Mobilização
Estudantes fazem ato pela educação em Pelotas
Protesto de universitários criticou cortes orçamentários sofridos pelas instituições superiores
Lucas Kurz -
Sob gritos de ordem que exigiam educação como prioridade, centenas de estudantes, professores, servidores da área e comunidade em geral protestaram nesta terça-feira (18) contra a sequência de cortes orçamentários promovidos pelo governo federal nos últimos meses e que atingiu instituições de ensino superio. O grupo se concentrou no Largo Edmar Fetter, no Mercado Central, e depois, sob chuva, caminhou por algumas das principais ruas do Centro.
Um dos manifestantes foi o estudante de Direito da UFPel Pedro Mostardeiro, 22. Acompanhado de amigos, o jovem diz que saiu de casa para defender o ensino público. "O foco aqui é a educação. E não é de hoje que é o alvo de um projeto de desmonte. Venho em manifestações pela educação desde o meu primeiro ano de faculdade, em 2017, pois sempre é o mesmo ataque", disse.
A professora Maria Manuela Garcia, da Faculdade de Educação da UFPel, demonstrou preocupação com as universidades. "Estamos vivendo uma situação terrível para a educação pública. Sou professora na UFPel desde 1989, vivi um tempo onde a universidade era bastante elitizada. A universidade pública cresceu muito nos últimos governos. Eu passei a ter trabalhadores do comércio, de supermercado dentro da minha sala de aula. Eu vi esse processo de democratização, vi as classes populares terem acesso à UFPel", sustenta.
Entidades organizadoras
O ato desta terça foi realizado também em outros locais do pais e foi articulado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), localmente acolhido pela própria UFPel, associações de Docentes e de Servidores da UFPel (Adufpel e Asufpel), Sindicato dos Servidores do IFSul (Sinasefe), Sindicato dos Municipários (Simp) e dos professores estaduais (Cpers).
De acordo com a presidente da Adufpel, Regiana Wille, o ato se torna importante para que toda população saiba sobre a realidade financeira das instituições. Segundo ela, há precarização das condições de trabalho por conta da falta de recursos. Coordenador de ação do Sinasefe, Francilon Simões argumenta que as mobilizações são importantes para preservar a manutenção das instituições. "No nosso entendimento, se não fizermos a defesa das nossas instituições, o bloqueio voltará em 1º de novembro. Temos bem claro o quanto nossas instituições são fundamentais para nossa região", diz, referindo-se ao bloqueio anunciado no dia 5 de outubro e revertido no dia 7.
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Educação (MEC) para que comentasse sobre os atos estudantis em Pelotas e em todo o país, bem como as críticas às restrições orçamentárias. No entanto, não houve resposta até o fechamento desta edição.
Impacto nas contas
Mesmo com o último corte revertido, a situação financeira da UFPel não é boa. A instituição alega não ter recursos para arcar com as despesas até o final do ano e, por isso, uma série de restrições já foram promovidas, como a redução de terceirizados da manutenção predial. Somente este ano, os contingenciamentos representam cerca de R$ 4 milhões. No IFSul, o cenário não é muito diferente e os números também são de cerca de R$ 4 milhões.
Furg também se mobiliza
Durante a manhã, a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) se reuniu em frente ao pórtico de entrada do campus Carreiros para também protestar contra o aperto financeiro da instituição. À tarde, no Centro, no Largo Dr. Pio, promoveram um ato para dialogar com a comunidade e explicar sobre o que representa a queda de orçamento na instituição.
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