Deslocamento

Duas linhas, uma só tarifa

A integração tarifária é uma das principais novidades do novo sistema de transporte coletivo em Pelotas; confira os detalhes no segundo capítulo da série

Jerônimo Gonzalez -

O novo sistema de transporte coletivo que começa a funcionar em Pelotas a partir deste domingo (31), gerenciado pelo Consórcio de Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP), prevê a integração tarifária, ou seja, a possibilidade do trabalhador utilizar duas linhas seguidas, em um tempo de até 30 minutos, e não pagar pelo segundo deslocamento. Por exemplo: se você reside no Areal e trabalha no Fragata, vai descer de um coletivo e entrar no outro. Passará o cartão nas duas vezes, mas no segundo trajeto o validador não descontará crédito, pois o equipamento entenderá se tratar de integração tarifária. Mas desde que o faça em um tempo de até meia hora entre descer de um ônibus e entrar no outro.

“Porque está indo no mesmo sentido”, esclarece o secretário executivo do CTCP, Enoc Guimarães. Na volta para casa o procedimento é o mesmo. Segundo ele, o itinerário máximo é o que o trabalhador fará, pois a matriz de integração faz a ligação. Como se trata de um novo sistema, com muitas reformulações, acredita que até o final do ano deverá estar funcionando a pleno, sem qualquer problema. “Os ajustes vêm com o tempo”, frisa.

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Vale salientar que são apenas dois ônibus que o trabalhador pode utilizar, dois na ida e dois na volta, em qualquer turno, inclusive na madrugada. Em um segundo exemplo, Guimarães comenta que se o trabalhador vem do Fragata e desce no Centro para pegar um outro veículo para o Laranjal, da mesma forma vai passar o cartão e não terá nenhum desconto na segunda linha. O sistema não permite, no entanto, que o usuário entre em um outro ônibus que não seja “para frente”. Caso ele venha do Laranjal e queira retornar em seguida, nesse caso pagará pelo retorno, pois retrocedeu em itinerário, não avançou, como o sistema permite. O cumprimento dos dois trajetos da integração tarifária é configurado no próprio equipamento, que tem essa previsão.

Todos os funcionários das empresas do transporte coletivo urbano passam por treinamento para aprender a lidar com os novos aparelhos. Em parceria com o Sest/Senat, o consórcio vai oferecer um curso para abordar não apenas de inovações tecnológicas, mas também de tratamento para com o público. São módulos de 40 horas, que iniciam em agosto.

Desde a assinatura do contrato com a prefeitura, reuniões e treinamentos marcam a rotina das centenas de pessoas envolvidas na operação do transporte coletivo urbano em Pelotas. A fiscalização central passou por qualificação coordenada pelo analista de implantação da Cittati, Ricardo Souza. Ele ensinou os fiscais a operarem o programa, que traz informações desde as garagens. Souza é de São Paulo e fez a captação de todos os pontos de parada de ônibus do município. Fez as configurações no sistema e acompanhará a fase inicial de operação.

A função no consórcio iniciou em janeiro, de acordo com Guimarães, quando foram adquiridos os veículos novos, as câmeras de monitoramento, a escolha dos chassis, as empresas de telemetria e a assinatura do contrato para a bilhetagem eletrônica e o monitoramento. Todos os funcionários do setor estarão cadastrados no sistema. Dados gerais e a programação de escalas e de folgas também podem ser acessadas pelo consórcio.

Expectativa dos usuários
Demora, ônibus cheios e ruas esburacadas.

Essas são as principais reclamações de quem usa ônibus todos os dias. Mas há esperança de uma melhora a partir do novo modelo de gestão. “O meu (ônibus) demora um monte”, reclama a vendedora Fabiane Calderipe, 32, que mora na Bom Jesus e trabalha no centro.

Para a manicure Aldamar Fonseca, 54, a morosidade também é o grande problema. O operador de máquinas Gilcimar Silveira, 38, está otimista com a integração tarifária, mas principalmente com a possibilidade de não ter que ficar muito tempo exposto nas paradas. O medo de assalto é o motivo. Já Lindomar Quintana, operador de estacionamento, 39, diverge: “Se as ruas não estiverem boas não adianta transporte eficiente”.

Linha da Colônia Z-3 só será licitada no certame para área rural
O CTCP quer manter sob sua gestão as linhas para a Colônia Z-3, Retiro e Posto Branco. No entanto, são consideradas rurais e ficaram fora desta licitação. “É uma coisa a resolver”, assinala o secretário executivo.

O diretor de transportes da Secretaria de Transporte e Trânsito, Paulo Osório, entretanto, afirma com segurança: as linhas rurais serão contempladas em outra concorrência pública e não neste ano. Só é considerada zona urbana a parte até o Balneário dos Prazeres, mas os trajetos continuarão a ser operados pelas empresas até a licitação para a colônia. 

A reportagem do Diário Popular fez de ônibus o trajeto Z-3/Centro. Estrada ruim e poucos horários são as reclamações dos usuários, segundo alguns depoimentos, como os da estudante Sandy Furtado, 16, e o açougueiro André Ayres, 37. Ocorre que durante a semana, fora dos horários de pico, o percurso só ganha movimento após o Laranjal e por isso mesmo não existem e nem devem ser acrescentados mais horários.

Conforme Ayres, fim de semana é trágico para ele, que mora na Z-3 e trabalha no Balneário dos Prazeres. “Se eu perder domingo o das 12h35, só às 14h55 posso voltar para casa”, conta. Motorista da linha há 23 anos, Carlos Pereira, 55, confirma: “Quando chove é horrível, principalmente a partir do Totó. A curva lá é resvalosa. É um risco que a gente corre. Tem que andar bem devagar. Esse carro (aponta para o ônibus que dirige) tem três anos e tá batendo tudo já”, acentua.

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