UFPel
Curso de Gastronomia sofre com verba menor
Como alternativa, alunos passaram a arrecadar dinheiro em eventos
Paulo Rossi -
Nos dias 18 e 25 de julho, alunos e professores do curso de Gastronomia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) organizaram duas edições do evento Chefs na Rua, no Campus Anglo. A atividade propõe ganho de experiência dos estudantes na produção e venda de pratos. Mas, além disso, possui um propósito maior. O valor arrecadado irá para auxiliar o curso, que sofre com a falta verba para a compra de insumos, ou seja, os alimentos necessários para desenvolver as receitas.
Caldinho de feijão, sanduíches, brigadeiro e pão de queijo foram alguns dos lanches no menu, além de café e refrigerante. Cada aluno tirou um pouco de seu bolso para poder preparar o cardápio. O dinheiro será reposto com o lucro e as turmas pretendem encaminhar o restante como doação para o curso - foram arrecadados R$ 834,00 ao total. Com parte do recurso, os estudantes fizeram a compra de equipamentos como maçarico, panelas e outros utensílios. O resto irá custear demais atividades do tecnólogo.
João Müller, acadêmico do 4º semestre, é um dos estudantes que se sentem afetados pela falta de verba. "Estou indo para o último semestre, onde temos muitas cadeiras práticas, mas falta o dinheiro para comprar os insumos", lamenta. O aluno também se preocupa com as aulas dos calouros, a ingressarem no próximo semestre - algumas serão apenas demonstrativas, sem, literalmente, botar a "mão na massa". "Se não praticarmos dificulta muito, já que é assim que a nossa profissão será."
Aulas demonstrativas já ocorrem em algumas preparações. Carla Prado, também aluna do 4º semestre, relata que quando o assunto é uma carne mais cara, o professor prepara e os alunos ficam apenas observando, "porque o curso não tem verba para comprar um pedaço de carne para todos", diz. Quando não é feito dessa forma, o professor apresenta uma aula teórica sobre as receitas de alto custo. Tudo isso faz com que a estudante de 22 anos se preocupe com o futuro na profissão: "O que nós não aprendermos aqui vamos ter que entender na marra depois", queixa-se.
Mariane Lindemann, coordenadora do tecnólogo, teme a situação do curso mas afirma que há alternativas sendo pensadas junto à gestão da UFPel. Ela afirma que está trabalhando juntamente com as pró-reitorias para que o curso não pare de funcionar. "Se algo não for feito, muito provavelmente o curso para", diz, lamentando o cenário incerto para o ano que vem. Para ela, a situação também acaba afetando a motivação dos estudantes em aula.
Uma das opções para sanar o problema se dá através de parcerias com empresas locais. De acordo com Silvana Paiva Orlandi, diretora da Faculdade de Nutrição, que abriga também a Gastronomia, a coordenação deve buscar ajuda com empreendimentos que possam doar os alimentos à UFPel. Ela admite que ainda não há dinheiro previsto para o segundo semestre do ano e espera que a gestão da universidade tenha sucesso em negociações junto ao Ministério da Educação.
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