Em março de 2015, um encontro entre pescadores e políticos definiu pautas locais a serem entregues ao governo federal. Na época, os pedidos de ampliação do seguro-defeso e flexibilização do calendário da pesca na Lagoa dos Patos foram os assuntos principais. Porém, os pedidos receberam negativa. “A informação que a gente tem é que seria impossível e iria contra a lei”, afirma Nilton Machado, presidente do Fórum da Lagoa.

Para pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), a quebra de safra de camarão e corvina acontece por motivos distintos. Dois laudos apresentados pelo Instituto de Oceanologia foram utilizados para subsidiar os decretos de situação de emergência, no último ano. Nas análises destinadas ao desenvolvimento do camarão, o pesquisador Fernando D’Incao indicou que a influência do fenômeno El Niño - com maior incidência de chuvas - impede o processo de salinização.

O aumento de precipitações impossibilita a entrada de águas marinhas para o estuário da Lagoa dos Patos. Como a reprodução das espécies de camarão acontece no oceano, as larvas não conseguem chegar até a água doce, portanto, diminuindo o desenvolvimento dos crustáceos.

No caso da corvina, o processo de extinção é ocasionado, justamente, pela intensificação da pesca predatória. O documento assinado por Manuel Haimovici e Luís Cardoso apontou a pesca fora do período permitido e o uso do arrasto de parelha como fatores determinantes para a queda na produção desse pescado.