Carnaval 2017
Folia segue nesta segunda-feira na Passarela do Samba
Blocos infantis, escolas mirins e do Grupo Especial entram em cena, mas sem concurso; desfiles vão até a madrugada desta terça
Paulo Rossi -
O ponto alto do Carnaval de Pelotas está marcado para esta segunda-feira (27). Entram na passarela blocos infantis, escolas de samba mirins e escolas do Grupo Especial. Em nenhuma das categorias haverá concurso. E, embora a programação oficial não tenha sequer chegado ao fim, o momento já é de projeções para 2018. Um ano que, de novo, deve contar com a folia dentro e fora da estrutura montada na zona do Porto. O Carnaval espontâneo, de rua, no formato família reunida, também voltou a espalhar alegria. Não faltaram sorrisos, purpurina, confete e um tanto de imaginação para criar fantasias e coreografias.
Foi um pouco do que se viu ontem, durante o desfile do Bloco do Mapa, que saiu pelo segundo ano consecutivo. O local: a rua 15 de Novembro. O objetivo? Usar o resgate dos velhos carnavais para dar eco a uma mensagem: a música educa. Era o dizer nas camisetas. É também o alvo de um trabalho que começou no Cruzeiro - no bairro Areal - há cerca de 30 anos, passou a se espalhar por outras localidades, em formato de oficinas gratuitas de sopro, e agora se converte em bloco carnavalesco: “Queremos tirar crianças e adolescentes da zona de vulnerabilidade social e mostrar que existem outros caminhos”, destaca a diretora Jaqueline Santos.
E, ontem, o idealizador, José Cícero, o Mapa do Trombone, reforçava: “A música é um grande veículo”. Uma lição assimilada com a mãe Maria Eloá, acordeonista, e repassada ao filho José Cícero Júnior, de dez anos de idade. Uma verdade que ganhava força a cada cidadão que cruzava, aos risos, a 15 de Novembro. De preferência pela sombra, para espantar a sensação térmica de 31,9ºC.
Empolgação, literalmente
Como ocorre há mais de três décadas, a Banda Empolgação foi a primeira a pisar na Passarela do Samba, tão logo a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) fez a entrega da chave da cidade ao Rei Momo, Márcio Dias, às 17h28min; com quase uma hora de atraso. Era o anúncio de que a folia estava liberada.
E foi, exatamente, assim que entendeu a doméstica Maria Regina Almeida, 61. Ao lado do marido Valdir Nunes, 76, ela ajudava a abrir o desfile, com um largo sorriso no rosto. “Viemos para nos divertir. Saímos sempre com a Empolgação”, contou, e, animada, empurrava o companheiro em um carrinho de bebê, munida de uma chupeta gigante. Afinal, Carnaval também é isso: momento de soltar a criatividade.
Cenários diferentes, diversão igual
Na área central, marchinhas que marcaram época e sambas-enredo que ficaram na memória integraram a trilha musical da manhã de sábado. O Bloco União Democrata ajudou a comandar a diversão e levou 120 anos de história para rua. Os 50 instrumentistas - entre sopro e percussão - passaram a ser acompanhados pelo público, no Calçadão. Foi o caso da aposentada Noeli Espíndola, 80, que fez questão de segui-los até o largo Edmar Fetter. “Lembro quando muitos deles eram jovens”, descontraiu a admiradora.
E foi assim durante todo o percurso. Consumidores parados para assistir. Comerciários na porta das lojas para se juntar ao cordão. Celulares ao alto para fotos e vídeos. Canteiros e bancos viraram camarote. E muita gente caiu no samba, como o vendedor ambulante Fernando Ferreira, 66, que espontaneamente criou coreografia com o chapéu. “Adoro Carnaval”, resumiu, antes de seguir caminho.
Brincadeira e crítica
O projeto de extensão Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua, desenvolvido ao longo de 2016 no Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), ultrapassou os limites da instituição e partiu à prática: veio, literalmente, para a rua, com o reforço de parte da bateria da Escola Academia do Samba.
Camisetas com os dizeres “Impeachment sem crime é golpe. Volta Dilma” e o estandarte “Anula o golpe” chamavam a atenção. “O Carnaval sempre foi um espaço para brincadeira, mas também de mobilização”, ressalta o professor Manoel Porto Júnior, um dos coordenadores do projeto. Ficava, portanto, o convite à descontração saudável neste feriadão.
Saiba mais
A palavra da Assecap: ao conversar com o Diário Popular, na tarde de ontem, o presidente da Assecap, Roberto Martinez Nunes, destacou que a intenção para a festa, em 2018, é a retomada do Carnaval espetáculo, com concurso, em duas categorias: Escolas de Samba do Grupo Especial e Escolas de Samba Mirins. A aprovação de projeto via leis de incentivo à cultura, para busca de recursos e parcerias com a iniciativa privada, será um dos desafios. A conscientização com a comunidade, inclusive, já começou. “Muitas vezes as entidades ficaram esperando pela verba da prefeitura.” Daqui para frente, portanto, a busca por autonomia deve ser intensificada. E o objetivo, admite: é tornar o Carnaval de Pelotas “mais vendável”.
A posição da prefeita: ao se manifestar, antes de se juntar aos foliões na Banda Empolgação, Paula Mascarenhas (PSDB) enfatizou a organização integral da Associação dos Carnavalescos de Pelotas e adiantou os planos para 2018: “Queremos buscar recurso fora para enriquecer a estrutura deste Carnaval aqui (na passarela) e também investir nos editais, que garantam o Carnaval espontâneo, de rua, e possa atrair turistas”.
A programação desta segunda-feira na passarela
19h: Bloco Infantil Super Pateta
20h: Bloco Infantil Pica-Pau
21h: Escola de Samba Mirim Ramirinho
22h: Escola de Samba Mirim Anjos do Lar
23h: Escola de Samba Mirim Mickey
24h: Escola Academia do Samba
1h10min: Escola Unidos do Fragata
2h20min: Escola General Teles
Ingressos
Cadeiras: R$ 10,00
Mesa para quatro lugares: R$ 50,00
Bilhetes populares, com espaço atrás da tela de contenção: R$ 5,00
A bilheteria, no local, estará aberta a partir das 17h
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