Saúde
Estudo aponta que oito em cada dez adultos relataram Covid longa
Coorte Pampa indica maior risco do efeito na população com insegurança alimentar; pesquisa alerta ainda para níveis elevados de depressão e ansiedade e aumento do tabagismo
Rodrigo Chagas - Ascom - DP - Voluntários que testaram positivo mais de uma vez tiveram mais sintomas de Covid longa
Realizada com mais de 13,7 mil participantes acompanhados desde o auge da primeira onda de Covid-19, em junho de 2020, a Coorte Pampa divulgou as informações mais recentes do estudo. De acordo com os dados obtidos por pesquisadores da UFPel em conjunto com a UFRGS, Furg e Brown University (EUA) após cinco coletas, os efeitos da pandemia sobre a população gaúcha permanecem na saúde física e mental, mesmo após três anos.
Um dos principais pontos apontados pela investigação científica compartilhada com autoridades de saúde municipais, regionais e estadual é a manutenção dos níveis elevados de ansiedade e depressão. Entre março e junho de 2020, foi observado um aumento de 7,4 vezes nos sintomas de ansiedade e de 6,6 vezes de depressão. Ao longo da pandemia, a Coorte observou leve queda nesses sintomas, que permanecem mais presentes entre as mulheres em relação aos homens, como durante toda a pandemia.
Atividade física
e tabagismo
Um ponto positivo apontado pelo acompanhamento é que a proporção de adultos fisicamente ativos (com pelo menos 150 minutos de atividade física por semana), que havia caído de 74,7% para 55,2% entre o período pré-pandemia e junho de 2020, e voltou a atingir os níveis pré-pandemia em ambos os sexos na coleta de dados mais recente da Coorte. No entanto, os pesquisadores identificaram leve aumento na disparidade entre sexos, com homens atingindo, em média, 69,7 minutos a mais de atividade física por semana que mulheres.
Por outro lado, chama atenção negativamente as informações sobre o tabagismo. Segundo a Coorte, a proporção de adultos que fumavam aumentou em ambos os sexos entre junho de 2021 e o mesmo mês de 2023. Há dois anos, 2,9% dos homens e 8,2% fumavam. Agora, estes índices saltaram para 5,4% dos homens e 9,7% mulheres acompanhadas pelo estudo.
Acesso aos
serviços de saúde
Pessoas com doenças crônicas tiveram o acesso aos serviços comprometido durante a pandemia, efeito que reduziu bastante recentemente. A proporção de pessoas que relataram dificuldade de acesso aos medicamentos prescritos caiu de 82,1% em junho de 2020 para 20,4% em 2023. No entanto, a Coorte aponta que um em cada cinco adultos gaúchos não consegue acessar todos os medicamentos prescritos para o controle da doença crônica. Além disso, o percentual de cidadãos que relatou pior controle da doença caiu de 44,2% em junho de 2020 para 6,5% em 2023.
Covid longa
O estudo indica ainda que oito em cada dez adultos relataram a presença da síndrome Covid longa, que se caracteriza pela persistência de sintomas pós-infecção. Os efeitos mais relatados foram cansaço (60,8%), problema de memória (50,8%), tosse (43,1%), dor de cabeça (41,0%) e perda de cabelo (37,9%). Os sintomas foram mais prevalentes em pessoas que tiveram Covid-19 mais de uma vez.
Outro fator associado a maior probabilidade de Covid longa foi o uso de cigarros eletrônicos, que resultaram em probabilidade maior para a presença de sintomas respiratórios (17%) e neurológicos (27%). Os resultados foram controlados para o uso de cigarros tradicionais.
O estudo ressalta ainda que a proporção de adultos em insegurança alimentar apresentou queda entre junho de 2022 (25,9%) e 2023 (21,6%). Ainda assim, pessoas com algum nível de insegurança alimentar apresentaram risco 28% maior para sintomas neurológicos e 6,3% para sintomas respiratórios.
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