Depois da retomada das aulas de 2016, nesta segunda-feira, agora o próximo passo aponta à definição do calendário acadêmico de 2017. Na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a expectativa é de que até o final deste mês, o Conselho Coordenador do Ensino, Pesquisa e Extensão (Cocepe) decida as datas que irão vigorar ao longo deste ano. A estimativa é de que, respeitados os prazos legais, os intervalos sejam curtos, para que as atividades avancem o mínimo possível sobre o verão de 2018. Até o momento só o começo do primeiro semestre de 2017 já está marcado: 24 de abril.

Na segunda-feira (6), durante a manhã, a movimentação ainda era baixa no Campus Porto. Nem parecia dia de voltar à sala de aula. A estudante de Engenharia Hídrica Tainã Soares, 22, foi uma das que ouviram o chamado e compareceu, com a expectativa de que a primeira semana seja dedicada à revisão de conteúdos, antes da aplicação de qualquer prova - conforme recomendação do Cocepe.

Os contratos de professores substitutos que se encerrariam em 31 de dezembro - enquanto corriam trâmites para novos docentes da UFPel assumirem seus cargos - foram renovados até 31 de março, para acompanhar o final do segundo semestre letivo de 2016. E, se necessário, na maioria dos casos, há possibilidade de outra prorrogação - explica o assessor do vice-reitor Luís Centeno do Amaral, Paulo Ferreira.

Já as situações em que eventualmente uma determinada disciplina fique em descoberto - enquanto o efetivo não retorna de seu afastamento (para qualificação, licença-saúde e licença-maternidade) e novo processo de seleção para substituto não é concluído - devem gerar replanejamento das Unidades - explica a pró-reitora de Ensino, Maria de Fátima Cóssio. “A orientação que estamos repassando às Unidades é que busquem um remanejamento interno, até que se consiga atender àquela necessidade. Sabemos que em determinada situação pode ser mais difícil.”

Matrículas seguem. A terça-feira também será reservada à matrícula de aprovados no Sistema de Seleção Unificado (Sisu). O antigo Campus II da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), recentemente alugado pela UFPel, segue como ponto de referência aos jovens. O local conta com infraestrutura específica para avaliação dos cotistas. Os alunos aprovados pela cota social preenchem formulário on-line e passam por entrevistas com assistentes sociais para verificação da condição socioeconômica. Os aprovados pela cota racial passam pela Comissão de Controle na Identificação do Componente Étnico-Racial, composta por 18 integrantes; representantes de alunos, servidores e indicados pelos Movimentos Sociais e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

No IFSul, dia de retorno e mais conversa sobre a ocupação
O dia era de retorno às atividades a cerca de 4,8 mil alunos, mas faixas e panfletos voltaram a chamar a atenção ao Movimento Ocupa IFSul, que acabou por se tornar o primeiro passo das mobilizações contra propostas do governo de Michel Temer (PMDB), no Campus Pelotas do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), em 16 de outubro. Em sala de aula, a segunda-feira serviu para reorganização de datas de trabalhos e de provas - conta a estudante de Química, Maria Antônia Vergara, 17. 

Quem participou da ocupação estudantil, admite: a retomada foi cercada de ainda mais entusiasmo; seja para agarrar-se ao aprendizado, seja para zelar pela instituição pública e de qualidade. “Quero fazer valer essa oportunidade. Me orgulho de estar aqui, com a certeza de que o IF é meu. É nosso”, resume o aluno de Design de Interiores, Leandro Nascimento, 18. E, enquanto se preparava aos novos desafios, aproveitava para distribuir material informativo com rápido apanhado dos porquês das manifestações de 2016, projeções para 2017 e um chamamento para mais adesão: ... A escola pertence ao estudante e por que não utilizar e protagonizar estes espaços? Esperamos encontrar você nas próximas reuniões e rodas de conversa do movimento para compartilhar conhecimentos e insatisfações e construir juntos a resistência.

Expectativa pela volta na segunda-feira
No Campus Visconde da Graça (CAVG/IFSul), a terça-feira será marcada pela volta de 1,1 mil alunos. Desde domingo, entretanto, os 90 internos já começaram a dar vida à instituição. Na segunda-feira, o Diário Popular conversou com um grupo de seis adolescentes de diferentes cidades da Zona Sul, ansiosos em dar início ao ano letivo de 2016, programado para começar em 31 de outubro: Gabriel Rodrigues, 16, de Herval, e Thalita da Silva de Mattos, 17, da localidade de Corrientes, no interior de Pelotas, de Vestuário; Natália da Silva Coelho, 17, de Piratini, Guilherme Fonseca, 16, de Cristal, e Érick de Almeida, 15, de Arroio Grande, de Agropecuária; e Renan Freitas, 15, do Chuí, matriculado em Agroindústria. Todos decididos a encarar o desafio de ingressar nos cursos técnicos, longe de casa.

Novo calendário
Ainda não há datas definidas, mas a estimativa é de que o primeiro semestre de 2017 comece só na primeira quinzena de julho. Em breve, representantes de alunos, técnico-administrativos e professores irão colocar a construção do novo calendário em pauta. Afinal, entre ocupação dos estudantes e greve dos servidores, foram 59 dias corridos longe da sala de aula; entre outubro e dezembro.

Planejamento
Com o cenário desenhado até este momento, as atividades irão se prolongar até 7 de julho. O segundo semestre letivo de 2016 está previsto para se estender entre 24 de julho e 20 de dezembro.