Assistência
Depois da chuva, dia é de monitorar o vento
Autoridades monitoram a chegada de um ciclone extratropical à região
Paulo Rossi -
Depois de um cenário preocupante com as cheias na Lagoa dos Patos e no canal São Gonçalo, esta quarta-feira (26), com a perda de força do vento Nordeste, trouxe alívio aos moradores da Barra, no Pontal. A estrada de acesso à comunidade, obstruída pelo avanço da Lagoa, viu a água recuar e o trânsito de veículos ser normalizado. No interior da local o acúmulo ainda era significativo, porém escoava com rapidez segundo informações da Defesa Civil. A situação, no entanto, segue monitorada pela Defesa Civil em função da chegada de um ciclone extratropical ao Estado, que pode trazer ventos de até 120 quilômetros por hora na cidade, segundo o MetSul.
Na Colônia de Pescadores Z-3 o quadro se repete. Apenas a localidade do Cedrinho, historicamente atingida pelas enchentes, registrou um certo acúmulo de água, porém sem atingir as casas ao redor. Com uma baixa registrada na Lagoa de 1,5 metro para 1,20 metro observada no início da tardedesta quarta, a tendência, afirma o coordenador da Defesa Civil, Paulo Darci do Santos, é de que a situação normalize dentro dos próximos dias.
Já na Barra do Pontal, a Lagoa mostrou mais força e avançou em pátios e algumas casas. Durante a madrugada de terça para quarta-feira, segundo o morador Eduardo Vaz, é que se registrou o maior volume de água no local, onde foi possível transitar em uma embarcação de pequeno porte. O pescador Antônio Lisboa conta que a noite trouxe apreensão e muito serviço, com a retirada de pertences e móveis para locais mais seguros da residência. “Quando tá assim a gente não dorme, né”, diz. O amanhecer, entretanto, trouxe alívio ao notar-se que a quantidade de água começava a diminuir.
De acordo com Darci, que tem feito o monitoramento de ambas as comunidades ao lado da equipe da Defesa Civil, o nível tem baixado rapidamente e, em função da perda da força do vento, deve manter-se assim. “Independentemente da direção, inclusive caso se mantenha Nordeste, se estiver em uma velocidade amena não há motivos para preocupações”, reforça.
Pedido de assistência
A maior preocupação dos moradores da Barra segue sendo a falta de assistência por parte da prefeitura que, após a retirada no último sábado da taipa construída na estrada para contenção das águas, não realizou qualquer outra ação preventiva. A intervenção foi considerada crime ambiental por sido feita sem licença e em uma área de preservação permanente. Além disso, a ação, segundo o ecólogo Marcelo Dutra, não atende a comunidade, por ser paliativa. “É uma área de alto risco de enchente, que deixa os moradores em grande vulnerabilidade. É necessário que algo seja feito de forma urgente e definitiva. A comunidade não pode continuar exposta às falhas de gestão e aos erros de decisão.”
Marcelo aponta a construção de um novo acesso ou então a edificação do atual, com uma melhor estrutura. O secretário de Serviços Urbanos e Infraestrutura, Luiz van der Laan, no entanto, diz que não há recursos para qualquer intervenção. “Mesmo longe do ideal, era algo para conter as águas. Fora a taipa, que era apenas uma proteção na estrada, ainda que não a melhor saída, não temos o que fazer.” Com relação ao problema, o secretário afirma poder apenas aguardar as águas baixarem e patrolar a estrada. Outras ações estão descartadas por falta de verba.
O alerta
Segundo previsão do MetSul, um ciclone extratropical formado sobre o Atlântico ao Sul/Sudeste do Chuí chega ao Estado, principalmente na Metade Sul com bastante força. O vento de Oeste a Sul vem acompanhado de uma forte massa de frio e, de acordo com a meteorologista Estael Sias, em Pelotas devem atingir até 120 quilômetros por hora. “São ventos circulares, que oscilam entre todas as direções acompanhados de um grande risco de danos.” Na sexta se espera vento bem mais fraco na maioria das cidades gaúchas, mas pontos próximos da costa na faixa Leste ainda devem ter rajadas, apesar de mais fracas. São aguardados possíveis transtornos como cortes de luz e quedas de árvores.
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