Atraso
Educação digital segue apenas no papel nas escolas gaúchas
Há pelo menos quatro anos rede estadual aguarda a conclusão de projetos que aproximam o ensino da web
Divulgação -
Netbooks para estudantes, tablets para professores. Desde 2012, diferentes projetos têm enviado às escolas gaúchas da rede estadual equipamentos capazes de tornar o processo educativo mais atrativo e digitalizado. Investimentos e ações iniciadas durante o mandato do ex-governador Tarso Genro (PT), em parceria com o Ministério da Educação, tendo continuidade com José Ivo Sartori (PMDB), e que acabaram emperrando em uma das mais importantes etapas: o fornecimento de internet. Mesmo com as instalações prontas, a rede nunca chegou e os programas têm funcionado de forma limitada, dentro das (poucas) possibilidades de cada educandário.
O cabeamento feito é extenso. Percorre a quase totalidade das escolas, passando, inclusive, por dentro das salas de aula. No Colégio Estadual Dom João Braga, o diretor Marcelo Denis conta que o processo de instalação chegou a mudar a rotina de professores, estudantes e funcionários. Para os educadores houve ainda cursos de capacitação. Tudo pouco aproveitado, já que a rede da escola não comporta o uso de tantos aparelhos de forma simultânea. Enquanto educador, Marcelo também recebeu o tablet, entregue exclusivamente aos professores do Ensino Médio, e diz que o material é preparado com aplicativos de acordo com cada área do conhecimento, mas acaba ficando em casa. “É uma pena, um dinheiro significativo jogado fora”, lamenta.
No Instituto Educacional Estadual Assis Brasil, a situação se repete. A vice-diretora Nara Cabral conta que os netbooks ainda são usados em função dos três pontos de internet que existem na escola, mas a rede instalada permanece inativa e limita a plena atividade dos programas como se pretendia.
De acordo com o diretor-geral do Cpers em Pelotas, professor Mauro Rogério Amaral, este é o cenário na grande maioria das unidades estaduais. Apesar do problema, afirma que o sindicato não tem registro de nenhuma denúncia por parte das direções. “Temos conhecimento, claro. As ações começaram no governo Tarso e depois, com a troca de gestão e as medidas de congelamento de verbas e repasses tomadas, acabaram inviabilizando a continuidade dos projetos.”
Seduc explica
Através da sua comunicação, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) alega que o problema é contratual. A gestão anterior contratou, segundo nota, a empresa de telefonia para fornecer internet e também foi responsável pela instalação da rede. No entanto, o valor cobrado foi considerado alto pelo serviço, considerado de baixa qualidade devido à conexão lenta. A situação levou à quebra de contrato com a empresa de telefonia. No momento, a Seduc estuda uma forma de contratar provedores que utilizem as estruturas já existentes ou cogita repassar recursos para que as próprias direções contratem o serviço a melhor custo-benefício.
Quanto aos programas, a Seduc nega que foram descontinuados. No ano passado, a pasta contemplou 15 municípios com 1.170 netbooks por meio do Laboratórios Móveis.
Programas
Província de São Pedro
O projeto planejava contemplar um computador para cada aluno e professor das escolas estaduais de Ensino Fundamental localizadas nos municípios da região de fronteira com o Uruguai e nas cidades da Região Metropolitana que desenvolvem o programa Territórios de Paz. O investimento foi de R$ 5,2 milhões.
Ensino Politécnico
Com a implementação do Ensino Politécnico nas escolas estaduais veio o projeto de entrega de tablets para 22 mil professores, em todo o Estado, que atendem os três anos finais. A ação integrou o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), do Ministério da Educação, e o Projeto Província de São Pedro, da Seduc, com um investimento de R$ 6 milhões do governo federal e R$ 4 milhões do governo estadual. Cada unidade da ferramenta tem o valor de R$ 462,49.
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