Neste fim de semana, a primavera pelotense fica ainda mais colorida e perfumada com o tradicional Festival das Flores organizado pela Catedral Anglicana do Redentor. Prestes a completar 113 anos de vida, a catedral, popularmente conhecida como Igreja Cabeluda, recebe a 25ª edição do evento, que ocorre neste sábado (15) e domingo (16), das 10h às 18h.

Além da exposição de flores, o evento também promove apresentações musicais, chá, tortas e bazar. Realizado desde 1997 em Pelotas, o festival é inspirado nas igrejas anglicanas da Europa, onde a realização do evento é uma prática comum em alusão ao início da primavera. "É como celebrar a vida e a criação através das flores e da primavera", explica a reverenda Dilce Paiva. Desde o ano passado, uma das novidades do evento é que os arranjos, feitos pela comunidade da igreja, poderão ser adquiridos pelos visitantes por um baixo custo.

A expectativa é de que 70 arranjos sejam expostos este ano. Para a voluntária e integrante da Paróquia Santíssima Trindade, Luci Heres, 72, que participa da confecção de arranjos para o festival há mais de 20 anos, o trabalho é encarado com alegria. "É muito agradável fazer isso. No início, quando a gente vê aquela quantidade de flores nos baldes, não sabemos nem por onde começar. Depois, tudo flui e é muito gratificante ver o resultado".

A celebração deste ano marca, também, uma espécie de retomada do festival já que, por conta da pandemia, o evento não aconteceu em 2020 e, no ano passado, foi realizado em uma versão reduzida. Segundo a reverenda, cerca de 700 pessoas passaram pela comemoração em 2021. Este ano, com o retorno da programação completa, a expectativa é de mais movimento no local. "A gente espera que seja melhor, principalmente por conta da volta das apresentações musicais".

O evento possui entrada gratuita e será realizado na Catedral Anglicana do Redentor, localizada na esquina entre as ruas General Telles e Quinze de Novembro.

113 anos de história
Tradicionalmente realizado no terceiro fim de semana de outubro, o Festival das Flores deste ano também coincide com o aniversário da Catedral, celebrado na próxima segunda-feira. Inaugurada em 1909, a construção é um patrimônio histórico, cultural e paisagístico dos pelotenses.

A chegada de mais um aniversário celebra a história centenária da Catedral, mas também traz preocupações com o futuro da estrutura. Danificada pela ação do tempo, a construção já possui liberação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para realizar as obras. No entanto, o projeto de restauro, que começou a ser elaborado em 2020, ainda não foi implementado pela falta de patrocinador.

Desde sua inauguração, a igreja nunca passou por uma intervenção profunda, apenas por manutenções e reparações pontuais. No início deste ano, por exemplo, a igreja realizou uma vaquinha virtual para custear o reparo de goteiras. A reverenda explica que essa é, inclusive, a causa para a ausência da hera, planta característica das paredes da catedral, em uma de suas partes. "Precisamos tirar a hera porque eram as raízes que estavam entupindo as calhas e causando a entrada de água durante a chuva".

Atualmente, um dos salões da igreja, a êxedra, já se encontra interditado por conta do comprometimento do telhado. "Os problemas estruturais continuam, tudo que fizemos foi paliativo", relata Dilce. O custo total do projeto de restauro é estimado em cerca de R$ 2,5 milhões, valor que pode ser destinado para a restauração através de leis de incentivo à Cultura federais ou estaduais.