio, ambos de cinco anos, contam que gostaram muito dos desenhos da personagem. “A menininha é muito bonita e ainda tem marcador [de página]”, aponta Laís. Já Guilherme ressalta que gostou que todos ganharam livros e que costuma ouvir as histórias contadas pelas professoras. “Porque eu ainda não sei ler”, explica. Entre um desenho e outro, Braga autografava os exemplares. Atualmente, a Casa Santo Antônio do Menor atende 55 crianças.
Luciana de Araújo
O livro As aventuras de Lu traz a história da ativista social Luciana de Araújo. Porto-alegrense e filha de mãe escrava, ela chegou em Pelotas no século 20 e se deparou com inúmeras meninas órfãs. Naquele momento, Luciana estava doente e, ao ser impactada pela situação das crianças, fez uma promessa a São Benedito de que, se curada, ajudaria os necessitados. A ativista fundou, então, o asilo de órfãos, acolhendo inúmeras meninas negras. Posteriormente, também fundou um orfanato em Bagé. “Acolheu filhas de ex-escravos que estavam passando frio e fome. Não satisfeita, ela também leva esse acolhimento a meninas de Bagé. A história dela é inspiração. Eu estou apenas trazendo à luz”, destaca Braga.
A escolha de contar a trajetória de Luciana em um livro infanto-juvenil ao invés de uma obra voltada a adultos tem o propósito de realizar uma inversão de informação, aponta o autor. Por se tratar de uma personalidade desconhecida, Braga quis levar o conhecimento sobre ela às crianças para que elas repassem o conhecimento.
Contato com a leitura
Patrono da Feira do Livro de Pelotas deste ano, o autor ressalta que o contato das crianças com livros desde cedo é essencial para tornar a leitura parte da vida delas. “É importante que eles tenham essa aproximação, que haja algum adulto que leia para eles em que possam se espelhar para adquirir o interesse pela leitura. Nós somos o que lemos”, afirma.
Livros infanto-juvenis sobre personalidades negras
As aventuras de Lu faz parte de um projeto de dez livros sobre personalidades negras que tiveram relevância em Pelotas no século 20. A segunda obra já está próxima de ser finalizada e aborda os feitos do pintor Miguel Barros. A iniciativa de Braga tem o propósito de inserir a coletânea de histórias primeiramente nas escolas do município. “A minha ideia é atingir os alunos e posteriormente o público em geral. Queremos levar para eles o conhecimento sobre a vida dessas personalidades que estão esquecidas”, conta.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário