Habitação

Evento debate soluções para diminuir o déficit habitacional na região

A atividade de ocorrência nacional tem o objetivo de abordar os diversos eixos que podem promover melhores condições de moradia

Foto: Carlos Queiroz - DP - Moradias, como na localidade da Doquinhas, próximo ao canal São Gonçalo, estão em situação precária

Dedicado ao debate e à busca por iniciativas para mitigar a problemática da falta de moradia adequada, a 2ª edição da Virada da Habitação será realizada sábado em Pelotas e Rio Grande. O encontro deste ano acontece simultaneamente em 14 cidades do País e tem como principal pauta o déficit habitacional qualitativo, bem como a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida. Somente em Pelotas, a falta de condições adequadas atinge 48 mil domicílios. No Município, o evento será sediado no Campus I da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), às 13h30min.

Organizada pelo programa de extensão "Sustentabilidade no Habitat Social" do curso de Arquitetura e Urbanismo, a atividade conta com a participação de diversos setores da sociedade e em Pelotas ocorre pela segunda vez. A Virada da Habitação surgiu a partir do isolamento social, que expôs em maior escala um problema presente em todo o Brasil: o déficit habitacional. Conforme a professora Joseane Almeida, coordenadora do programa da UCPel, geralmente o debate sobre a questão é voltado à construção de novas casas como solução para o problema, o que não resolve a questão da falta de infraestrutura dos imóveis já existentes. "Fica faltando investimento nessa parcela grande com moradia inadequada", destaca.

Neste sentido, o evento tem como foco o debate sobre iniciativas para viabilizar no Município a assistência técnica a residências que carecem de condições apropriadas de moradia. A coordenadora ressalta também que uma boa política habitacional é composta de diversas questões complexas, incluindo a regularização fundiária e a destinação de imóveis ociosos. "Aproveitar imóveis vazios que não estão cumprindo uma função social melhora a condição de habitação e também o planejamento urbano da cidade", diz. Além disso, Josiane argumenta que a ocupação tem vantagens como menor valor de custeio, o reaproveitamento de infraestruturas, assim como evita o deslocamento de famílias para áreas na periferia. "As construções são nesses locais porque é onde tem terreno vazio e barato".

Demora na regularização
Para a professora, a prefeitura tem tido uma atuação notável na promoção da regularização fundiária. Entretanto, esse processo tem sido demorado e ainda carente ações atreladas a melhorias de infraestrutura das moradias. "Em dez anos conseguiu regularizar 60 núcleos e ainda faltam 140, olha o tempo que isso leva", comenta.

Quem vive a realidade do déficit habitacional
Assim como em diversas outras localidades, na Doquinhas, próximo ao canal São Gonçalo, não é difícil encontrar moradias sem o mínimo de infraestrutura adequada. As dificuldades enfrentadas rotineiramente são diversas, o que geralmente, é intensificado em período de chuva. Isso é o que conta a confeiteira Adriane Campos Belo. Ao enumerar os problemas, ela relata que os problemas mais graves são no quarto dos dois filhos pequenos e na cozinha. "A casa da vizinha está vazando água e entra tudo para o quarto. na minha cozinha chove que nem na rua".

No entanto, Adriane pondera que ainda há vizinhos que têm as casas em situações mais precárias ainda que a dela. Uma dessas pessoas é a dona de casa Elizete Pires, 57 anos. "Problemas na minha casa tem todos, ela foi feita de forrinho e está tudo caindo". Morando no local há 11 anos, ela diz que há algum tempo a estrutura da pequena residência está corrompida, mas que não há condições financeiras para reforma ou para o deslocamento para uma residência com mais segurança de moradia. "Eu já pedi e disseram que não podem ajudar porque é uma área de risco, eu concordo, mas onde eu tenho para morar".

Possíveis soluções
Ao final da Virada da Habitação, o que for debatido e as possíveis soluções a nível municipal serão elencadas em um documento para envio à Prefeitura. Já em âmbito nacional, o grupo pretende reunir as contribuições das 14 cidades para a elaboração de um relatório reivindicando que seja incluído no MCMV uma modalidade voltada às melhorias habitacionais.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Amparho se mobiliza para continuar uso de cannabis medicinal em autistas Anterior

Amparho se mobiliza para continuar uso de cannabis medicinal em autistas

No Brasil, 11 milhões de mulheres criam sozinhas os filhos Próximo

No Brasil, 11 milhões de mulheres criam sozinhas os filhos

Deixe seu comentário