Novo local
Em novo endereço, doceiras esperam pela redescoberta
Transferidas do Calçadão para a travessa Ismael Soares, comerciantes tradicionais sentem o impacto financeiro da queda de clientes
Jô Folha -
Um fim de ano mais amargo espera doceiras e doceiros do Calçadão de Pelotas. Após 18 anos eles foram removidos do local no início de dezembro e instalados na travessa Ismael Soares, entre as ruas Andrade Neves e 15 de Novembro. A mudança, rápida e causada pela instalação da loja Lebes no prédio Praça XV e pela futura requalificação do espaço, ainda não é de conhecimento total da população e tem causado sensível diminuição nas vendas.
Já se vão 32 anos desde que foi formada a Rua do Doce na cidade. Inicialmente na 7 de Setembro, ela migrou para a praça Coronel Pedro Osório e o Mercado Central de Pelotas até se fixar no Calçadão, perto da rua Lobo da Costa. Ali trabalhavam 12 pessoas distribuídas em seis bancas até o último dia 1º, quando veio a notícia de que deveriam se mudar para a travessa Ismael Soares.
O motivo, diz a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, foi duplo: primeiro a instalação da loja Lebes no antigo prédio Praça XV, em frente ao local onde doceiras e doceiros comercializavam seus produtos. “Graças a Deus aquela obra (da Lebes) se mexeu e está rendendo impostos e empregos para o município”, comenta o secretário Fernando Estima. A segunda justificativa é a obra que requalificará o Calçadão. Através de R$ 4,2 milhões do PAC Mobilidade Urbana o local receberá nova pavimentação, troca dos atuais ladrilhos hidráulicos e será aberto para o trânsito de veículos em baixa.
Para que doceiras e doceiros fossem transferidos do Calçadão a Lebes disponibilizou parte da estrutura, como mesas, cadeiras e guarda-sóis em frente às bancas na travessa. Pela prefeitura, até agora, foi colocada uma decoração de Natal e está para chegar uma placa que identifique o funcionamento, ali, da Rua do Doce. Há duas semanas na nova casa, entretanto, vendedores veem com apreensão os primeiros resultados. Se no Calçadão cada banca chegava a comercializar até mil doces por dia, na travessa Ismael Soares o número não passa de 350. O setor, que movimenta 200 empregos diretos e indiretos entre comerciantes, guardas e fornecedores, tem despesa mensal de R$ 2,5 mil por banca.
Divulgação
Para a doceira Sônia Clasen, 30 anos de banca, o problema está na divulgação. “As pessoas nos dizem que não sabiam que estávamos aqui. Em janeiro o Calçadão fica menos tempo com as lojas abertas, será pior. Mas estamos tentando, pintamos as paredes, conseguimos uma formiguinha junto à Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), vamos chamar um Papai Noel para o Natal”, comenta.
Estima, que se reuniu com as doceiras há dez dias, afirma ter havido muito respeito e consideração aos trabalhadores. “É uma opção aceita por eles. Não é anormal que uma empresa que mudou de endereço precise que as pessoas a redescubram. Estão bem ou melhor do que estavam em termos de condições. Há um piso, rufos de telhado e um material isolante térmico para diminuir o calor durante o verão, até pela preservação sanitária dos doces.”
Há, através do financiamento do PAC - Cidades Histórias, a proposta de transformar a Rua do Doce em uma atração turística via mudança para uma travessa Ismael Soares revitalizada e coberta. A iniciativa ainda não foi concretizada, segundo a Secretaria de Cultura, por trâmites na finalização da adequação das redes subterrâneas do local. Apesar dos cortes no orçamento federal, o impasse não é financeiro.
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