Impasse

Divergência no Carnaval de Pelotas ganha novo capítulo

Falta de acordo entre Assecap e escolas do grupo especial tem nova troca de acusações a menos de um mês da folia, além da troca de local

Foto: Jô Folha - DP - Três escolas do grupo principal e duas infantis pretendem fazer evento à parte

Por Lucas Kurz
[email protected]

O que era para ser só festa, tem sido rodeado de confusão. Se arrastando há meses, a falta de um acordo quanto aos repasses financeiros entre a Associação das Entidades Carnavalescas de Pelotas (Assecap) e representantes de três escolas do grupo especial e duas mirins segue sem definição e deverá ter novos capítulos nos próximos dias. Além disso, a folia mudou de lugar: apesar de ter sido anunciado para a avenida Juscelino Kubitschek, o Porto deverá seguir sendo o lar da festa, por questões de segurança.

Há menos de duas semanas o DP anunciava acordo para a realização da festa: três dias de desfile (24, 25 e 26 de fevereiro) com apresentação de bandas, blocos burlescos e escolas de samba mirim. Posteriormente, em 17 de março, o Grupo Especial faria a intitulada Noite das Campeãs, composto pelas escolas General Telles, Academia do Samba, Unidos do Fragata e as mirins Ramirinho e Mocidade do Simões. As datas permanecem as mesmas, mas o acordo não está definido.

Em documento que a reportagem teve acesso, em 15 de janeiro as cinco dissidentes pediram R$ 30 mil para cada escola do grupo especial e R$ 14 mil para as escolas mirins, prometendo evento de acesso popular, com ingresso mediante doação de alimento e/ou material escolar. Ou seja, receberiam R$ 118 mil da cota de R$ 350 mil que a Assecap terá, via Prefeitura, para a realização do Carnaval de Pelotas. A reportagem apurou que a ideia era realizar o evento do dia 17 na avenida Bento Gonçalves, em um trecho de 150 metros entre Marcílio Dias e o Hemocentro de Pelotas, com formato desfile e seguindo obrigatoriedades padrões, como mestre-sala e porta bandeira, comissão de frente, entre outros.

Porém…
Um documento encaminhado pela Assecap às cinco escolas estipulou os valores de R$ 20 mil para escolas de samba e R$ 10 mil reais para as escolas mirins. Ou seja, R$ 80 mil de repasse para a realização do evento. A atitude gerou revolta no grupo de cinco presidentes. Segundo o presidente da Unidos do Fragata, Edson Planella, haverá ainda nesta quarta-feira (31) um pedido de reunião junto à Câmara de Vereadores e a Secretaria de Cultura de Pelotas (Secult) para tentar sanar a questão. Ele acusa que o acordo foi fechado há duas semanas e que não foi cumprido.

Assecap rebate

Em nota enviada à reportagem, assinada pela diretoria da Assecap, é dito que a maioria das 27 entidades que representa decidiu pelo formato de realização em fevereiro. Ela acusa as cinco entidades de retirarem-se do desfile oficial para realizar um evento "ainda sem local e sem estrutura definida, muito menos plano de trabalho apresentado." Ela também associa a dificuldade para conseguir patrocinadores aos "ataques publicados pelas entidades que não irão desfilar." Por isso, diz que um plano emergencial foi criado para realizar a festa e, segundo a associação, um ofício assinado por todas as demais entidades foi enviado à Assecap e Prefeitura "pedindo para que não fosse cedida àqueles que não iriam contribuir com o espetáculo a verba destinada ao próprio espetáculo, e fosse cedida, sim, para a estrutura."

A Assecap continua a explicação dizendo que considerou todos os aspectos para tomada de decisão e, por isso, a opção pelos valores citados anteriormente. A explicação é dar a garantia para bandas, burlescos e demais escolas mirins participarem com valor na íntegra da sua subvenção, que é de R$ 6 mil. A entidade pede, ainda, que as escolas repensem sua posição.

Os demais valores serão destinados à formação de uma estrutura já que, sem patrocinadores, a Assecap terá que custear também essa parte do evento com a verba repassada pelo Município. Antes, a previsão é que todos os R$ 350 mil fossem repassados apenas como cachê das entidades que desfilariam.

Prefeitura evita posição sobre briga
Questionado, o secretário de cultura Paulo Pedrozo respondeu, via assessoria, que "a Secult tem conhecimento da discordância, mas isso é uma questão que deve ser resolvida dentro da Associação." "Oficialmente sabemos que teremos o Carnaval nos dias 24, 25 e 26 de fevereiro e, depois, haverá outro evento no dia 17 de março, em outro formato sobre o qual ainda aguardamos detalhes", disse.

A reportagem perguntou também sobre os valores. Segundo ele, a Assecap deve cumprir o Plano de Trabalho, ou seja, repassar a verba, de R$ 350 mil, à subvenção. Ele ressalta que, tendo sido consultado sobre usar parte da verba para estrutura devido à falta de patrocinadores e apoiadores, o Poder Público aguarda novo Plano de Trabalho, o que, quando apresentado, deverá passar por avaliação da Procuradoria Geral do Município.

Mudança de local
Por recomendação de órgãos de segurança, o local do Carnaval de Pelotas não será na avenida Juscelino Kubitschek, conforme anunciado. Ainda não há uma definição, mas a tendência deve ser o retorno à zona do Porto. A mudança se deu após reunião entre secretarias de Transporte e Trânsito, Segurança e Cultura, Brigada Militar e Assecap, para apresentação do croqui e do mapa do evento planejado para a avenida. Segundo a Secult, a BM não garantiu a segurança neste local e, por isso, a possibilidade de transferência é analisada. Na próxima semana, uma reunião para a apresentação do novo layout do Carnaval terá a confirmação do novo local, bem como a apresentação do Plano de Trabalho atualizado.

Enquanto isso, folia
Neste sábado o bloco Folia Pelotense abre o Carnaval de Blocos de Rua de Pelotas, iniciando na esquina da Xavier Ferreira com Tiradentes, seguindo pela Juscelino, até a quadra da Xavabanda. A concentração ocorre a partir das 14h.



Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Pelotas tem dezembro negativo na geração de emprego Anterior

Pelotas tem dezembro negativo na geração de emprego

Sindicato dos trabalhadores rodoviários recorre a mediação coletiva Próximo

Sindicato dos trabalhadores rodoviários recorre a mediação coletiva

Deixe seu comentário