Saúde

Estudo relaciona doença bucal com obesidade

De acordo com a tese de doutorado da UFPel, que irá receber nesta quarta o Prêmio Capes em Brasília, pessoas obesas são mais propensas a desenvolverem periodontite

Um estudo pioneiro e que propõe um novo olhar à área de saúde bucal, desenvolvido em Pelotas, ganha nesta quarta-feira (14) olhares nacionais. A tese de doutorado de Gustavo Nascimento pelo programa de pós-graduação em Odontologia, realizado em parceria com a Epidemiologia, ambos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que aborda a relação entre obesidade e as doenças periodontais, aquelas que ocorrem na gengiva, recebe o Prêmio Capes de Teses, em Brasília. Este é o segundo ano consecutivo que o programa vence a premiação e terceiro nos últimos seis anos.

O trabalho de Gustavo, orientado pelo professor de ambos o programas de pós-graduação, Flávio Demarco, utilizou as informações da coorte de nascidos vivos de 1982 e analisou as pessoas que eram obesas ou que tinham apresentado episódios de obesidade em quatro momentos: aos quatro, 15, 24 e 30 anos. Com a pesquisa, pode-se concluir que estas pessoas são mais propensas a desenvolverem periodontite do que as não obesas. Este fator é superior, até mesmo, ao cigarro. Nascimento explica que diversos grupos de risco foram combinados para calcularem as possibilidades e inferiu-se que uma pessoa obesa, fumante, que consuma álcool e tenha uma dieta rica em gordura e carboidratos tem 62% mais chance de desenvolver doenças periodontais. “Com isto, podemos ver que o papel do dentista não é odontológico, nem passar apenas instruções de higiene bucal, mas sim estar atento a outros aspectos, atuar em equipe, enxergar cada caso de forma singular”, diz Nascimento.

Para Demarco, o estudo oferece uma visão holística, algo pouco explorado dentro da odontologia e que traz visões novas e necessárias aos profissionais. “Quando eu estou ciente da relação entre os fatores de risco, talvez eu tenha que pensar em uma abordagem diferente porque isto pode impactar no tratamento e nos resultados esperados. As doenças bucais não podem ser tratadas de forma isolada.” Já o orientando destaca a importância da mudança de postura. “A periodontite é importante do ponto de vista odontológico porque ela leva à perda do dente, mas ela também é fator de risco para doenças cardiovasculares, prematuridade e baixo peso ao nascer, diabetes, artrite, entre outras, e isto precisa ser considerado.”

A pesquisa é composta por seis artigos, três de revisão e três originais, todos já aceitos e publicados, e foi construída em equipe, além de um grupo de orientação. A cerimônia de premiação ocorre em Brasília, na sede da Capes.

Entenda
Há duas possíveis ligações entre a obesidade e a periodontite, de acordo com o estudo:

Comportamental
Pessoas obesas tendem a ter uma autoimagem distorcida e um cuidado com a saúde mais negligenciado, por isto, podendo não manter uma escovação regular e outros hábitos de higiene bucal em dia

Biológica
A obesidade é caracterizada por um acúmulo de tecido adiposo principalmente na região da cintura. Conforme se vai engordando, as células destes tecidos crescem e começam a liberar na corrente sanguínea citocinas inflamatórias. Com este tecido expandindo, os vasos sanguíneos que estão entre essas células começam a ser comprimidos e acaba a circulação, causando a morte de algumas células por falta de nutrientes, o que exacerba o processo inflamatório. Assim, o corpo fica exposto a uma inflamação e tem o sistema imunológico afetado, alterando também a forma como esse organismo vai responder a outros processos infecciosos, como a periodontite.

 

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