Atenção
Cuidado para não cair
Nos últimos dez dias dois veículos tombaram no canal do Pepino; estudante relembra acidente que a deixou com sequela
Infocenter -
Agosto não é propriamente um mês de boas recordações para a estudante Gabriela Ribeiro, 23. Há cinco anos ela sofreu um acidente que trouxe muitas complicações e a deixou com sequela. Estava de mototáxi quando um carro bateu na motocicleta e jogou o motorista e ela no Canal do Pepino. Nos últimos dez dias, dois veículos também caíram no local que, segundo pesquisa feita por estudantes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), tem alta contaminação de coliformes fecais.
Gabriela mora próximo ao canal, viu na semana passada um carro lá dentro e voltou à cabeça tudo o que passou. Foram dois meses hospitalizada, devido a uma fratura exposta no pé e uma infecção violenta provocada por bactérias. Durante muito tempo ficou em cadeira de rodas e depois precisou usar muletas. Só se livrou delas no ano passado e perdeu o movimento do tornozelo. "Foi bem difícil. Fiquei quase uma hora lá dentro até ser retirada, em pânico, tinha muitos ratos. Sempre que passo por ali tenho medo, nojo", conta.
A mãe, Mônica Ribeiro, diz que Gabriela correu o risco de amputação do pé. O trauma foi tão grande que ela precisou fazer terapia. Teve síndrome do pânico. Já o mototaxista caiu por cima dela e nada sofreu.
Gabriela é uma das tantas pessoas que já caíram no canal. Não há, entretanto, uma estatística específica sobre acidentes no local. A Secretaria de Transportes e Trânsito (STT) não tem e a Brigada Militar levantou que neste ano foram registradas 29 ocorrências na avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, sendo 22 com lesões corporais e sete sem. Mas para saber quantas quedas teriam ocorrido no Canal do Pepino precisaria um trabalho de pesquisa mais demorado, segundo o subcomandante do 4º BPM, major Márcio André Facin.
Porteiro há 33 anos em um condomínio situado na frente do canal, Valdir Duarte Madeira já perdeu a conta de quantos carros caíram no local ao longo desse tempo. O também porteiro Solismar Duarte, de outro residencial localizado na frente do canal, trabalha há 23 anos no mesmo emprego e calcula que uns 15 carros devem ter caído no período. "Toda hora um cai", comenta o morador de um dos condomínios, João Gonçalves. Ele atribui os acidentes ao excesso de velocidade e à ingestão de bebida alcoólica. O mototaxista Valdir Peres trabalha em um ponto na avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira há seis anos e também já viu ou ouviu falar de quedas de veículos no canal.
Sem projeto
De acordo com o secretário de Transportes e Trânsito, Flávio Al Alam, não existe um projeto de guard rail para o Canal do Pepino. "Nunca fizemos essa avaliação. Para se colocar, teria de ser um bom. Tem que ser os de estrada, que são caríssimos. Teríamos que fazer uma avaliação melhor, é uma obra grande", destaca. Fechar também seria inviável financeiramente, por se tratar de um canal muito grande e largo, avalia o diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia. Salienta também que por ser um canal de drenagem pluvial, o ideal é ser aberto.
Cargas poluidoras de esgoto doméstico
O médico infectologista Alcino Alcântara Filho considera o problema pior do Canal do Pepino os emissores, ou seja, o esgoto. Salienta não ter conhecimento a respeito da flora bacteriana, mas acredita que pode existir uma proliferação muito agressiva, especialmente em fraturas expostas. O estudo feito pelos estudantes da UFPel em 2013 e apresentado em simpósio nacional destaca altas concentrações de coliformes fecais em todos os pontos amostrados do canal.
O Sanep não tem o controle total de ligações de esgoto irregulares que eventualmente possam existir na região e jogar no Canal do Pepino. 1396984945Não era para ter1396986481, observa Garcia. Na última limpeza foram retiradas mais de 70 cargas (caminhões) de sujeira e a indagação do diretor-presidente da autarquia é de como seria feito esse trabalho se o canal fosse fechado. Ficaria muito difícil e se trata de um trabalho necessário.
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