126 anos do Diário Popular
Em cada viagem, uma nova descoberta
Em roteiros realizados dentro e fora de Pelotas, a Melhor Idade alimenta um grande energia de viver a vida
Carlos Queiroz -
A expectativa de vida cada vez maior, associada à disponibilidade de tempo e à percepção de que há, sim, muito a descobrir ao longo da Melhor Idade, tornam os idosos, cada vez mais, um excelente público a explorar o turismo. E engana-se quem pensa que buscam apenas programações tranquilas, longe do agito.
Nesta edição especial de 126 anos, o Diário Popular traz dois belos exemplos, de quem tem se dividido entre explorar as belezas e as potencialidades de Pelotas como também definir novos rumos a tomar, Brasil afora. Ou, quem sabe, para além dos limites do país. Não importa o destino. Do essencial eles já têm convicção: não querem ficar parados, ainda que tenham de conhecer os companheiros de viagem durante a própria excursão. E ensinam: se o dinheiro é curto, mas a vontade de se movimentar é grande, canalize as economias em viver o hoje com qualidade. E viajar é um bom caminho.
Quem está acostumado tanto em traçar roteiros de viagens quanto em receber os visitantes que chegam a Pelotas, não tem dúvida: a Melhor Idade, há anos, aquece o setor no Brasil. “Hoje eles representam quase a metade da nossa movimentação”, afirma Andréa Chies, da Terrasul Turismo. E quando desembarcam em Pelotas pela primeira vez, não raro, é diante das pinturas do italiano Aldo Locatelli, na Catedral Metropolitana de São Francisco de Paula, que não conseguem disfarçar os olhares de encantamento - conta Josette Pereira. “São sempre momentos em que buscam memórias nas memórias dos demais. E qualquer viagem no tempo é válida”, destaca Andréa.
Disposição ela tem de sobra. Caminhadas diárias pelo calçadão do Laranjal, aulas de dança uma vez por semana e muita energia para experimentar novas aventuras. A pelotense Lila Maria Lopes Krüger, 66, sabe exatamente como quer viver: com uma boa dose de desafio. “O importante é sempre ir tentando um pouquinho mais, além do que a gente pode fazer”, resume.
E assim tem sido, todas as vezes em que a cirurgiã-dentista aposentada mira um novo lugar a conhecer. De preferência, roteiros não convencionais. Ao menos, não para turistas da Melhor Idade: o Deserto de Jalapão e as cachoeiras, no Tocantins; a Chapada das Mesas e as dunas, no Serrado do Maranhão; a Ilha de Marajó e o passeio de búfalo, em Belém... São memórias ricas de detalhes e muitos planos. A próxima parada, por exemplo, já tem inclusive data marcada. Será em 2 de setembro, quando Lila embarcará para Natal (Rio Grande do Norte) e Fortaleza (Ceará), onde passeios pelas praias em veículos tracionados prometem a adrenalina de que ela se alimenta, sempre antes de retornar para casa.
E ao conversar com o Diário Popular, logo, repete a resposta que tem apresentado a quem costuma convidá-la a visitar águas termais. “Pra esse tipo de lugar eu vou quando ficar velha”, descontrai. “Vou deixar pra me sentar quando as pernas não aguentarem mais.” Por isso, mantém o cuidado em investir no bom condicionamento físico, que garanta enfrentar as trilhas de que tanto gosta. Desde os tempos em que pesquisava, sonhava e assinava revistas de viagens para definir pontos em que, um dia, gostaria de pisar.
Viagens e amizade
O clima é sempre de contagem regressiva para arrumar as malas. De novo. Anna Sinara David, 75, Alzira Ribeiro, 59, e Neusa Madruga, 57, nem imaginavam a amizade que as aguardava. Ali mesmo, como passageiras de excursões em que embarcavam sozinhas. Desde 2013, entretanto, o trio já não se reúne apenas no ônibus. O “terminal turístico”, como brincam, passou a ser a casa da professora Anna Sinara, onde se encontram para bater papo, degustar algumas delícias e planejar os próximos pontos que marcarão no mapa, claro.
E, só em setembro, já existem três datas reservadas na agenda: dia 11, uma programação entre Cristal, Guaíba e Porto Alegre; dia 17, Rio de Janeiro, e dia 25, mais um passeio para prestigiar os recantos da zona rural de Pelotas. “Não buscamos apenas ver um lugar bonito. Nos interessa muito a história dos lugares”, resumem. E nessa busca por conhecimento e lazer, as amigas já desbravaram várias cidades: na região, no Estado, fora dele e também fora do país. São anos de diversão em grupo.
E agora, desde os primeiros meses de 2016, o trio virou quarteto. O bancário aposentado Arlindo Leitzke, 77, passou a incorporar os planos. Não só das viagens que estão por vir, mas dos muitos encontros em que se juntam para celebrar a vida. O momento? É hoje. A razão? É simples, preciosa e íntima. Basta querer ver.
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